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Bandeira da Juventus, Antonio Cabrini foi inquestionável na Itália de 1982

Em 1978, Giacinto Facchetti se aposentou e deixou uma lacuna na lateral-esquerda italiana, que fora preenchida brilhantemente por 14 temporadas. O então técnico da Squadra Azzurra, Enzo Bearzot, apostou em um jovem jogador para ocupar o posto que era do lendário jogador da Inter. Mal sabia que Antonio Cabrini também seria lenda no futebol italiano.

Revelado pela Cremonese, Cabrini ficou de 1973 até 1975 disputando a Serie C. Comprado pela Atalanta, disputou a Serie B durante uma temporada (1975-76). No verão de 1976, foi comprado pela Juventus. Sob o comando de Giovanni Trapattoni, logo na sua primeira temporada no clube Cabrini venceu a Serie A e a Copa Uefa pelos bianconeri. No ano seguinte, venceu o segundo scudetto e a Coppa Italia.

Impecável na defesa, Cabrini também era um dos melhores quando atacava, seja para chutar a gol ou cruzar. As boas atuações lhe renderam, apesar da pouca idade (21 anos), a convocação para a Copa do Mundo que seria disputada em 1978, na Argentina. Logo no primeiro jogo daquele Mundial, a Nazionale enfrentaria a França, de um certo – e tão jovem quanto Cabrini – Michel Platini. A vitória por 2 a 1 deu força àquela equipe, que estava sendo massacrada pela imprensa. Mais duas vitórias (sobre a Hungria, por 2 a 1 e a dona da casa, Argentina, por 1 a 0) garantiram à Itália a melhor campanha da primeira fase.

Em mais de uma década, Bell’Antonio dominou a lateral juventina (imago/Kicker)

Mas a equipe não foi bem na fase final e acabou na quarta posição. No final da Copa, Cabrini foi eleito pela Fifa o melhor jogador jovem daquele ano. De volta à Itália, as duas temporadas seguintes foram de vacas magras na Juventus, que viu Milan e Inter levarem o scudetto. Em 1980-81, os bianconeri recuperaram o troféu.

Em junho de 1982, outra Copa do Mundo. Pelo segundo Mundial seguido, Enzo Bearzot comandou a Itália. E, pelo segundo Mundial seguido, Cabrini estava na lateral da Nazionale. Com campanha pífia na primeira fase, a equipe só avançou para as quartas-de-final por causa do número de gols marcados. A Itália venceu a Argentina e conseguiu sua primeira vitória na competição com Cabrini marcando o segundo gol da equipe. Contra o Brasil, no jogo seguinte, Cabrini cruzou para Paolo Rossi marcou o primeiro de seus três gols na vitória por 3 a 2 sobre a seleção brasileira de Telê Santana.

Os azzurri estavam na semifinal, e enfrentaria a Polônia. Mais um triunfo, desta vez por 2 a 0, colocou o time na final da Copa do Mundo após 44 anos. Na final contra a Alemanha, o jogo estava truncado e a melhor chance da partida esteve nos pés de Cabrini em um pênalti sofrido por Bruno Conti. O lateral cobrou e a bola foi para fora, à esquerda do gol de Schumacher. Mas o pênalti não fez falta: a Itália venceu a partida por 3 a 1 e conquistou sua terceira Copa do Mundo.

Maradona e Cabrini: encontro afável antes de uma partida de rivalidade entre Napoli e Juve (Arquivo/Juventus FC)

Nos anos seguintes, a Juventus se transformou em uma potência europeia. Foi vice-campeã da Liga dos Campeões, em 1982-83, ao perder a final para o Hamburgo. Duas temporadas depois, Cabrini conquistou a Europa pelos bianconeri, ao vencer o Liverpool por 1 a 0. Neste jogo, aconteceu a tragédia de Heysel, na qual morreram 38 pessoas no estádio por conta de brigas entre hooligans e o desabamento de um muro.

O lateral ainda ganharia mais duas vezes a Serie A, uma Coppa Italia, uma Supercopa Uefa e um Mundial Interclubes. Ele ainda disputaria a Copa de 1986 como jogador da Juventus. Neste Mundial, a Itália não foi tão bem e acabou eliminada pela França, de Platini, nas oitavas-de-final. Em 1989, Cabrini deixou a Velha Senhora. Foram 13 anos na equipe, o último deles como capitão. Ele ainda disputou duas temporadas no Bologna antes de se aposentar dos gramados, aos 34 anos. Sua despedida da Nazionale aconteceu em 1987.

Cabrini encerrou sua carreira no Bologna (imago/Buzzi)

Se Facchetti jogou por 14 anos na lateral da Squadra Azzurra e não conquistou uma Copa do Mundo, coube a Cabrini ter essa honra. E não só por isso o lateral entrou para a história do futebol italiano. Cabrini era craque, desses que atacava e defendia com extrema maestria. Certamente, Facchetti teve um substituto à altura.

Sobre o pênalti perdido na final da Copa de 82, Bell’Antonio respondeu assim em entrevista ao site da Fifa: “Ainda consigo me lembrar de toda a tensão que havia durante o jogo. Felizmente, para mim, foi um erro sem grandes consequências”.

Antonio Cabrini
Nascimento: 8 de outubro de 1957, em Cremona, Itália
Posição: lateral-esquerdo
Clubes: Cremonese (1973-75), Atalanta (1975-76), Juventus (1976-89) e Bologna (1989-91)
Títulos: Campeonato Italianos (1976-77, 1977-78, 1980-81, 1981-82, 1983-84 e 1985-86) Coppa Italia (1978-79 e 1982-83), Copa dos Campeões (1983-84), Copa Uefa (1976-77), Supercopa Uefa (1984), Recopa Uefa (1983-84), Copa Intercontinental (1985) e Copa do Mundo (1982)
Seleção italiana: 73 jogos, 9 gols

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