Mercado

Mercado: como se mexeram as equipes da Serie A

Abram caminho: Ibrahimovic está de volta à Itália para defender o Milan (Reuters)

Em um ano de crise, o mercado de verão desta temporada foi muito mais modesto do que o da última temporada. Ano passado, Ibrahimovic esteve envolvido na mais importante transferência do futebol italiano, em uma negociação de mais de 60 milhões de euros, que o levou da Inter ao Barcelona, com Eto’o fazendo o caminho inverso. Desta vez o sueco também fez parte da mais importante transação do mercado, acertando com o Milan por empréstimo com obrigação de compra, avaliada em 24 milhões de euros, valores bem mais modestos do que os que o levaram ao clube blaugrana.

Absolutamente mais modesto que em anos anteriores, o mercado não viu grandes movimentações por parte de Inter e Roma, mesmo com a abundância de reforços de Milan e Juventus, protagonistas do mercado. Protagonismo dividido também com um Genoa que foi contra a corrente e investiu bastante para tentar uma inédita classificação para a Liga dos Campeões.

Como de praxe, não faltaram transferências de última hora, como as que levaram Robinho ao Milan e Huntelaar e Borriello para outros clubes (Schalke 04 e Roma, respectivamente) ou a chuva de reforços contratados pelo Cesena no dia do fechamento do mercado. Não faltaram também jogadores que recusaram transferências para outros clubes, como Júlio Baptista, Jankulovski e Vanden Borre. Os clubes aos quais eles estão contratados já os consideram excluídos do grupo e estudam alternativas legais para punir tal comportamento.

Confira agora a análise feita pelo Quattro Tratti do mercado dos 20 clubes da Serie A e não esqueça também de ler o Guia da Serie A 2010-11, atualizado após o fim da janela de transferências. Lembramos que o mercado continuará ativo para negociações com jogadores sem contrato: para estes, o encerramento se dará no dia 31 de março.

Bari
Chegam: D’Alessandro (Roma), Ghezzal (Siena), Pulzetti (Livorno), Raggi (d, Bologna), Rinaldi (Rimini), Romero (Udinese) e Rossi (d, Parma).
Saem: Allegretti (Grosseto), Antonelli (Triestina), Bonucci (Juventus), Carobbio (Siena), Diamoutene (Lecce), Donda (rescisão de contrato), Kamata (Siena), Koman (Sampdoria), Meggiorini (Bologna), Ranocchia (Genoa), Sforzini (Cluj) e De Vezze (Torino).
Nota: 4,5

Após um campeonato interessante na última temporada, seria natural que os principais destaques do Bari interessassem a outros clubes. Foi o que aconteceu com Bonucci, vendido por 15 milhões de euros para a Juventus, e também com peças importantes do time, como Ranocchia, Koman e Meggiorini, que estavam emprestados e não deram retorno financeiro ao clube.

Entre os reforços, Ghezzal é boa opção para acompanhar Barreto no ataque; o meia D’Alessandro é uma das principais revelações da Roma nos últimos anos e pode explodir, assim como Romero, emprestado pela Udinese. No entanto, a defesa, que contava com Bonucci e Ranocchia, dificilmente continuará como ponto alto do time, já que não foram contratados jogadores de peso e o elenco é curto. A aposta no trabalho do técnico Gian Piero Ventura e a vitória contra a Juventus na estreia, coroada com uma boa e aguerrida atuação, deve ter passado a impressão de que o time não precisaria de reforços. Será?

Bologna
Chegam: Armada (Atlético de Madrid), Esposito (Genoa), Ekdal (Juventus), Garics (Atalanta), Gavilán (Betis), Krhin (Inter), Lupatelli (Cagliari), Meggiorini (Bari), Mitrovic (Inter), Paponi (Parma), Morleo (Crotone), Pérez (Monaco), Ramírez (Peñarol), Radovanovic (Atalanta), Rubin (Torino) e Siligardi (Inter).
Saem: Adaílton (Vaslui), Appiah (Cesena), Bernacci (Torino), Colombo (Triestina), Guana (Chievo), Lanna (fim de contrato), Lavecchia (fim de contrato), Marazzina (fim de contrato), Mingazzini (fim de contrato), Paonessa (Parma), Raggi (Bari), Savio (1860 Munique) e Cristiano Zenoni (fim de contrato).
Nota: 7

Depois de anos de penúria, proporcionados pelo reduzido investimento da família Menarini em contratações, o Bologna voltou a se mexer bem no mercado, para tentar garantir mais uma salvezza. Graças ao empresário Sergio Porcedda, que comprou 80% das ações do clube, uma grande renovação foi feita e deve repercutir na forma de jogar da equipe. Contratos de jogadores mais experientes não foram renovados, muitos jovens promissores foram contratados e devem ser peças importantes do elenco, como Esposito, Rubin, Siligardi, Ekdal e Krhin.

Após esta transformação radical, o time tem apenas quatro jogadores com mais de 30 anos – dois deles contratados nesta janela. Entre eles, o volante Diego Pérez, um dos destaques da seleção uruguaia na Copa do Mundo e que negociou com os felsinei durante toda a janela, que se tornou uma das grandes contratações do mercado italiano. Porém, com a demissão de Franco Colomba e a chegada de Alberto Malesani, o time pode demorar um pouco para engrenar.

Brescia
Chegam: Córdova (Parma), Daprelà (West Ham), Diamanti (West Ham), Éder (Empoli), Feczesin (Debrecen), Kone (Iraklis), Sereni (Torino) e Zebina (Juventus).
Saem: El Kaddouri (Südtirol-Alto Adige), Kozák (Lazio), Rispoli (Lecce), Säumel (Torino) e Viotti (Triestina).
Nota: 5,5

Entre os caçulas da Serie A, o Brescia foi o que menos se reforçou, mesmo tendo um dos elencos mais limitados do campeonato. Além disso, o time demorou demais para contratar: até pouco antes da estreia na Serie A, apenas Sereni e Kone haviam sido incorporados ao elenco – além, claro, dos jogadores que voltaram de empréstimo ou foram contratados em definitivo, como Córdova e Feczesin.

Diamanti e Éder são contratações que certamente agregarão e serão úteis para buscar o objetivo da temporada: a permanência na elite. Já Zebina, que será escalado como zageiro, não oferece a mínima tranquilidade para uma defesa, que ao menos terá o experiente goleiro Sereni como titular. O lateral-esquerdo Daprelà, um dos ótimos nomes da jovem geração suíça, é um dos nomes a se observarem.

Cagliari
Chegam: Acquafresca (Genoa), Biasi (Cesena), Laner (AlbinoLeffe), Magliochetti (Triestina), Martignoni (Locarno), Pelizzoli (sem clube), Perico (AlbinoLeffe), Pinardi (Modena) e Sivakov (Piacenza).
Saem: Barone (fim de contrato), Dessena (Sampdoria), Jeda (Lecce), Larrivey (Colón), López (fim de contrato), Lupatelli (Bologna), Marzoratti (Empoli) e Parola (fim de contrato).
Nota: 6

Como sempre, o presidente Massimo Cellino foi econômico e o melhor golpe de mercado foi segurar as estrelas do time – Cossu, Matri e Lazzari. O presidente ainda foi astuto, ao liberar o técnico Allegri para o Milan mediante a cessão da totalidade do zagueiro Astori, uma das revelações da Serie A 2009-10. A perda mais importante – e reposta adequadamente com Sivakov, Pinardi e Laner – foi Dessena, que retornou para a Sampdoria, já que a saída de Jeda nas últimas horas do mercado não deve trazer problema. O atacante havia perdido espaço no time com a chegada de Nenê, na última temporada, e já disputava com Ragatzu a condição de quarta opção de ataque, após a chegada de Acquafresca.

Marchetti, goleiro da seleção italiana, havia pedido para ser negociado, se desentendeu com o presidente e a torcida e chegou a fazer parte de uma complicada transação que não deu certo no último dia do mercado, mas acabou ficando. Com a boa partida de Agazzi na estreia do time na Serie A e a contratação de Pellizzoli, Marchetti já sofre a retaliação do presidente Cellino e ficará encostado até a próxima janela de transferências, em janeiro.

Catania
Chegam: Antenucci (Ascoli), Gómez (San Lorenzo), Pesce (Ascoli) e Raphael Martinho (Paulista).
Saem: Catellani (Sassuolo), Dica (Manisaspor) e Martínez (Juventus).
Nota: 6

O Catania foi um dos times que menos se mexeu no mercado de verão, ao lado da Inter e teve como maior feito segurar os principais jogadores, à exceção de Martínez. Dentre os poucos reforços, apenas o trequartista Gómez tem chance de ser titular no time de Marco Giampaolo, que abandonou o 4-3-3 usado pelos rossoazzurri nos últimos anos para implantar seu 4-3-1-2.

Graças a mudança de esquema, a saída de Martínez para a Juventus não deve ser tão sentida (além de ter engrossado o caixa do clube) e Barrientos, que foi contratado ano passado junto ao San Lorenzo e passou toda a campanha lesionado, também pode ganhar suas primeiras oportunidades. No banco de reservas, Antenucci, vice-artilheiro da Serie B pelo Ascoli, retorna após empréstimo para ser opção ao bomber Maxi López, que inicia a temporada com a promessa de fazer ainda mais gols.

Cesena
Chegam: Appiah (Bologna), Benalouane (Saint-Étienne), Bogdani (Chievo), Budan (Palermo), Caserta (Atalanta), Diego Cavalieri (Liverpool), Fatic (Genoa), Gorobsov (Torino), Ighalo (Udinese), Jiménez (Ternana), Nagatomo (Tokyo FC), Paonessa (Parma), Pellegrino (Atalanta), Tachtsidis (Genoa) e von Bergen (Hertha Berlim).
Saem: Biasi (Cagliari), Bucchi (Napoli), De Feudis (Torino), Djuric (Parma), Franceschini (fim de contrato), Guilherme do Prado (Southampton) e Volta (Sampdoria).
Nota: 7,5

Os cavalos marinhos se mexeram bastante no mercado e, entre as equipes que subiram da Serie B, foi a que mais se reforçou. Além de garantir por mais uma temporada a permanência de jogadores como Malonga e Schelotto, os cesenáticos também contrataram jogadores que atuaram na Copa do Mundo – Appiah, Nagatomo e von Bergen.

Como se não fosse o bastante, os romanholos usaram o último dia da janela de transferências para tapar buracos no elenco e fizeram seis contratações interessantes. Budan chega para assumir o comando de ataque, no lugar do fraco Bogdani, enquanto Jiménez deixa seu pesadelo em Terni para ser titular do meio-campo. Outro ponto interessante no mercado bianconero foi o investimento em jovens promissores: Ighalo, Tachtsidis, Paonessa, Benalouane e Fatic tem histórico em seleções de base – alguns já atuaram nas seleções principais de seus países. As contratações animaram os torcedores: mais de 11 mil compraram carnês para toda a temporada, estabelecendo o recorde de vendas da história do clube.

Chievo
Chegam: Andreolli (Roma), Bogliacino (Napoli), Cesar (Grenoble), Constant (Châteauroux), Dettori (Pescara), Gélson Fernandes (Saint-Étienne), Guana (Palermo), Memushaj (Paganese), Moscardelli (Piacenza), Silvestri (Modena) e Théréau (Charleroi).
Saem: Ariatti (Pescara), Bogdani (Cesena), Hanine (Crotone), Iori (Livorno), Malagò (Triestina), Pinzi (Udinese), Rickler (Piacenza) e Yepes (Milan).
Nota: 6,5

Os burros alados fizeram um mercado interessante para um clube que não tem tanto dinheiro para investir. Assim, o diretor esportivo Giovanni Sartori buscou especialmente jogadores em fim de contrato e negociou o empréstimo de jogadores que estavam encostados em seus times, sem esquecer de olhar para mercados mais alternativos, como o campeonato belga ou a segundona francesa. A saída de Yepes foi reposta com o esloveno Cesar e com Andreolli, que está perto de completar 25 anos e terá a chance de dissipar os ares de eterna promessa que o envolvem.

O meio-campo gialloblù, que não tinha muitas opções, ganhou maior profundidade com Guana e Bogliacino, que brigam pela titularidade com boas chances, e deve ganhar um volante titular aguerrido, com a ótima contratação do poliglota Gélson Fernandes. Em um ataque que tanto dependeu de Pellissier nos últimos anos, o neocontratado Moscardelli aparece como boa alternativa: em sua estreia na Serie A, aos 30 anos, marcou um dos gols na vitória contra o Catania.

Fiorentina
Chegam: Boruc (Celtic), Cerci (Roma), D’Agostino (Udinese), Gulan (1860 Munique) e Papa Waigo (Southampton).
Saem: Di Carmine (Frosinone), Di Tacchio (Frosinone), Gobbi (Parma), Keirrison (Santos) e Mazuch (Anderlecht).
Nota: 6,5

Após a crise que envolveu o clube na última temporada, já se sabia que a equipe de Florença só contrataria em caso de saída de algum dos seus principais jogadores. Como nenhum deles foi negociado, o diretor esportivo Pantaleo Corvino buscou reforços pontuais que não custaram muito, como D’Agostino, Cerci e Boruc (contratado numa manobra preventiva, caso Frey fosse negociado e já insatisfeito pela condição de reserva).

A falta de opções no ataque, problema crônico da equipe na última temporada, foi agravado com a lesão de Jovetic, mas nenhum nome foi contratado, deixando a responsabilidade para o jovem Ljajic e para Mutu, que volta de suspensão na oitava rodada e é a maior “contratação” do mercado viola. No comando do ataque, a escassez de nomes se verifica quando se vê que apenas os talentosos Babacar e Seferovic, de 17 anos, serão os reservas de Gilardino. A única partida importante foi a do técnico Cesare Prandelli, que, a bem da verdade, já vinha dando alguns sinais de estagnação no comando do time, acostumado a jogar no 4-2-3-1. Neste sentido, a chegada de Mihajlovic pode ser de difícil assimilação do grupo no início, mas pode representar um avanço a médio prazo.

Genoa
Chegam: Chico (Almería), Esposito (Livorno), Destro (Inter), Eduardo (Braga), Kaladze (Milan), Miguel Veloso (Sporting), Ranocchia (Bari), Rafinha (Schalke 04), Rudolf (Debrecen), Toni (Bayern de Munique), Zigoni (Milan) e Zuculini (Hoffenheim).
Saem: Acquafresca (Cagliari), Aleksic (Greuther Fürth), Amelia (Milan), Bocchetti (Rubin Kazan), Bolzoni (Siena), Cofie (Torino), El Shaarawy (Padova), Lazarevic (Torino), Esposito (Bologna), Fatic (Cesena), Papastathopoulos (Milan), Paro (Vicenza), Troest (Atalanta) e Zapater (Sporting).
Nota: 9

Após um ano de fracasso e sucesso da rival Sampdoria, o presidente Enrico Preziosi decidiu dar ao clube uma temporada como protagonista – ao menos no mercado. Com o objetivo de chegar às competições europeias, o time foi reformulado de maneira inteligente, primando por gastos nada exoribitantes e pela contratação de promessas, visando futuras vendas. As contratações de Toni e Eduardo devem resolver os problemas dos seus setores, crônicos na última temporada. As vendas do irregular Bocchetti por 10 milhões de euros e do promissor Papastathopoulos abrem espaço para os ótimos Chico e Ranocchia, que ganham uma chance em uma equipe maior. Kaladze agrega um pouco mais de experiência a um setor que já tem Dainelli e Moretti, todos em busca de emular Ferrari e sua ótima temporada no Marassi.

Investindo no mercado estrangeiro, o meio-campo fica bastante fortalecido com as chegadas de Rafinha, Zuculini e do cobiçado Miguel Veloso, alçando o time a um outro patamar no futebol nacional. Resta agora que o treinador Gian Piero Gasperini não cometa o erro de não abrir mão do seu 3-4-3, nem sempre adequado às características dos jogadores à sua disposição, e saiba utilizar as peças que tem.

Inter
Chegam: Benedetti (Torino), Biabiany (Parma), Castellazzi (Sampdoria), Faraoni (Lazio), Mancini (Milan), Philippe Coutinho (Vasco), Rivas (Livorno) e Suazo (Genoa).
Saem: Arnautovic (Werder Bremen), Balotelli (Manchester City), Burdisso (Roma), Daminuta (Milan), Destro (Genoa), Donati (Lecce), Filkor (Milan), Fossati (Milan), Jiménez (Ternana), Krhin (Bologna), Obinna (West Ham), Quaresma (Besiktas), Siligardi (Bologna), Stevanovic (Torino) e Toldo (encerrou carreira).

Nota: 6

Rafa Benítez pediu reforços (mais de uma vez) e não ganhou, estremecendo um pouco as relações com o clube. Assim, o espanhol se torna o primeiro treinador da Era Moratti a não ser agraciado com um reforço, já que as contratações feitas pelo clube – todas pontuais e com o intuito de renovar o time a médio prazo – haviam sido acertadas antes de sua chegada. Após alguns anos de excelente atuação no mercado, Massimo Moratti e Marco Branca entenderam que, após uma temporada vitoriosa, seria mais importante segurar estrelas como Maicon e não fazer loucuras – embora talvez tenha faltado um volante e um lateral-esquerdo.

O Fair Play financeiro da Uefa também contribuiu para a timidez da Inter no mercado e, sobretudo, para a venda de Balotelli e para a aposta em jovens como Biabiany e Philippe Coutinho, em detrimento a contratações suntuosas. A Inter teve um balanço positivo de 43,8 milhões no mercado – quantia que poderia ser maior, se o mercado em saída tivesse sido bem executado. Nomes como Rivas, Mancini e Suazo permaneceram em Appiano Gentile e só servem como indícios claros de que esta janela foi a pior da Beneamata em anos, sobretudo porque as rivais se reforçaram e diminuíram a distância para a equipe nerazzurra.


Juventus
Chegam: Aquilani (Liverpool), Bonucci (Bari), Krasic (CSKA Moscou), Lanzafame (Parma), Martínez (Catania), Motta (Udinese), Pepe (Udinese), Quagliarella (Napoli), Rinaudo (Napoli), Storari (Milan) e Traoré (Arsenal).
Saem: Cannavaro (Al-Ahli), Chimenti (fim de contrato), Cáceres (Barcelona), Camoranesi (Stuttgart), Candreva (Udinese), Diego (Wolfsburg), Ekdal (Bologna), Giovinco (Parma), Immobile (Siena), Marrone (Siena), Molinaro (Stuttgart), Pasquato (Modena), Poulsen (Liverpool), Tiago (Atlético de Madrid), Trézéguet (Hércules) e Zebina (Brescia).

Nota: 7

A italianização do elenco, proposta pelo presidente Andrea Agnelli, tem sido feita, mas o trabalho do diretor esportivo Giuseppe Marotta tem sido contestado: os críticos afirmam que boa parte dos reforços não são adequados para as ambições da Juventus. Críticas à parte, Marotta teve que contratar quatro meias que jogam pelos lados para acomodar o 4-4-2 de Del Neri e acertou com jogadores do calibre de Krasic, Pepe e Martínez, além do promissor Lanzafame. Por outro lado, a Juve continua sem um atacante goleador: com as negativas de Borriello e Di Natale, o clube teve de se contentar com Quagliarella.

No setor defensivo, tão problemático na última temporada, Bonucci aparece como ótima opção e, ao lado de Chiellini, formará no clube a dupla de zaga da seleção italiana. Outros acertos no mercado foram a contratação do bom Storari, que substituirá Buffon na primeira parte da temporada, e a saída de medalhões que recebiam altos salários. Para fazer caixa, Diego foi envolvido numa negociação polêmica, que trouxe a insatisfação do jogador e de Del Neri, que gostaria de contar com o brasileiro no elenco. Mexendo tanto no elenco, a Juve pode demorar a engrenar e, até agora, o futebol demonstrado é inferior ao da dupla de Milão.

Lazio
Chegam: Artipoli (Foggia), Bresciano (Palermo), Correa (Ravenna), Garrido (Manchester City), González (Nacional-URU), Hernanes (São Paulo), Kozák (Brescia), Pedro Rosário (Benfica) e Perpetuini (Crotone).
Saem: Baronio (fim de contrato), Carrizo (River Plate), Cribari (Napoli), Cruz (fim de contrato), Dabo (fim de contrato), Eliseu (Málaga), Faraoni (Inter), Hitzlsperger (West Ham), Kolarov (Manchester City), Makinwa (Larissa), Mendicino (Ascoli), Pintos (Getafe), Simone Inzaghi (encerrou carreira), Siviglia (fim de contrato) e Zauri (Sampdoria).

Nota: 6,5

Em um mercado condicionado pela venda de Kolarov, a Lazio optou por contratar menos jogadores e fazer uma contratação de peso. Dessa maneira, o clube desembolsou 12 milhões de euros (impensáveis para o clube anos atrás) para contratar Hernanes, que será titular e candidato a craque do time. No mais, os aquilotti contrataram Floccari em definitivo, renovaram o contrato de Ledesma e fizeram duas boas contratações para o meio-campo: Bresciano (custo zero) e Álvaro González, por cerca de dois milhões de euros.

No entanto, achar que o espanhol Garrido, eterno reserva do Manchester City, pode substituir Kolarov pode custar caro ao clube, que poderia ter contratado outro jogador para a posição. Faltou também fazer um melhor de redução do plantel: Cruz, Dabo, Carrizo e Siviglia foram embora junto com seus altos salários, mas o elenco laziale ainda é composto por 34 jogadores – muitos deles sem condições de atuar na Serie A.

Lecce
Chegam: Benassi (Perugia), Bertolacci (Roma), Brivio (Vicenza), Chevantón (Sevilla), Coppola (Parma), Diamoutene (Bari), Di Michele (Torino), Donati (Inter), Grossmüller (Schalke 04), Gustavo (Vasco), Jeda (Cagliari), Ofere (Malmö), Olivera (Peñarol), Piatti (Independiente), Reginiussen (Schalke 04), Rispoli (Parma), Sini (Roma).
Saem: Ângelo (Parma), Baclet (Vicenza), Belleri (fim de contrato), Cacia, (Piacenza), Marilungo (Sampdoria), Terranova (Frosinone) e Schiavi (Vicenza).

Nota: 5

A equipe giallorossa contratou muito, mas não trouxe nomes expressivos nem mostrou um bom planejamento. O clube acertou com um número excessivo de atacantes – cinco: Chevantón, Di Michele, Jeda, Ofere e Olivera -, com o agravante de que três deles foram contratados nos dois últimos dias da janela. Além disso, nenhum deles oferece a garantia de gols que um clube que busca a salvezza necessita. A maior aposta é Chevantón, que volta ao clube em que viveu os melhores momentos da carreira, em busca de recuperar uma carreira sem rumo, após a transferência para o Sevilla.

No meio-campo, a aposta em Piatti e Grossmüller, que tiveram experiências fracassadas no futebol europeu, faz com quem Giacomazzi e Munari continuem sendo os principais meias de criação do time. Para a defesa, os pugliesi utilizaram uma estratégia incomum para as equipes italianas e fecharam com muitos jovens (Reginiussen, Rispoli, Brivio, Sini, Bertolacci e Donati), que têm boas chances de serem titulares ao longo da temporada – Sini e Donati já estrearam contra o Milan.

Milan
Chegam: Amelia (Genoa), Boateng (Portsmouth), Daminuta (Inter), Filkor (Inter), Fossati (Inter), Ibrahimovic (Barcelona), Montelongo (River Plate-URU), Papastathopoulos (Genoa), Robinho (Manchester City), Storari (Sampdoria) e Yepes (Chievo).
Saem: Adiyiah (Reggina), Borriello (Roma), Daminuta (L’Aquila), Darmian (Palermo), Dida (fim de contrato), Diniz (Parma), Di Gennaro (Padova), Favalli (fim de contrato), Filkor (Triestina), Huntelaar (Schalke 04), Kaladze (Genoa), Mancini (Inter), Storari (Juventus) e Zigoni (Genoa).

Nota: 9

A bem da verdade, o mercado rossonero começou tímido e pouco animador, com os acertos por Yepes, Amelia e Papastathopoulos, mas ganhou força nas últimas semanas, quando o clube começou a negociar com Genoa e Portsmouth pela contratação em copropriedade de Boateng, que dá mais opções a Allegri no meio-campo. Após anos de poucos investimentos do presidente Silvio Berlusconi no time e consequente pouca atividade no mercado, o Milan voltou a pensar grande, com as contratações de Robinho e Ibrahimovic, que estavam em baixa nos seus clubes. Os dois ocuparão as vagas de Borriello e Huntelaar, negociados, e certamente ajudam a reduzir a distância de qualidade para a rival Inter.

Robinho não deverá ser titular (a menos que Berlusconi exija que o quarteto milanista jogue junto), mas poderá ser muito útil durante a temporada, se souber aproveitar as chances que terá. Ibrahimovic, que não se encontrou no Barcelona, chega com vontade de desbancar a Inter, que o negociou e depois venceu tudo na última temporada e, já começou com declarações polêmicas. A rigor, o Milan passa a brigar pelo título da Serie A, mas um zagueiro para substituir Nesta quando este se lesionar, poderia ter sido contratado para oferecer mais garantias.

Napoli
Chegam: Blasi (Palermo), Bucchi (Cesena), Cavani (Palermo), Cribari (Lazio), Dumitru (Empoli), Lucarelli (Parma), Sosa (Bayern de Munique), Vitale (Livorno) e Yebda (Benfica).
Saem: Amodio (Portogruaro), Bogliacino (Chievo), Cigarini (Sevilla), Contini (Zaragoza), Dalla Bona (Atalanta), Dátolo (Espanyol), Denis (Udinese), De Zerbi (Cluj), Hoffer (Kaiserslautern), Navarro (Argentinos Juniors), Piá (Portogruaro), Quagliarella (Juventus), Rinaudo (Juventus) e Zalayeta (Kayserispor).
Nota: 7

Os grandes méritos do Napoli nesta janela de transferências passam pela cessão de boa parte dos jogadores que estavam encostados e pela pouca mudança no time titular, que, mesmo assim trouxe sensíveis melhorias. Ao fim da Copa do Mundo, o clube fez de Cavani uma ousada contratação, sobretudo por tirar o jogador de uma equipe do sul do país e com objetivos semelhantes na temporada: chegar às competições europeias. Com a saída de um decepcionante Quagliarella para a Juventus, encerraram-se as especulações sobre qual dos craques do time iria parar no banco, e já se sabe que o uruguaio fará a mesma função do napolitano.

Os azzurri mostraram também estar atentos ao mercado externo e acertaram com bons valores como Sosa e Yebda: o primeiro será uma opção a mais para a criação de jogadas, enquanto o ex-meia encarnado lutará com Blasi e Pazienza por uma vaga de titular na volância do time. Blasi e Vitale, que voltam de empréstimo, serão reaproveitados dar mais profundidade ao elenco, assim como os neocontratados Cribari e Lucarelli. O investimento no jovem Dumitru, da seleção sub-19 italiana, agregado ao time principal juntamente com a revelação Maiello, de 19 anos, vai de encontro à política recente de não-valorização de jovens e pode abrir o caminho para o rejuvenescimento do time, o terceiro mais envelhecido do país.

Palermo
Chegam: Bacinovic (Maribor), Darmian (Milan), Glik (Piast Gliwice), Guana (Bologna), Ilicic (Maribor), Jara (Nacional-URU), João Pedro (Atlético Mineiro), Kasami (Bellinzona), Maccarone (Siena), Maniero (Padova), Múñoz (Boca Juniors), Pinilla (Grosseto), Rigoni (Vicenza) e Santiago García (Rosario Central).
Saem: Bertolo (Zaragoza), Blasi (Napoli), Cavani (Napoli), Bresciano (Lazio), Budan (Cesena), Dellafiore (Parma), Fábio Simplício (Roma), Giovio (Grosseto), Guana (Chievo), Kjaer (Wolfsburg), Morganella (Novara), Mazzotta (Pescara), Succi (Padova) e Tedesco (fim de contrato).
Nota: 7,5

Nesta janela de transferências, o Palermo manteve sua condição de equipe que revela e revende talentos. Após a Copa do Mundo destacada de Cavani e as boas temporadas de Kjaer, o presidente Maurizio Zamparini decidiu que seria interessante para o clube fazer caixa com dois jogadores que haviam chegado ao clube com status de revelação e já estão consolidados no cenário europeu. Porém, o setor que sofreu as maiores mudanças foi o meio-campo: jogadores que, ainda que reservas, eram peças importantes – como Fábio Simplício e Bresciano – deixaram o clube a custo zero. Para tantas reposições, o Palermo agiu da maneira que está habituado: através de sua vasta rede de olheiros, o clube buscou jogadores jovens e de mercados menos badalados, como Suíça, Eslovênia e Polônia, além, claro, de guardar espaço para sul-americanos.

Entre os reforços, apenas Pinilla e Maccarone têm mais de 23 anos: de resto, apenas jogadores jovens, que fazem a média etária do time ser de 24,2 anos – a menor da Itália. Em todos os setores, os jovens devem ter destaque: na defesa, Glik, Múñoz e Santiago García disputam a vaga deixada por Kjaer, enquanto Kasami, Rigoni, os eslovenos Bacinovic e Ilicic, além do brasileiro João Pedro, devem ganhar oportunidades, mesmo começando a temporada na reserva. Com tantas mudanças e com a ausência do capitão Miccoli nas primeiras rodadas do campeonato, o Palermo pode demorar para se firmar e, até lá, vai ter que confiar em Sirigu, Pastore e Abel Hernández, em rápido processo de amadurecimento.

Parma
Chegam: Ângelo (Lecce), Candreva (Udinese), Danilo Pereira (Benfica), Dellafiore (Palermo), Diniz (Milan), Marqués (Espanyol), Filipe Oliveira (Braga), Giovinco (Juventus), Gobbi (Fiorentina), Jadid (Salernitana), Paletta (Boca Juniors), Paonessa (Bologna), Paponi (Perugia), Pisano (Torino), Rossi (Sampdoria) e Zé Eduardo (Ajax).
Saem: Biabiany (Inter), Castellini (Roma), Coppola (Lecce), Djuric (Ascoli), Flipe Oliveira (Torino), Jadid (Eupen), Jiménez (Inter), Lanzafame (Juventus), León (Shandong Luneng), Lucarelli (Napoli), Lunardini (Triestina), Paonessa (Cesena), Paponi (Bologna), Rossi (Bari) e Zenoni (fim de contrato).

Nota: 7,5

Com uma boa atuação no mercado, o Parma mantém a ambição de surpreender e chegar à Liga Europa, depois de uma útlima temporada surpreendente, no retorno do time à Serie A. Os crociati passaram boa parte da janela de transferências se esforçando para segurar alguns dos principais nomes do time, como Antonelli e Zaccardo, além de assegurar a permanência de Bojinov, Dzemaili e Dellafiore. Ainda foram contratados reforços úteis e de baixo custo, como Ângelo, Marqués, Paletta e Gobbi, além do meia Danilo Pereira, 19 anos, uma das maiores revelações do futebol português nos últimos anos.

O Parma ainda fez duas ótimas contratações por empréstimo, de dois jogadores de muito talento e que deverão ser importantes para uma eventual briga por Liga Europa. Giovinco, que teve uma estreia muito boa, terá uma temporada de tudo ou nada: ou mostra que é tudo aquilo que dele se espera, ou entra no grupo das eternas promessas. Por sua vez, Candreva foi contratado nos últimos dias da janela para substituir Galloppa, que se lesionou seriamente e só volta ao time em janeiro, e deve dar uma boa mobilidade ao meio-campo. Para chegar em competições europeias, o Parma depende deles.

Roma
Chegam: Adriano (Flamengo), Antunes (Leixões), Borriello (Milan), G. Burdisso (Rosario Central), N. Burdisso (Inter), Castellini (Parma), Cicinho (São Paulo), Fábio Simplício (Palermo), Loria (Torino), Okaka (Fulham) e Rosi (Siena).
Saem: Andreolli (Chievo), Artur (Braga), Bertolacci (Lecce), Cerci (Fiorentina), D’Alessandro (Bari), Faty (Aris), Guberti (Sampdoria), Motta (Udinese), Sini (Lecce), Tonetto (fim de contrato) e Toni (Bayern de Munique).
Nota: 7

Oficialmente à venda, a Roma teve ainda mais dificuldades financeiras neste mercado, devido às incertezas ainda maiores com relação ao futuro do clube. Como a sociedade giallorossa não fez grande renovação no plantel (a equipe titular deve ser praticamente a mesma), o diretor esportivo Daniele Pradè pensou em dar maior profundidade ao plantel. Assim, providenciou as voltas de Rosi, Okaka e até Cicinho, que estavam emprestados, e algumas contratações de baixo ou nenhum custo, como as do lateral-esquerdo Castellini, do zagueiro Guillermo Burdisso (irmão menos famoso de Nicolás) e dos brasileiros Fábio Simplício e Adriano. Durante boa parte da janela, o clube concentrou seus esforços em resgatar Nicolás Burdisso, alvo de uma longa negociação com a Inter, e que só acertou sua volta a Trigoria na última semana de agosto.

A contratação de Borriello nos últimos minutos da janela de transferências, pode indicar a desconfiança da sociedade sobre Adriano, que fez péssima pré-temporada e ainda se lesionou antes da estreia do clube na Serie A. O bomber deve ser titular no esquema de Ranieri, que pretende ter um jogador mais fixo no ataque e não pode contar com Totti sempre que o time precisa, devido aos problemas físicos do capitão. O goleiro Doni, por sua vez, foi relegado ao posto de terceiro goleiro da equipe e deve sair em janeiro.

Sampdoria
Chegam: Curci (Siena), Dessena (Cagliari), Guberti (Roma), Júnior Costa (Ancona), Koman (Bari), Marilungo (Lecce), Rossini (Sassuolo), Volta (Cesena) e Zauri (Lazio).
Saem: Castellazzi (Inter), Franceschini (fim de contrato), Guardalben (fim de contrato), Rossi (Parma), Stankevicius (Valencia) e Storari (Milan).

Nota: 7

O diretor esportivo e o presidente Riccardo Garrone prometeram e cumpriram: a tríade formada por Palombo, Pazzini e Cassano permaneceu no clube, não obstante o interesse de times maiores e a eliminação na Liga dos Campeões. Manter a base foi mesmo o grande trunfo do mercado dos dorianos, que ainda mantiveram dois titulares no time: adquiriram Guberti em definitivo e renovaram o empréstimo de Zauri.

Além disso, a equipe lígure mostrou que privilegia seu vivaio ao dar chances para jovens jogadores que estavam emprestados e tiveram bom desempenho na última temporada – casos de Rossini, Volta, Dessena, Koman e Marilungo. As notas negativas ficam por conta da saída do lateral direito Stankevicius, que poderia permanecer no Marassi, devido à escassez de nomes confiáveis para o setor, além da contratação do goleiro Curci, que se destacou no Siena mas sempre foi reconhecido como um atleta irregular. Com Marchetti disponível no mercado de reparação em janeiro, existe a possibilidade que o clube volte ao mercado.

Udinese
Chegam: Abdi (Le Mans), Angella (Empoli), Armero (Palmeiras), Beleck (Panthrakikos), Benatia (Clermont), Candreva (Juventus), Denis (Napoli), Karagounis (Atromitos), Pinzi (Chievo) e Vydra (Baník Ostrava).
Saem: Candreva (Parma), D’Agostino (Fiorentina), Geijo (Granada), Lodi (Frosinone), Lukovic (Zenit), Mensah (Granada), Motta (Juventus), Obodo (Torino), Pepe (Juventus), Romero (Bari) e Surraco (Livorno).
Nota: 3,5

O pior mercado realizado entre as 20 equipes da Serie A foi o menos ambicioso. Apesar de decisão da diretoria em não negocianão ter ouvido propostas de Inter e Napoli por Inler no último dia da janela, a Udinese cedeu, de uma tacada só, alguns dos jogadores mais técnicos e valiosos de seu elenco: D’Agostino, Motta, Pepe e Candreva saíram por valores relativamente baixos. O clube friulano ainda esteve disposto a negociar Di Natale com a Juventus, porém Totò só não saiu porque não quis, em uma demonstração de fidelidade ao clube.

Menos mal para a Udinese, que contará novamente com o napolitano para escapar do rebaixamento, embora os reforços para o setor ofensivo sejam modestos: Denis não passou momentos propriamente bons no Napoli, enquanto Beleck e Vydra são promessas que pouco devem jogar pelo time principal. O meia-atacante Abdi pode aparecer bem, depois de não ter despontado no Le Mans, da França, após surgir bem no Zürich, da Suíça. Contratações como essa mostram que a rede de olheiros que o clube mantém continua de olho em jovens talentos de todas as partes do mundo. Vale destacar também a contratação do ex-palmeirense Armero, que encontra os também colombianos Zapata e Cuadrado, mas será reserva do ótimo Isla, titular indiscutível da equipe bianconera.

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