Serie A

Guia do Campeonato Italiano: Serie A 2010-11

Pentacampeã Inter venceu tudo em 2009-10. Alguém vai encarar? (Getty Images)

Neste sábado, a Serie A recomeça com algumas mudanças plásticas. Você verá uma câmera na saída dos vestiários durante o pré-jogo e menos replays de lances duvidosos. Em campo, na parte de cima, algo não muda: a Internazionale vai para seu terceiro treinador desde o calciopoli, mas parece não sentir. Rafa Benítez segurou a base de José Mourinho e manteve o superfavoritismo do clube. Se alguém parece em condições de incomodar o reinado nerazzurro, é a revivida Juventus, que contratou quase um time inteiro para ser titular. Roma e Milan correm por fora, cada qual com sua expectativa de mercado: há quem espere Burdisso, há quem espere Ibrahimovic.

Mas a Serie A continua um dos campeonatos mais disputados entre as grandes ligas. É impensável que haja um campeão com 100 pontos ou algum time que saia distribuindo goleadas, como é de praxe no futebol inglês ou espanhol. Para este ano, mais clubes continuaram se reforçando e vão causar ainda mais problemas para os quatro que dominaram a liga na última década. É o caso da Sampdoria, do Napoli, do Genoa, do Palermo, da Fiorentina, da Lazio. E dá para considerar vitória certa os jogos em Parma, Údine e Catânia? Confira o guia com os 20 clubes da Serie A e faça seus prognósticos. Já vai começar!

Atenção! Guia atualizado após o fechamento da janela de transferências, no dia 31 de agosto de 2010.

BARI
Cidade: Bari (Apúlia)
Estádio: San Nicola (58.270 lugares)
Em 2009-10: 10ª posição
O cara: Paulo Vitor Barreto (atacante)
A promessa: Marco D’Alessandro (meio-campista)
O treinador: Gian Piero Ventura (2ª temporada)
Principal reforço: Abdelkader Ghezzal (atacante)
Principal perda: Andrea Ranocchia (zagueiro)
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-4-2): Gillet; Raggi, Andrea Masiello, Rossi, Salvatore Masiello; Álvarez, Almirón, Donati (Pulzetti), Rivas; Ghezzal, Barreto

Se, na última temporada, o Bari surpreendeu e escapou do rebaixamento com folga e jogando um futebol atraente, desta vez deve ser diferente. Os galletti não conseguiram manter os ótimos Ranocchia e Bonucci, que formavam a forte defesa titular, e não realizaram uma reposição adequada. A defesa, que foi o ponto alto da equipe, agora está recheada de incógnitas: Andrea Masiello tem sido improvisado no centro, Raggi ainda não confirmou as expectativas em torno de si e o jovem Marco Rossi foi contratado por empréstimo após um ano sofrível na Sampdoria. Enquanto o time tenta a contratação de Rinaudo – de qualidade técnica discutível -, o alento no setor fica por conta do goleiro Gillet e do zagueiro Andrea Masiello, líderes do time.

Ventura deve manter o 4-4-2 com dois pontas rápidos, que deu certo na última temporada. Álvarez e Rivas serão os titulares, enquanto o jovem D’Alessandro, emprestado pela Roma, substitui Koman – que voltou para a Sampdoria – como aposta jovem do time para o setor. No centro do meio-campo, Almirón e Donati formam uma dupla aguerrida, mas que não tem tanta qualidade técnica. Isso pode abrir caminho para a inserção de Pulzetti no time titular, ou até mesmo forçar que Ghezzal e Barreto saiam mais para buscar jogo.

Até agora, os pugliesi passam a sensação de que se contentarão com a salvezza, venha ela como vier. Se o time titular não passa tanta confiança, as opções no banco são ainda mais escassas. Levando em consideração que as equipes que concorrem pela permanência na Serie A se reforçaram muito mais, não dá para traçar um cenário animador para os biancorossi. Terão de surpreender novamente. (Nelson Oliveira)

Atualização: o time não contratou zagueiros e Rinaudo foi para a Juventus.

BOLOGNA

Cidade: Bolonha (Emília-Romanha)

Estádio: Renato Dall’Ara (39.444 lugares)

Em 2009-10: 17ª posição

O cara: Marco Di Vaio (atacante)

A promessa: René Krhin (meio-campista)

O treinador: Franco Colomba (2ª temporada)

Principal reforço: Diego Pérez (meio-campista)

Principal perda: Adaílton (atacante)

Objetivo: evitar o rebaixamento

Time base (4-4-2): Viviano; Garics, Britos, Portanova, Esposito (Rubin); Buscè, Pérez, Mundingayi (Krhin), Ekdal; Di Vaio, Giménez.

Mais uma vez, o Bologna começa o campeonato pensando apenas em não cair. Como nas duas últimas temporadas, o time do Renato Dall’Ara não investiu muito – apesar da chegada de Sergio Porcedda como acionista majoritário do clube – e deve continuar sem perspectivas maiores. No mercado, a aposta foi em jogadores mais jovens. Além do meia René Krhin, promessa eslovena que estava na Inter, chegam também Ekdal, da Juventus, e Gavilán, atacante espanhol do Real Betis, campeão do Europeu Sub-17 de 2008, na Turquia.

Porém, os mais jovens chegam apenas para disputar posição. A base do time continua praticamente a mesma da que lutou para não cair na temporada passada e o técnico Franco Colomba terá muito trabalho. O conhecimento do elenco por parte do treinador pode ser de boa ajuda. Ainda assim, há quem garanta que ele balança no cargo: boatos na Itália dão conta que Leonardo, ex-Milan, foi convidado para assumir o comando do time, mas recusou. As muitas contratações são incógnitas, mas podem ajudar no longo campeonato. Destaque para os defensores Garics e Esposito.

Marco Di Vaio deve continuar como principal jogador da equipe. O artilheiro (12 gols na última temporada), no entanto, não vai ter com quem dividir as responsabilidades este ano, uma vez que o brasileiro Adaílton (11 gols) deixou o clube para defender o romeno Vaslui. Para seu lugar, chega Meggiorini, que fez bom campeonato com o Bari, temporada passada. (Rodrigo Antonelli)

Atualização: no último dia do mercado, o clube fez uma boa contratação ao acertar com o volante uruguaio Pérez, que deve ser titular.

BRESCIA

Cidade: Brescia (Lombardia)

Estádio: Mario Rigamonti (22.500 lugares)

Em 2009-10: 3º na Serie B

O cara: Andrea Caracciolo (atacante, foto)

A promessa: Panagiotis Kone (atacante)

O treinador: Giuseppe Iachini (2ª temporada)

Principal reforço: Alessandro Diamanti (atacante)

Principal perda: Andrea Rispoli (meio-campista)

Objetivo: evitar o rebaixamento

Time base (3-4-2-1): Sereni; Mareco, Bega, Martínez; Dellamano, Váss (Budel), Baiocco, Zambelli (Daprelà); Diamanti, Éder; Caracciolo (Possanzini)

Recém-promovido da Serie B, o Brescia volta à elite do futebol italiano após cinco temporadas distante. A última vez dos rondinelle na Serie A foi quando o ídolo Roberto Baggio ainda estava no time, em 2004. Finalmente de volta, deve lutar contra o rebaixamento até as últimas rodadas. O elenco é praticamente o mesmo que conseguiu o acesso, mas as contratações de Diamanti e Éder devem dar um toque de qualidade e ânimo extra.

O meia-atacante, ex-jogador do West Ham, volta à Itália após uma temporada fora do país. Antes de sair, fez grandes apresentações com a camisa do Livorno e, na temporada 2008-09, foi o principal responsável pelo acesso da equipe amaranto à Serie A. Agora, chega ao Brescia com ares de salvador, como foi Baggio entre 2000 e 2004, e dá esperanças de permanência na elite aos torcedores. O goleiro Matteo Sereni é outra boa contratação: após grandes temporadas no Torino, chega para fortalecer o sistema defensivo. É bom ficar de olho no lateral-esquerdo Daprelà, de 19 anos

Porém, enquanto Diamanti não entra em campo e chama a responsabilidade, o homem do time continua sendo Caracciolo. Artilheiro rondinelle na temporada passada, com 23 gols, o atacante é o xodó da torcida – mas chama atenção ainda não ter se firmado na Serie A. O brasileiro Éder, artilheiro da última Serie B pelo Empoli, com 27 gols, foi contratado para ajudar o bomber italiano e tem sua primeira chance na elite. A única baixa mais importante do time foi Andrea Rispoli, meio-campista que fez bons jogos na campanha do acesso e foi pretendido por Cagliari e Palermo, antes de acertar com o Parma. (Rodrigo Antonelli)

CAGLIARI

Cidade: Cagliari (Sardenha)

Estádio: Sant’Elia (23.486 lugares)

Em 2009-10: 16ª posição

O cara: Andrea Cossu (meio-campista)

A promessa: Lorenzo Ariaudo (zagueiro)

O treinador: Pierpaolo Bisoli (estreante)

Principal reforço: Robert Acquafresca (atacante)

Principal perda: Diego López (zagueiro)

Objetivo: evitar o rebaixamento

Time base (4-3-1-2): Agazzi; Pisano, Astori, Canini, Agostini; Biondini, Conti, Lazzari; Cossu; Matri, Acquafresca.

No último ano, o Cagliari entregou Cossu, Marchetti, Lazzari e Astori à seleção italiana. Nada mal para uma equipe que costuma ser apontada como candidata ao rebaixamento. Na temporada passada, o time começou voando, mas tropeçou no ambiente conturbado que o presidente Massimo Cellino costuma criar, perdeu o técnico Massimiliano Allegri e passou dificuldade nas últimas rodadas. O Cagliari encantou a Itália, mas caiu pelas tabelas e terminou bem perto da zona de rebaixamento.

Pois repetir a posição do torneio passado será motivo de comemoração para o novo Cagliari. O time será comandado por Pierpaolo Bisoli, ídolo do clube nos anos 90 e um dos técnicos mais promissores da nova geração. Ele fez milagres levando o Cesena da Lega Pro à Serie A em apenas dois anos. O ponto forte daquele time era a defesa, justamente o setor que deve ser reconstruído neste Cagliari. E o trabalho começa no gol: Agazzi e Pelizzoli devem disputar a posição que era de Marchetti, grande revelação dos últimos anos, que teria pedido para ser negociado e passou a ser perseguido pela torcida rossoblù.

A provável saída de Marchetti se une à aposentadoria do zagueiro uruguaio Diego López, titular do clube desde 1998. Sem a dupla, a base perde em confiança e terá de contar com o renascimento de Pisano, talvez o melhor lateral-direito italiano da atualidade, mas que passou toda a temporada passada machucado. Para o lugar de López, Canini não deve causar problemas. Do meio para a frente, a base é a mesma que joga bem há alguns anos. Conti é o cérebro, Cossu dá a fantasia e Biondini carrega o piano enquanto Matri e Acquafresca dividem os gols, com a saída de Jeda. Para uma salvezza tranquila, é na trupe da frente que a torcida confia. (Braitner Moreira)

CATANIA

Cidade: Catânia (Sicília)

Estádio: Angelo Massimino (21.530 lugares)

Em 2009-10: 13ª posição

O cara: Maxi López (atacante, foto com Mascara)

A promessa: Fabio Sciacca (meio-campista)

O treinador: Marco Giampaolo (estreante)

Principal reforço: Alejandro Gómez (meio-campista)

Principal perda: Jorge Martínez (atacante)

Objetivo: ficar no meio da tabela

Time base (4-3-1-2): Andújar; Potenza, Silvestre, Spolli, Capuano; Izco, Biagianti, Llama; Gómez (Ricchiuti); Maxi López, Mascara

O time mais argentino da Serie A (são 12 jogadores do país, contra 11 italianos) terá bom desafio no início da temporada. Pelo que Marco Giampaolo mostrou na pré-temporada, o 4-3-3 tão comum nos últimos anos deve ser transformado em 4-3-1-2. Fato importante para isso foi a saída de Martínez para a Juventus e nenhuma contratação para substituí-lo. Com o uso de um jogador para armar as jogadas no meio-campo, Ricchiuti ganha espaço. Na temporada passada, o experiente trequartista foi bem quando jogou com mais liberdade. A mudança tática também abre espaço para Gómez, recém-contratado junto ao San Lorenzo como o “argentino da vez” do Catania.

Ainda que falte profundidade ao elenco siciliano, há de se destacar um dos melhores meios-de-campo de toda a Serie A, com Izco, Biagianti e Llama. O trio se destaca pela marcação, mas sai para o jogo com facilidade, o que auxilia bastante a armação de jogadas para o ataque. Na frente, o capitão Mascara continuará com a parceria com Maxi López, que chegou sem fazer barulho e marcou 11 gols jogando apenas meio campeonato. Segurar estes cinco nomes, até aqui, tem sido o grande trabalho do diretor esportivo Pietro Lo Monaco, que também conseguiu se livrar do alto salário pago ao romeno Dica, negociado com o Manisaspor.

Lo Monaco mantém sua rede de olheiros intacta. Além de Gómez, garantiu para o Catania um jovem brasileiro que passou batido por aqui: Raphael Martinho, lateral-esquerdo do Paulista de Jundiaí no último Campeonato Paulista. Rápido, forte, com chute forte de fora da área e bons dribles curtos, Martinho chega à Itália aos 22 anos e deverá se readaptar para que possa jogar no meio-campo e ser uma boa surpresa do time que sempre é apontado entre os favoritos à queda. Mas que sempre continua na primeira divisão. (Braitner Moreira)

CESENA

Cidade: Cesena (Emília-Romanha)
Estádio: Dino Manuzzi (23.860 lugares)
Em 2009-10: 2ª posição da Serie B
O cara: Emanuele Giaccherini (atacante)
A promessa: Ezequiel Schelotto (meio-campista)
O treinador: Massimo Ficcadenti (estreante)
Principal reforço: Luis Jiménez (meio-campista)
Principal perda: Massimo Volta (defensor)
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-3-3): Antonioli; Schelotto, Von Bergen, Benalouane (Lauro), Nagatomo; Jiménez, Colucci, Parolo; Malonga, Budan (Bogdani), Giaccherini.

De volta à Serie A após 19 anos de ausência, os cavalos-marinhos fizeram um mercado curioso para tentar a permanência na elite do futebol nacional. A primeira ação foi assegurar a permanência do bom meia Schelotto, de 19 anos, destaque da última Serie B que foi vendido para a Atalanta, mas continuará emprestado ao clube. Além disso, fechou com bons nomes, como os promissores Tachtsidis e Ighalo – olho neles. Reforços importantes, como Diego Cavalieri, Appiah e Von Bergen vieram a custo zero. De fato, apenas o japonês Nagatomo, que jogou a Copa do Mundo (assim como Appiah e Von Bergen), custou algo aos cofres bianconeri.

No entanto, apesar do bom número de reforços na janela, os cesenáticos ainda poderiam investir melhor em duas posições carentes no elenco: a lateral-direita, que, após a saída do promissor Massimo Volta, terá o improviso de Ceccarelli; e o ataque, que, por enquanto terá o atabalhoado Bogdani como titular no comando. Nos últimos dias de mercado, fechar com um centroavante goleador poderá ser vital para as pretensões do clube.

Outro possível problema para o clube emiliano está no banco de reservas. Ficcadenti nunca realizou um trabalho que merecesse destaque e já correu risco de ser demitido antes mesmo do início da Serie A. Com a sombra do ótimo trabalho do ex-técnico Pierpaolo Bisoli, a paciência da diretoria pode acabar rapidamente, pondo em xeque uma temporada na qual o objetivo de permanecer na elite é real. (Nelson Oliveira)

Atualização: no último dia de mercado, o time fez diversas contratações, fechando com três prováveis titulares (Benalouane, Jiménez e Budan), além de promessas que podem ganhar espaço (Paonessa, Gorobsov e Fatic). Após a ótima estreia na Serie A, Antonioli deve permanecer como goleiro do time, deixando Diego Cavalieri no banco. Como o ex-goleiro da Roma tem quase 41 anos, a disputa pela vaga ainda está aberta.

CHIEVO

Cidade: Verona (Vêneto)

Estádio: Marcantonio Bentegodi (44.799 lugares)

Em 2009-10: 16ª posição

O cara: Sergio Pellissier (atacante, foto)

A promessa: Rodrigo (atacante)

O treinador: Stefano Pioli (estreante)

Principal reforço: Gélson Fernandes (meio-campista)

Principal perda: Mario Yepes (zagueiro)

Objetivo: evitar o rebaixamento

Time base (4-3-1-2): Sorrentino; Sardo, Andreolli (Mandelli) Morero, Mantovani; Luciano, Rigoni, Gélson Fernandes (Marcolini); Bentivoglio (Bogliacino); Moscardelli (Granoche), Pellissier

Com praticamente o mesmo time da temporada passada, o Chievo luta, de novo, para não cair. O zagueiro Andreolli e os meias Guana e Bogliacino chegam para compor elenco e tem boa chance na equipe titular. O último estreou pela Serie A com o Napoli, em 2005, e fez duas boas temporadas. Contudo, perdeu seu lugar no time nos últimos anos e agora tenta recuperar o bom futebol em Verona.

As principais perdas são o técnico Domenico Di Carlo e o zagueiro Mario Yepes. O primeiro partiu para a Sampdoria após salvar os burros alados do rebaixamento com alguma tranquilidade. O veterano colombiano Yepes vai para o Milan, tentar a sorte em um time grande. Sua saída deve ser a mais sentida pelo Chievo, uma vez que, junto com o goleiro Sorrentino, era o pilar do bem-sucedido sistema defensivo montado por Di Carlo.

Mas a manutenção da maior parte de suas principais peças é o ponto forte dos gialloblù. O capitão Pelissier deve continuar decidindo no ataque, enquanto o goleiro Sorrentino segura atrás. A permanência do lateral-esquerdo Mantovani e do meio-campista Bentivoglio também deve ser comemorada pelos torcedores. Méritos do diretor esportivo do clube, Giovanni Sartori, que há algum tempo vem mostrando personalidade nos bastidores. (Rodrigo Antonelli)

Atualização: após as contratações de última hora, indefinições no time titular. Gélson Fernandes e Andreolli são cotados para ganharem vaga entre os onze.

FIORENTINA

Cidade: Florença (Toscana)

Estádio: Artemio Franchi (46.282 lugares)

Em 2009-10: 11ª posição

O cara: Alberto Gilardino (atacante)

A promessa: Haris Seferovic (atacante)

O treinador: Sinisa Mihajlovic

Principal reforço: Gaetano D’Agostino (meio-campista)

Principal perda: Massimo Gobbi (lateral-esquerdo)

Objetivo: vaga em competição europeia

Time base (4-2-3-1): Frey; De Silvestri, Gamberini, Kroldrup (Felipe), Pasqual; Montolivo, Zanetti; Marchionni (Cerci), D’Agostino, Vargas; Gilardino

Em Florença, começam novos tempos. Com a saída de Cesare Prandelli para treinar a Nazionale, os viola têm o desafio de andar com outras pernas. Foram cinco anos de um ótimo trabalho de recuperação do treinador, que recolocou a Fiorentina entre os grandes do futebol italiano. Agora, com o status do time já reconquistado, o sérvio Sinisa Mihajlovic assume o comando para voltar a disputar vaga em alguma competição europeia. Chega com as credenciais de um bom trabalho no Catania, na temporada passada.

Na teoria, o ex-zagueiro terá em mãos elenco praticamente igual ao que Prandelli tinha na última campanha: apenas Gobbi e Keirrison deixaram o time. Mas a lesão do decisivo Jovetic, que tem previsão para voltar apenas em março de 2011, e a suspensão de Mutu, que só termina no final de outubro, devem atrapalhar na montagem da equipe. Para completar, Ljajic também se lesionou na pré-temporada e pode perder o início do campeonato. Para a sorte do treinador, Vargas e Montolivo, que tinham seus nomes frequentemente ligados a transferências, vão continuar em Florença.

Para suprir a falta de Jovetic, o regista D’Agostino deve jogar mais avançado. Depois de uma grande temporada em 2008-09, o ex-meia da Udinese esperava uma transferência para algum grande clube europeu, mas teve suas expectativas frustradas. Acabou sumindo no ano passado e vai tentar recuperar a velha forma no Franchi. A expectativa fica por conta de Haris Seferovic, atacante suíço contratado no ano passado após ser campeão do Mundial Sub-20 de seleções, e que pode ter chances no time principal, devido à falta de atacantes de ofício no elenco. O senegalês Babacar também deve aparecer mais vezes. (Rodrigo Antonelli)

GENOA

Cidade: Gênova (Ligúria)

Estádio: Luigi Ferraris (36.703 lugares)

Em 2009-10: 9ª posição

O cara: Domenico Criscito (lateral-esquerdo, foto)

A promessa: Franco Zuculini (meio-campista)

O treinador: Gian Piero Gasperini (5ª temporada)

Principal reforço: Luca Toni (atacante)

Principal perda: Salvatore Bocchetti (zagueiro)

Objetivo: vaga na Liga dos Campeões

Time base (3-4-3): Eduardo; Ranocchia, Dainelli, Moretti (Kaladze); Rafinha (Rossi), Zuculini (Milanetto), Miguel Veloso, Criscito; Palladino, Toni, Palácio

O presidente Enrico Preziosi resolveu abrir o bolso pra esta temporada, após uma em que os rossoblù fracassaram e viram a rival Sampdoria se classificar para a Liga dos Campeões. Neste ano, o objetivo do clube é atingir o mesmo feito blucerchiato e, para isso, mais de 40 milhões de euros foram gastos com reforços que devem ser titulares. Alguns ainda vieram a custo zero, como Ranocchia e Toni, e boas negociações foram feitas para amortizar os custos, especialmente com o Milan. O zagueiro Bocchetti também foi negociado com o Rubin Kazan, por 11 milhões de euros.

Em um mercado bastante articulado, o Genoa trabalhou primeiramente em corrigir os erros do ano anterior, como a instabilidade da defesa e os problemas com goleiros irregulares como Amelia e Scarpi. Neste sentido, Eduardo, Rafinha e Ranocchia devem se tornar pilares do clube, protegidos por meio-campistas polivalentes como Miguel Veloso e Zuculini, este emprestado pelo Hoffenheim para ganhar mais experiência. A ausência de um matador no lado vermelho e azul de Gênova, tão sentida com o desempenho ruim de Crespo e Acquafresca, deve ser resolvida com Toni.

Por não disputar competições europeias nesta temporada e ter um elenco tão extenso e cheio de nomes de relevo, o Genoa começa a temporada como candidato a incomodar as grandes equipes por uma vaga na Liga dos Campeões. Porém, a insistência de Gasperini em escalar o time no 3-4-3, ignorando as características dos jogadores à sua disposição, pode atrapalhar. Talvez este Genoa funcionasse melhor no 4-3-3 ou no 4-2-3-1, devido à centralidade de Toni no esquema e a presença de volantes fortes. (Nelson Oliveira)

INTERNAZIONALE

Cidade: Milão (Lombardia)

Estádio: Giuseppe Meazza (80.074 lugares)

Em 2009-10: Campeã da Serie A, da Coppa Italia e Liga dos Campeões

O cara: Wesley Sneijder (meio-campista)

A promessa: Nwankwo Obiora (meio-campista)

O treinador: Rafa Benítez (estreante)

Principal reforço: Phillipe Coutinho (meio-campista)

Principal perda: Mario Balotelli (atacante)

Objetivo: título

Time base (4-2-3-1): Júlio César; Maicon, Lúcio, Samuel, Chivu; Zanetti, Cambiasso; Pandev, Sneijder, Eto’o; Milito

A Inter larga novamente como franca favorita ao título da Serie A, com grande vantagem sobre as outras equipes. Enquanto as rivais atuaram mais intensamente no mercado de transferências, a Beneamata fez apenas três contratações pontuais, para dar mais profundidade ao elenco e renová-lo. Agora, os esforços de mercado consistem em desinchar um plantel que ficou maior com a volta de jogadores que estavam emprestados.

O time titular é exatamente o mesmo da última temporada, mas houve algumas mudanças táticas e de postura, implantadas pelo técnico Rafa Benítez, que estreia na Inter o trabalho mais importante da carreira, com a pressão de manter o caminho vencedor cristalizado por José Mourinho. Na sua nova Inter, Pandev e Eto’o trocaram de lado na linha de três que apoia Milito. Sneijder ainda é o cérebro do time, principalmente agora que Eto’o tem liberdade maior para jogar mais próximo ao gol, como desejava.

No meio-campo, Cambiasso voltou a jogar mais avançado, o que, na vitória sobre a Roma na Supercoppa, deixou o meio-campo interista mais vulnerável. Devolver, através de reposicionamento, a capacidade que El Cuchu tem de se multiplicar, é o primeiro problema que Benítez tem que resolver. Outra novidade no setor é o nigeriano Obiora, que fez boa pré-temporada, foi incorporado ao elenco principal e pode surpreender ao longo da campanha. Devido ao avanço de Cambiasso, os nerazzurri atuam com maior posse de bola e marcação mais avançada. Se o time montado por Mourinho jogava muito sem a posse da bola, o de Benítez não: costuma tê-la bastante e ataca com agressividade. É um time projetado para conquistar seis títulos em 2010 e chegar ao inédito hexacampeonato da Serie A. Qualquer resultado distinto pode ser considerado fracasso. (Nelson Oliveira)

JUVENTUS

Cidade: Turim (Piemonte)

Estádio: Olímpico (27.500 lugares)

Em 2009-10: 7ª posição

O cara: Giorgio Chiellini (zagueiro, foto)

A promessa: ninguém

O treinador: Luigi Delneri

Principal reforço: Milos Krasic (meio-campista)

Principal perda: Diego (meio-campista)

Objetivo: disputar o título

Time base (4-4-2): Storari (Buffon); Motta, Bonucci, Chiellini, De Ceglie; Krasic, Felipe Melo (Sissoko), Marchisio (Aquilani), Pepe; Del Piero (Quagliarella), Amauri

Há menos de uma semana para o fechamento do mercado, a Juventus ainda investe para tentar apagar a má impressão que deixou na temporada passada. Para isso, sofreu mudanças dentro e fora de campo. A família Agnelli retomou o poder do clube com o cuidado de não cometer os mesmo equívocos da última diretoria. A contratação do diretor esportivo Giuseppe Marotta e do técnico Luigi Delneri, ambos ex-Sampdoria, para gerir as contratações do clube foi um dos principais acertos até aqui. Com um mercado muito eficiente, a Velha Senhora chega forte para, pelo menos, pegar vaga na Liga dos Campeões.

As contratações de Bonucci, Aquilani, Krasic, Pepe, Martínez e Quagliarella, fortaleceram bastante o elenco. O primeiro deve formar uma das melhores zagas do campeonato, ao lado de Chiellini, e fazer a torcida ultrapassar o trauma da última temporada com Cannavaro. Aquilani pode ser peça-chave do meio-campo, caso se livre das lesões. E Krasic cai como uma luva no esquema de Delneri. Com a saída de Diego, a Juve perde uma ótima opção, mas ganha cerca de 18 milhões de euros para pagar os investimentos que fez.

Hoje, faltaria apenas um zagueiro (fala-se do francês Benalouane) e um lateral-esquerdo para completar o elenco. Mas não é só. O time ainda tenta se livrar de alguns jogadores, como Trezeguet e Camoranesi, para reduzir o número de atletas e o gasto com altos salários. Ponto negativo para a falta de promessas. Os jogadores da base que tinham algum potencial foram todos emprestados. É o caso de Immobile, por exemplo, destaque juventino na última Copa Viareggio, cedido ao Siena. (Rodrigo Antonelli)

Atualização: Benalouane foi contratado pelo Cesena. Rinaudo acabou acertando com a Velha Senhora.

LAZIO

Cidade: Roma (Lácio)

Estádio: Olímpico (72.698 lugares)

Em 2009-10: 12ª posição

O cara: Hernanes (meio-campista)

A promessa: Libor Kozák (atacante)

O treinador: Edoardo Reja (2ª temporada)

Principal reforço: Hernanes (meio-campista)

Principal perda: Aleksandar Kolarov (lateral-esquerdo)

Objetivo: vaga em competição europeia

Time base (3-4-1-2): Muslera; Biava, André Dias, Radu; Lichtsteiner, Brocchi (Matuzalém), Ledesma, Garrido; Hernanes; Zárate, Floccari (Rocchi)

Indiretamente, o dinheiro do sheik Mansour, que abastece o Manchester City, pôs fogo no mercado da Lazio. O time trabalhava com objetivos mais modestos, quando os citizens pagaram 16 milhões de libras para levar Kolarov. Supervalorizado, o lateral sérvio foi liberado e encheu os cofres do clube romano. Com o dinheiro, o presidente Claudio Lotito e o diretor esportivo Igli Tare bancaram a renovação de Ledesma, o lateral-esquerdo espanhol Garrido e, principalmente, o brasileiro Hernanes. Os 12 milhões de euros pagos pela Lazio ao São Paulo seriam inacreditáveis, até alguns meses atrás. O atacante paraguaio Roque Santa Cruz deve ser o próximo reforço.

Apesar das contratações, ainda falta alguma alternativa válida a Lichtsteiner, na direita. A opção seria o uruguaio Pintos, mas a mudança na lei de extracomunitários (agora, cada time só pode contratar um que venha do exterior, por ano; antes, eram dois) bloqueou a transferência e seu futuro ainda é incerto. Ponto positivo da janela de transferências é a limpeza pela qual passa o vasto elenco biancoceleste: quase um time inteiro já foi embora, puxado pelos altos salários de Cruz, Dabo e Carrizo.

Se o título da Lazio na última temporada foi ajudar a Inter a ultrapassar a Roma na reta final da Serie A, desta vez a torcida vai exigir mais. Uma boa campanha passa pela ótima defesa montada por Reja nas últimas rodadas e que foi mantida. Há que se trabalhar o individualismo de Zárate, que não joga bem há alguns meses, e pode parar no banco. No mais, é se agarrar em Hernanes, uma das grandes contratações da temporada europeia. Com tanta pressão nos ombros, é saber se o brasileiro repetirá suas melhores atuações com a camisa do São Paulo. Desta vez, jogando mais adiantado, nas costas dos atacantes do time. (Braitner Moreira)

LECCE

Cidade: Lecce (Apúlia)

Estádio: Via del Mare (33.876 lugares)

Em 2009-10: campeão da Serie B

O cara: Guillermo Giacomazzi (meio-campista, foto)

A promessa: Tore Reginiussen (zagueiro)

O treinador: Luigi De Canio (3ª temporada)

Principal reforço: Javier Chevantón (atacante)

Principal perda: Guido Marilungo (atacante)

Objetivo: evitar o rebaixamento

Time base (4-3-1-2): Rosati; Rispoli (Vives), Gustavo, Ferrario (Reginiussen), Mesbah (Brivio); Munari, Giacomazzi, Grossmüller; Piatti; Jeda (Corvia), Chevantón

O Lecce vai precisar de sorte para se manter na Serie A. Com várias caras novas no time, deposita sua confiança no uruguaio Chevantón, antigo ídolo que, longe do melhor momento da carreira, volta ao clube depois de seis anos fora. Quem ganha responsabilidade é Corvia, que pode se livrar da sina de eterna promessa e mostrar que tem nível para a Serie A – o primeiro desafio é vencer a concorrência do experiente Jeda O principal responsável por fornecer apoio ao ataque deve ser Piatti, ao menos no início. O argentino tem uma passagem mal-sucedida pelo Saint-Étienne e não inspira tanta confiança.

Subindo e descendo a Serie A há tempos, o Lecce depende – e muito – do sucesso de seus reforços. Donati, Sini, Brivio e Reginiussen são garotos emprestados por outros clubes, sendo difícil bancar suas afirmações, quanto mais de imediato. As apostas vêm de atletas sem contrato, como Grossmüller e Olivera, além do já citado Chevantón. Olivera, por sinal, é figura carimbada na Serie A, que, porém, nunca se estabilizou na Itália. O elenco não é grande e conta com vários nomes que, por sua vez, não demonstraram grande coisa em momento algum da carreira.

Na possibilidade otimista de os reforços se encaixarem e as incógnitas se firmarem, o Lecce pode almejar um campeonato sem grandes sustos. Se os medalhões renderem, é possível que, numa mistura de experiência com juventude, o time dê trabalho. Olivera e Chevantón precisam recuperar o futebol e, confiando na constância de Giacomazzi, guiar os nomes inexperientes. É a única forma de os giallorossi se firmarem na divisão de elite. (Mateus Ribeirete)

MILAN

Cidade: Milão (Lombardia)

Estádio: Giuseppe Meazza (80.074 lugares)

Em 2009-10: 3ª posição

O cara: Ronaldinho (atacante)

A promessa: Alexander Merkel (meio-campista)

O treinador: Massimiliano Allegri (estreante)

Principal reforço: Zlatan Ibrahimovic (atacante)

Principal perda: Marco Borriello (atacante)

Objetivo: vaga na Liga dos Campeões

Time base (4-3-1-2): Amelia (Abbiati); Sokratis (Zambrotta), Thiago Silva, Nesta, Antonini; Flamini (Boateng), Pirlo, Ambrosini; Ronaldinho, Ibrahimovic, Pato.

O Milan começa a temporada com poucas ambições, após um mercado tímido, levando em conta as necessidades do clube. Contratações em definitivo de baixo custo ou empréstimos revelam a falta de vontade ou a crise nas finanças do presidente Silvio Berlusconi. Entre os nomes que chegaram no verão europeu, três vêm do Genoa: Sokratis – contratação mais cara do mercado rossonero, por 7 milhões de euros -, Amelia e Boateng, que foi contratado pelos grifoni e repassado em seguida. Contratações funcionais, é verdade – sobretudo porque Abbiati, Zambrotta e Gattuso estão envelhecidos e longe da forma física ideal -, mas pouco vistosas.

Sendo assim, o Milan aposta na capacidade do técnico Massimiliano Allegri e na habilidade de Ronaldinho. Allegri, acostumado a tirar leite de pedra no Cagliari, pode levar o Milan a voos um pouco mais altos, sobretudo se apostar nos jovens que sabe gerir tão bem. Assim, contratações que fogem à política recente do Milan, como Sokratis e Boateng, tem o claro dedo no treinador, que também deve utilizar os jovens Strasser e Merkel – este, destaque da pré-temporada. É de se esperar que o bom futebol praticado pelo Milan na última temporada continue com Allegri, já que foi sob seu comando que o Cagliari fez bonito por dois anos.

Dentro de campo, o brasileiro deve atuar um pouco mais recuado: por ordem de Berlusconi, o time deve começar a temporada com dois atacantes mais fixos (Pato e Borriello), apoiados pelo brasileiro, líder em assistências da última Serie A. Caso a negociação por Ibrahimovic se concretize nos últimos dias da janela e o sueco vista a camisa rossonera, o Milan deve ganhar muito em termos de qualidade e, sobretudo, motivação. Alguém duvida que Ibrahimovic vai querer ser campeão italiano pelo Milan, desbancando a Inter após uma temporada tão vitoriosa do seu antigo clube? (Nelson Oliveira)

Atualização: Ibrahimovic foi contratado e será a referência do time. No último dia da janela, Huntelaar foi vendido ao Schalke 04 e Borriello transferiu-se para a Roma. Robinho também foi contratado e deve ser reserva, como mostramos aqui.

NAPOLI

Cidade: Nápoles (Campânia)

Estádio: San Paolo (76.824 lugares)

Em 2009-10: 6ª posição

O cara: Marek Hamsík (meio-campista, foto)

A promessa: Raffaele Maiello (meio-campista)

O treinador: Walter Mazzarri (2ª temporada)

Principal reforço: Edinson Cavani (atacante)

Principal perda: Fabio Quagliarella (atacante)

Objetivo: vaga na Liga dos Campeões

Time base (3-4-2-1): De Sanctis; Grava, Cannavaro, Campagnaro; Maggio, Gargano, Blasi, Dossena; Lavezzi, Hamsík; Cavani

As boas vitórias sobre o Elfsborg nos play-offs da Liga Europa provam o que disse Walter Mazzarri. A meta seria jogar bonito, encurralando o adversário e atacando sempre que possível. O técnico chegou ao clube no decorrer da temporada passada e não demorou a implantar seu estilo combativo e incansável: com ele, foram 13 pontos conquistados nos dez minutos finais dos jogos. Desta vez, Mazzarri teve tempo de planejar a equipe junto do diretor esportivo Riccardo Bigon. Foram embora algumas das indicações de seu antecessor, Roberto Donadoni, que não deram certo: Cigarini, Dátolo e Hoffer, além de Denis.

Outro que só durou um ano foi o napolitano Quagliarella, que chegou para ser ídolo, mas acabou decepcionando. Ainda que tenha marcado vários gols no segundo semestre, não justificou o alto investimento – e agora jogará pela Juventus. Com a saída, encerraram-se as especulações sobre qual dos craques do time iria parar no banco, com a chegada de Cavani. A principal opção ofensiva ao trio Hamsík-Cavani-Lavezzi será o veterano Lucarelli, que estava no Livorno. Lavezzi, aliás, fez grandes jogos na pré-temporada e parece recuperado das lesões musculares que o atrapalharam recentemente.

Para alcançar a meta do presidente Aurelio Di Laurentiis e chegar à Liga dos Campeões, o Napoli precisará de uma defesa à altura do ataque. O ótimo De Sanctis dá segurança no gol e os três zagueiros titulares vêm na melhor fase da carreira – resta saber se Aronica estará à altura, quando necessário. O principal problema do meio-campo era a falta de combatividade, e para isso o Napoli buscou Blasi de volta, ao Palermo. Para não deixar Hamsík sem concorrência, o clube deve anunciar em breve a chegada de José Sosa, do Bayern. (Braitner Moreira)

Atualização: Sosa foi contratado e pode ganhar uma vaga no time titular, em caso de necessidade de maior criação. Yebda, volante argelino do Benfica, também chega com potencial para ser titular. Dumitru, da sub-19 italiana, foi emprestado pelo Empoli e pode despontar.

PALERMO

Cidade: Palermo (Sicília)

Estádio: Renzo Barbera (37.619 lugares)

Em 2009-10: 5ª posição

O cara: Fabrizio Miccoli (atacante)

A promessa: Ezequiel Múñoz (zagueiro)

O treinador: Delio Rossi (2ª temporada)

Principal reforço: Massimo Maccarone (atacante)

Principal perda: Simon Kjaer (zagueiro)

Objetivo: vaga na Liga Europa

Time base (4-3-1-2): Sirigu; Cassani, Múñoz (Glik), Bovo, Balzaretti; Migliaccio, Liverani, Nocerino; Pastore; Miccoli (Maccarone), Hernández

Na temporada passada, o Palermo ciscou uma vaga na Liga dos Campeões. Desta vez, deverá ter mais dificuldade para repetir o excelente ano que passou. Além de largar com Miccoli lesionado, perdeu os titulares Kjaer e Cavani, que, embora substituídos, devem inicialmente fazer falta ao time. Três zagueiros jovens – Glik, García e Múñoz – foram trazidos para repor a transferência do dinamarquês. Já Abel Hernández, vindo de boa temporada, tende a se consolidar de vez no ataque rosanero. Interessante a chegada de Maccarone: nome importante da Serie A há anos, tem qualidade de sobra para ser um reserva mais do que útil.

Sirigu, Cassani, Liverani, Nocerino e Miccoli já defenderam a seleção italiana, enquanto Bovo, Balzaretti e Migliaccio atuaram pelas categorias de base da Nazionale. É um ponto interessante a ser notado no elenco do Palermo: ainda que não haja craques, é difícil questionar a qualidade da maioria de seus jogadores. Mas faltam peças de reposição, especialmente no meio-campo – algo crucial em um campeonato longo. Não há ninguém no time capaz de substituir Liverani, grande distribuidor de bolas, e muito menos Miccoli, que gosta de chamar o jogo para si nos momentos complicados. É difícil, por exemplo, confiar em Pinilla, que estreia na Serie A após um ano bom no Grosseto, como esperança de gols.

Aposta que vingou foi Javier Pastore. Ele, que pela primeira vez disputa algum torneio continental, inspira um otimismo ainda maior do que na temporada passada, tendo em vista sua adaptação e a experiência adquirida. A defesa, quando superar a perda de Kjaer, deve seguir em bom nível, embora precise de mais cuidado com as subidas de Cassani e Balzaretti: os laterais, ofensivos por natureza, costumam deixar espaços indesejados. O ataque requer um Miccoli iluminado para manter o ritmo da temporada passada. Ele, que vinha comendo a bola, não pôde fazer a pré-temporada com o grupo e só voltará em outubro. (Mateus Ribeirete)

Atualização: o brasileiro João Pedro (Atlético-MG) fechou com o clube de Palermo e é uma das promessas do time, ao lado dos eslovenos Bacinovic e Ilicic, contratados nos últimos dias da janela junto ao Maribor.

PARMA

Cidade: Parma (Emília-Romanha)

Estádio: Ennio Tardini (23.486 lugares)

Em 2009-10: 8ª posição

O cara: Hernán Crespo (atacante, foto)

A promessa: Sebastian Giovinco (meio-campista)

O treinador: Pasquale Marino (estreante)

Principal reforço: Fernando Marqués (meio-campista)

Principal perda: Davide Lanzafame (atacante)

Objetivo: ficar no meio da tabela

Time base (4-3-3): Mirante; Zaccardo, Paci (Paletta), Lucarelli, Antonelli; Morrone, Dzemaili (Galloppa), Candreva; Paloschi (Marqués), Bojinov (Crespo), Giovinco

Mesmo em fim de carreira, Crespo pode ter papel essencial para este Parma. Há jogadores de potencial destacável no elenco, como Antonelli, Galloppa e Paloschi, e a experiência de um campeão pode contar muito para ajudá-los – dentro e fora de campo – a atingir melhores desempenhos. Antonelli já vinha ganhando a titularidade do transferido Castellini. Quem fará falta por alguns meses é Galloppa, meio-campista de bom toque e capacidade de organização, mas que começará a temporada lesionado e só deverá voltar no fim do ano. Paloschi terá mais espaço com as perdas de Biabiany e Lanzafame, além de outra chance de provar que está pronto para a Serie A.

Esta é, também, a temporada de fogo de Giovinco: ou o meia-atacante mostra que é tudo aquilo que dele se espera, ou então entra de cabeça no rol das eternas promessas. A situação dele é semelhante à de Bojinov no ano passado. O búlgaro, que também vinha de empréstimo, se firmou e foi contratado em definitivo. Em caso do Formiga Atômica mostrar serviço, quem ganha é o Parma, que terá uma opção interessantíssima no seu ataque. Marqués, a quem a definição de eterna promessa não é injusta, é um dos principais reforços de um time que não dispõe dos mesmos fundos da época de ouro da Parmalat.

Outra aposta válida é Feltscher, lateral das divisões de base da seleção suíça, que deve começar na reserva do recuperado Zaccardo. A dupla de zaga é limitada, mas carrega um importante entrosamento, enquanto o capitão Morrone vem de boas temporadas há tempos. Pasquale Marino, que comandou grandes ascensões individuais enquanto treinador da Udinese – como as de Pepe e D’Agostino -, precisará tirar o melhor de peças em fases incógnitas da carreira. Obtendo sucesso, os gialloblù serão candidatos a uma vaga na Liga Europa, embora uma posição confortável seja o destino mais próximo e realista. (Mateus Ribeirete)

Atualização: Galloppa lesionou-se gravamente e só retorna aos campos em janeiro – provavelmente recuperando sua posição, no lugar de Dzemaili. Para suprir esta carência, o time contratou Candreva, da Udinese.

ROMA

Cidade: Roma (Lácio)

Estádio: Olimpico (72.698 lugares)

Em 2009-10: 2ª posição

O cara: Francesco Totti (atacante)

A promessa: Aleandro Rosi (lateral-direito)

O treinador: Claudio Ranieri (2ª temporada)

Principal reforço: Marco Borriello (atacante)

Principal perda: Luca Toni (atacante)

Objetivo: vaga na Liga dos Campeões

Time base (4-3-1-2): Julio Sergio; Cassetti, Burdisso (Mexès), Juan, Riise; De Rossi, Pizarro, Perrotta; Menéz (Totti); Vucinic, Totti (Borriello)

Qualquer ambição da Roma é travada em um fator crucial: dinheiro. Com a sociedade oficialmente à venda, o mercado desta temporada tem sido ainda mais econômico que os anteriores, já limitadíssimos. Vivendo de contratações sem custo, os giallorossi juntaram ao elenco o lateral-esquerdo Castellini (que substitui Tonetto na reserva de Riise) e os brasileiros Fábio Simplício e Adriano. Chegou também o zagueiro Guillermo Burdisso, irmão de Nicolás, que defendeu o clube na temporada passada e ainda é tentado pela Roma, que negocia incessantemente com a Inter pela transferência.

O sucesso da equipe depende de três fatores principais: com a dificuldade clara em retomar Burdisso, caberá a Mexès um retorno à forma antiga. O francês, que já jogou em nível altíssimo, tem sido lento e nervoso, e não faz sombra ao defensor completo de anos atrás. Totti é, ainda, o craque do time; suas atuações seguem excelentes, mas esbarram na frequência. Embora as médias de gols e assistências sejam altas, o capitão joga pouco e se lesiona demais. Outro que pode mudar a cara da equipe é Adriano. É a chance do Imperador recuperar a carreira internacional – ou então se afundar de vez.

Diante da dificuldade em se reforçar, a Roma poderá reutilizar alguns nomes: Rosi, Okaka e até Cicinho, todos voltando de empréstimo, devem receber oportunidades. O primeiro tem sua grande chance, pois retorna de temporada interessante no Siena e, adaptado à função de lateral-direito, só tem o limitado Cassetti à frente. Menéz precisa confirmar sua evolução, enquanto Vucinic, se mantiver a forma dos últimos meses, pode se tornar o principal jogador da equipe. Pizarro e De Rossi são pilares no meio-campo, ao lado de um Perrotta decadente que deve perder a posição em breve. No gol, Julio Sergio se firmou e está bons passos à frente de Doni e Lobont. (Mateus Ribeirete)

Atualização: Borriello foi contratado, demonstrando a desconfiança do clube em Adriano – e deve ser peça-chave do elenco, revezando com Ménez, à medida que o time entrar em campo no 4-3-1-2 (com o francês) ou no 4-2-3-1 (com o italiano). Burdisso acabou ficando na equipe, após longa negociação, e deve ser titular no lugar de Mexès.

SAMPDORIA

Cidade: Gênova (Ligúria)

Estádio: Luigi Ferraris (36.743 lugares)

Em 2009-10: 4ª posição

O cara: Antonio Cassano (atacante, foto)

A promessa: Guido Marilungo (atacante)

O treinador: Domenico Di Carlo (estreante)

Principal reforço: Gianluca Curci (goleiro)

Principal perda: Luca Castellazzi (goleiro)

Objetivo: vaga em competição europeia

Sampdoria (4-4-2): Curci; Zauri, Gastaldello, Lucchini, Ziegler; Semioli (Mannini), Palombo, Poli, Guberti; Pazzini, Cassano

A saga da Sampdoria na Liga dos Campeões durou apenas duas partidas. O torcedor mais pessimista irá se agarrar ao jogo de Bremen para defender que a Samp desta temporada não é nem sombra daquela que encantou o país na Serie A passada. O torcedor mais otimista irá se agarrar ao jogo de Gênova para defender que a Samp desta temporada tem, pelo menos, o mesmo brilho daquela. Só o tempo poderá dizer quem tem razão, especialmente dentro de um campeonato que, em tese, tem mais times para brigar na parte de cima da tabela.

Sem Giuseppe Marotta, autor de verdadeiros prodígios no mercado doriano nos últimos anos, viu-se pouca movimentação na parte blucerchiata de Gênova. Os maiores esforços foram para manter Storari, Guberti e Zauri, mas apenas os dois últimos permaneceram. No gol, Storari deixou o time após fim de empréstimo, o ídolo Castellazzi foi para a Internazionale e a Sampdoria buscou Curci, um dos arqueiros italianos mais instáveis da década. Sem qualquer outra saída de importância, a diretoria preferiu investir para manter a boa base, livrando-se (ao menos por enquanto) de investidas sobre Palombo, Pazzini, Poli e Cassano.

Para manter o nível do último ano enquanto se divide com uma Liga Europa de sabor amargo, a Sampdoria apostará em jovens que foram bem na temporada passada, como os zagueiros Volta e Rossini, que se destacaram por Cesena e Sassuolo. Mas a principal esperança para o futuro, com um pé no presente, é o artilheiro Marilungo, homem-gol do Lecce campeão da Serie B. Outros retornos importantes são os de Dessena (Cagliari) e Koman (Bari). Se Domenico Di Carlo conseguir fazer com que a equipe mantenha a abordagem vitoriosa que aprendeu com Delneri, será uma Samp para se manter nos trilhos – e, quem sabe, continuar à frente do rival Genoa. (Braitner Moreira)

Atualização: na lateral-direita, Stankevicius, que voltou do Sevilla, foi negociado com o Valencia. O clube ainda trouxe de volta Zauri, da Lazio.

UDINESE
Cidade: Údine (Friul-Veneza Júlia)
Estádio: Friuli (41.652 lugares)
Em 2009-10: 15ª posição
O cara: Antonio Di Natale (atacante)
A promessa: Emmanuel Agyemang-Badu (meio-campista)
O treinador: Francesco Guidolin (estreante)
Principal reforço: Germán Denis (atacante)
Principal perda: Simone Pepe (atacante)
Objetivo: ficar no meio da tabela
Time base (4-3-3): Handanovic; Isla (Cuadrado), Zapata, Domizzi, Pasquale; Inler, Asamoah, Pinzi; Sánchez, Di Natale, Floro Flores

E ele ficou. Di Natale, tentado e quase anunciado pela Juventus, deu sua palavra à Udinese e decidiu não se mover. Escolha importantíssima para o clube, que perderia bastante sem o artilheiro absoluto da Serie A passada. Os friulanos já sentirão a falta de dois nomes relevantes: Pepe e D’Agostino. O primeiro – este sim negociado com a Juve – era opção segura no ataque; o segundo, embora tenha feito péssima temporada 2009-10 depois de não ser liberado para negociar com equipes maiores, havia reencontrado um futebol de nível altíssimo em Údine.

Neste ano, as ambições são um pouco menores. Após o fiasco na temporada passada, a equipe precisa reassumir a condição de incômoda. Sua posição foi a pior de todas as suas campanhas desde que subiu à Serie A, em 1995. A Udinese, que por anos vinha aliando jogadores de alto potencial com entrosamento, desandou em 2009. O fato foi ainda pior se considerarmos que o clube até sonhava em alcançar alguma vaga na Liga dos Campeões. O otimismo vem do banco: quem tem a missão de reerguer o clube é Francesco Guidolin, que não só promoveu como montou um Parma surpreendente para a primeira divisão.

Em campo, é impossível reduzir o destaque de Di Natale, que, mesmo em idade avançada, atravessa a melhor fase de sua carreira. Candreva, versátil e buscando afirmação, é um ótimo reforço para o time, que conta com um crescente Isla em seu lado direito. Sobem as responsabilidades de Asamoah no meio-campo: ele, que era reserva de D’Agostino, ganhou a posição no decorrer da temporada passada e agora deve se firmar de vez. O ataque, mesmo sem Pepe, tem qualidade: Floro Flores e Sánchez são nomes algo acima da média. Passado o susto da possível saída de Di Natale, resta à Udinese um recomeço mais que possível. (Mateus Ribeirete)

Atualização: a falta de ambição da Udinese nesta temporada fez Candreva, que reforçaria bastante o meio-campo do time, deixar a equipe rumo ao Parma. Pinzi, que retornou de empréstimo ao Chievo, deve assumir sua vaga, enquanto o atacante Denis (que, lesionado, volta em outubro) acabou sendo o maior reforço do time. O recomeço na Udinese não parece mais tão possível assim.

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