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Roberto Bettega, o goleador sete vezes campeão italiano da Juve

Nascido na periferia de Turim no ano de 1950, Roberto Bettega herdou do pai a paixão pela Juventus. Desde que foi a um estádio pela primeira vez, para ver a Juve do pai Raimondo vencer o Torino no dérbi da cidade, o pequeno Roberto se apaixonou pelo futebol e pela squadra bianconera, contou o próprio a um diário italiano.

A partir daquele momento, Bettega dividia sua vida entre escola e futebol. Sua juventude inteira passou-se nos campos de treinamento de seu time do coração, perto de casa. Só aos 18 anos, o menino saiu dos braços da família. Mas foi por um bom motivo: com o futebol do garoto em boa ascensão, os comandantes da Juve acharam que era hora de começar sua carreira profissional e o mandaram, por empréstimo, para o Varese, da segunda divisão nacional.

Na Lombardia, jogou sob o comando do histórico Nils Liedholm e mostrou logo a que veio: com 13 gols, foi o artilheiro do campeonato e peça fundamental para dar ao Varese o acesso à Serie A. A boa campanha levou o atacante de volta para Turim, onde estrearia pela Juve, ainda em 1970. Até hoje, Bettega considera fundamental essa sua passagem pelo Varese, exaltando como foi importante trabalhar com Liedholm e atribuindo a ele sua grande habilidade para cabecear.

Era época de renovação na Juventus e Bettega chegou para jogar ao lado de nomes ainda desconhecidos, como Franco Causio e Claudio Gentile. Com um time muito renovado, os bianconeri acabaram apenas na quarta posição daquele campeonato, mas com mais uma bela apresentação de Bettega, que somou 13 gols. A eficiência do atacante já se tornava imprescindível para a equipe, que viu Giampiero Boniperti assumir a presidência, antes do início da temporada 1971-72.

Cabeçada fulminante e título no bolso: Bettega brilhou na final que marcou a primeira conquista internacional da Juve (LaPresse)

O então presidente decidiu continuar com a política de apostar nos jovens e colocou o treinador tcheco Cestmir Vycpálek à frente do time. Dessa vez, deu certo: a Juve sagrou-se campeã italiana daquela temporada. Bettega fez grande início de torneio, somando 10 gols em 14 jogos, mas pegou tuberculose e ficou fora dos gramados por oito meses, perdendo a segunda metade do campeonato e o início da stagione seguinte.

Voltou em setembro de 1972 com atuações abaixo do esperado, mas ainda assim adicionou ao currículo mais um título italiano, além de ter visto seu time chegar a sua primeira decisão de Liga dos Campeões, em 30 de maio de 1973. Derrota para o Ajax. Nessa temporada, jogou ao lado do ítalo-brasileiro José Altafini.

Depois de mais um ano ruim para Bettega e um vice-campeonato italiano, a Juve voltou ao topo na temporada 1974-75, levantando mais um scudetto. Agora, já com diversos futuros campeões, como Zoff, Gentile, Scirea e Causio, consagrados na Copa de 1982, na Espanha.

Bobby Gol, como passou a ser chamado pela torcida bianconera mais tarde, vinha recuperando sua velha forma e fez sua estreia na seleção italiana dia 5 de junho, em um jogo contra a Finlândia. Era um início tardio na azzurra, já com 25 anos, mas, ao mesmo tempo, um prêmio para o jovem que só não chegou antes ao posto maior do futebol nacional porque esteve doente durante quase um ano, em 1972.

Bettega disputou a Copa do Mundo de 1978 (imago)

Com a chegada de Giovanni Trapattoni, em 1976, iniciava-se um ciclo vitorioso de quase dez anos. O presidente Boniperti abraçou o projeto do técnico, que priorizava um futebol forte fisicamente, e cedeu ao Milan Fabio Capello, em troca de Romeo Benetti, enquanto adquiriu da Inter o atacante Roberto Boninsegna, em troca de Anastasi.

Bettega chegou ao auge de sua carreira, disputando todos os jogos daquela temporada, marcando 17 gols, e tornando-se fundamental para aquela conquista histórica, que viu a Juve alcançar 51 pontos, em um total de 60 disputados. Foi também o ano da primeira conquista internacional da Juve, em vitória sobre o Athletic Bilbao, na final da Copa da Uefa. Bobby Gol marcou cinco, incluindo um na final.

Agora, Bettega era um dos homens de confiança da nazionale de Enzo Bearzot. Nos jogos que antecederam a Copa de 1978, marcou incríveis 16 gols em 19 jogos. Antes da Copa, conquistou ainda, com a Juve, mais um scudetto, em outra campanha memorável, mas que teve como grande nome Paolo Rossi, revelação incontestável do futebol italiano. Tanto que foi o companheiro de ataque de Bettega na Argentina, em 1978, quando a Itália perdeu a decisão de terceiro lugar para o Brasil. No mesmo ano, Bettega ficou em quarto lugar na disputa pela Bola de Ouro da France Football.

Nas duas temporadas seguintes, o agora apelidado Penna Bianca teve que se contentar com um título da Copa Itália e a artilharia da Serie A de 1980, já que os scudetti desses anos ficaram com Milan e Inter. A Juve só voltaria a vencer em 1981, quando Trapattoni usou pela primeira vez um regista autentico: o irlandês Liam Brady. O esquema de alguma forma desfavoreceu o atacante juventino, que marcou apenas cinco gols naquela temporada.

O Penna Bianca é um dos maiores símbolos da Juventus em sua história (imago/Kicker/Liedel)

O ano seguinte começou muito bem para Bettega, que começava a se encaixar no sistema de jogo com um regista, e para a Juve, que estava na ponta da Serie A e fazia bela campanha na Liga dos Campeões. Porém, nas oitavas-de-final da competição, contra o Anderlecht, Bettega sofreu uma lesão gravíssima no joelho, após trombada forte com o goleiro Jacky Munaron, e ficou de fora do resto do campeonato. A Juve acabou eliminada. Por causa da lesão, Bobby Gol ficou de fora também do grupo que venceu a Copa de 1982.

Quando pôde voltar a jogar, na temporada 1982-83, a Juve já contava com o jovem Platini no meio, Boniek usando a camisa 11 e Paolo Rossi como centroavante titular. Bettegga, prestes a completar 33 anos, amargurou o banco de reservas por algum tempo, até Trapattoni perceber que poderia utilizá-lo mais recuado. Mais atrás, il Penna Bianca rendeu bem e ajudou a Juve a chegar a mais uma final de Liga dos Campeões. Dessa vez, contra o Hamburgo. A derrota em Atenas foi a última partida de Bettega vestindo bianconero. Depois daquilo, foi exibir seu futebol na Liga Norte-Americana, pelo Toronto Blizzard, do Canadá.

Roberto Bettega encerrou sua carreira na Juve depois de 481 jogos oficiais e 178 gols, tornando-se o quarto jogador que mais vezes atuou pelo time de Turim e o terceiro maior artilheiro da história do clube, atrás de Del Piero (262) e Boniperti (182), apenas. Em 1994, foi convidado para o cargo de vice-presidente da Juventus, pela família Agnelli. Aceitou e permaneceu no posto até 2006, quando esteve envolvido no Calciopoli. Em dezembro de 2009, depois de absolvido, voltou para a diretoria do clube, onde ocupa o cargo de vice-diretor geral.

Roberto Bettega

Nascimento: 27 de dezembro de 1950, em Turim, Itália
Posição: atacante
Clubes: Varese (1969-1970), Juventus (1970-1983) e Toronto Blizzard (1883-1984)
Seleção italiana: 42 jogos, 19 gols
Títulos: Campeonato Italiano (1972, 1973, 1975, 1977, 1978, 1981 e 1982), Coppa Italia (1979 e 1983) e Copa da Uefa (1977)

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