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Os cinco times da Lazio

Zárate abraça Kolarov, dois que podem ser vendidos. Firmani abraça Del Nero,
dois que devem ser dispensados. Na Lazio, já é hora para despedidas (Getty Images)

Esqueça a polêmica criada em torno da vitória da Inter, neste domingo. Assunto inútil, como bem defendido por Leonardo Bertozzi. Assim sendo, é possível começar uma discussão mais interessante sobre a Lazio: Claudio Lotito sempre foi dado à centralização de poderes no futebol de seu time. Até por isso, abriu espaço para o ex-atacante Igli Tare assumir como diretor esportivo no clube. O albanês seria responsável, basicamente, pela ligação entre diretoria, treinador e elenco, com pouca liberdade em escolhas de mercado. Neste ambiente também entra Angelo Crialesi, auxiliar de Delio Rossi na temporada passada e agora colaborador técnico com a função principal de amaciar os jovens da base laziale para o elenco principal.

Com o time a um empate de confirmar sua manutenção na Serie A, faltando dois jogos para o fim do campeonato, a próxima temporada já deve ser planejada para evitar o que aconteceu nesta: o começo com o título da Supercoppa que quase virou tragédia com a ameaça do rebaixamento sempre à porta. Os planos têm de começar a partir das amarras contratuais. Entre o atual elenco e os emprestados, são 42 jogadores ligados à Lazio. Só no retiro pré-temporada em Auronzo di Cadore, há nove meses, eram quarenta. Além destes, podem entrar na conta outros dez que estouram o limite de idade no time primavera e terão de ser promovidos, mesmo para um empréstimo posterior. Quase cinco times completos.

Acima de tudo, são 52 nomes que fazem parte do patrimônio societário e que devem ser geridos com muita calma para evitar problemas como o que fez Pandev deixar o clube de graça em janeiro, mesmo caminho que Ledesma quase trilhou. Má gestão que fará a Lazio perder o zagueiro Marco Faraoni, 19 anos, um dos maiores talentos da base biancoceleste no último ano, mas que termina seu contrato em julho. Lotito demorou demais para blindá-lo e irá perdê-lo, provavelmente para a Inter. Ainda na questão de jovens, o goleiro Iannarilli certamente será emprestado, enquanto Berardi deverá ser a terceira opção de Edy Reja. O caminho dos empréstimos (ou da co-propriedade) também deve ser trilhado pelos talentosos Cavanda, Cinelli, Mancini, Sevieri, Sciamanna e Luciani. A incógnita fica para o atacante uruguaio Barreto, vice-artilheiro do último Sul-Americano Sub-17, que treina com o time de cima, mas ainda não foi utilizado pelo treinador.

Em curto prazo, os maiores problemas seguem no elenco principal. Num ano marcado por dissidências, discussões e decisões judiciais, ficou claro o exagero no tamanho do plantel da Lazio, evidenciado por uma folha de pagamentos grande demais para a prometida refundação da sociedade. Para o presidente Lotito, é a prova do erro nos últimos anos de seus seis de gestão, tanto em parâmetros financeiros quanto técnicos e esportivos. Para quem se viu numa Liga dos Campeões há tão pouco tempo, a luta contra o rebaixamento assusta. E para fazer compras, desta vez, a Lazio também precisará vender. Ainda que isso possa custar Kolarov ou Ledesma, ambos de permanência duvidosa em Roma, e que podem representar a diferença entre algumas posições na tabela.

Além de Faraoni, mais quatro jogadores ficam sem contrato em julho: Baronio, Dabo, Hitzlsperger e Siviglia. Só o primeiro deve continuar em Formello. No ataque, Zárate parte como prioridade para recuperar a moral e a valorização, evitando que o argentino saia pela porta dos fundos nos próximos meses. Por outro lado, os 9 milhões de euros previstos para o resgate de Floccari podem ser um valor alto demais, ainda que o jogador tenha correspondido em campo. Reja ainda deve apostar em Matuzalém e Foggia, dupla que não pôde utilizar por completo por conta das lesões. Na defesa, Stendardo, André Dias e Radu já são intocáveis, assim como o capitão Rocchi e seu vice, Brocchi. Entre os titulares com contrato que se encerram em 2011, Mauri e Muslera já estariam próximos de um acordo, enquanto a questão com Ledesma é mais complicada.

Para garantir mais área de respiro na folha salarial e mesmo no espaço físico de Formello, alguns nomes inexplicáveis devem finalmente deixar o clube, como Berni, Bonetto, Del Nero, Inzaghi, Manfredini e Makinwa. Cruz, Diakité, Firmani e Scaloni também estão em situação delicada. E ainda há os jogadores que retornam de empréstimo, como o goleiro Carrizo, que não foi bem no Zaragoza e deve voltar para o River Plate. Cribari e Zauri são incógnitas, em especial o ex-capitão, que deixou o clube dois há anos por problemas no vestiário. Artipoli, Correa, Eliseu e Quadri não devem nem voltar a treinar em biancoceleste. E também resta a dúvida em relação aos jovens que saíram para ganhar experiência, casos de Mendicino, Kozák e Tuia – além daquela sobre o remédio que Lotito deverá usar para fazer passar tanta dor de cabeça.

Os 52 pontos de interrogação da Lazio
Goleiros: Berni, Bizzarri, Carrizo e Muslera.
Defensores: André Dias, Artipoli, Biava, Bonetto, Cribari, Diakité, Kolarov, Lichtsteiner, Radu, Scaloni, Siviglia, Stendardo, Tuia e Zauri.
Meio-campistas: Brocchi, Correa, Dabo, Del Nero, Eliseu, Firmani, Hitzlsperger, Ledesma, Manfredini, Matuzalém, Mauri, Meghni, Perpetuini e Quadri.
Atacantes: Barreto, Cruz, Floccari, Foggia, Inzaghi, Makinwa, Mendicino, Rocchi, Zárate e Kozák.
Jovens da base: Adeleke, Berardi, Cavanda, Di Mario, Faraoni, Iannarilli, Luciani, Mancini, Sciamanna e Sevieri.

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