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Gianni Rivera, o garoto de ouro do futebol italiano

Foram dois clubes em toda a carreira de Giovanni Rivera. No Alessandria, passou apenas um ano como profissional. Pelos próximos 19 anos, só vestiu a camisa do Milan. A identificação foi inevitável: as 658 partidas, os 164 gols e os 11 títulos levaram o mezz’ala a entrar no hall da fama do clube rossonero.

Gianni Rivera foi precoce e chamou atenção pela forma de atuar, colocando a habilidade sempre em primeiro plano. O começo da carreira deu-se no clube de sua cidade natal, o Alessandria. Com 15 anos e 288 dias, deixou o nome marcado na história da Serie A, tornando-se o segundo atleta mais jovem a participar de uma partida da competição. Estreou contra a Internazionale, que seria sua grande rival no futuro próximo.

Em um ano de Alessandria, marcou seis gols, apesar da idade. Chamou o interesse de vários clubes, mas foi o Milan que contratou o garoto de ouro. Ambidestro, veloz, muito habilidoso e com ótimo poder de finalização, não demorou muito para se adaptar ao forte time rossonero de Liedholm e Altafini. O primeiro título veio logo em 1962, na Serie A, sob o comando de Nereo Rocco. Além do scudetto, a temporada lhe rendeu dez gols e a convocação para a Copa do Mundo do Chile, na qual jogou apenas uma partida.

Rivera recebe sua Bola de Ouro acompanhado por outro craque, Gigi Riva (Interleaning)

Pelo Milan, Rivera seguia a coleção de títulos. Em 1963, levantou sua primeira Liga dos Campeões, já com status de ídolo rossonero. Em 1968, teve a única conquista pela Squadra Azzurra: a Eurocopa disputada em casa. Mas outra vez o garoto de ouro não teve destaque na conquista e ficou fora da final do torneio. Na volta ao Milan, viveu aquela que foi sua melhor temporada, com a segunda Liga dos Campeões, a Taça Intercontinental e a Bola de Ouro da revista France Football – foi o primeiro italiano a receber o prêmio, se considerarmos que Omar Sívori, que venceu em 1961, era argentino naturalizado italiano.

Um ano depois, disputou a Copa de 1970, com Ferruccio Valcareggi no comando da seleção italiana. Para  ser titular na campanha mundial, Rivera teria que disputar uma espécie de dérbi, pois seu adversário pela titularidade era Mazzola, da rival Inter. Para utilizar ambos, o técnico utilizou daquilo que foi chamado de stafetta, cada um jogando um tempo, mas com Rivera aguardando o segundo tempo para atuar.

Desta forma chegaram à final, quando perderam para o Brasil de Pelé. Mazzola chegou a comentar essa rivalidade. “Fazia sentido que os capitães de Inter e Milan não pudessem ser amigos”, disse. “Uma vez saímos do restaurante com a seleção, eu estava próximo à Rivera, que foi abordado por um milanista, que dizia para ele parar de andar comigo, e o chamou de maluco por estar próximo à mim”. Outra importante marca individual veio em 1973, quando foi artilheiro da Serie A, com 17 gols, empatado com Paolino Pulici e Giuseppe Savoldi. Número considerável para alguém que jamais foi atacante.

Rivera e Mazzola, rivais apenas em dérbis de Milão e por posição na seleção italiana (Interleaning)

Depois da artilharia, disputou a quarta e última Copa do Mundo. Não foi bem nos dois primeiros jogos e acabou assistindo do banco a derrota para a Polônia, que custou à Itália a eliminação ainda na primeira fase. Encerrou a carreira em 1979, com outra Serie A conquistada. Com missão cumprida dentro de campo, fora dele Rivera ainda trabalhava pelo Milan e foi vice-presidente até 1986, quando Silvio Berlusconi – de um grupo opositor ao de Rivera – comprou o clube. Hoje, segue carreira política pelo Movimento Federativo Cívico Popular, com ideais da democracia cristã.

Giovanni Rivera
Nascimento: 18 de agosto de 1943, em Alessandria, Itália
Posição: meio-campista
Clubes: Alessandria (1959-60) e Milan (1960-79)
Títulos: Serie A (1962, 1968 e 1979), Coppa Italia (1967, 1972, 1973 e 1977), Copa dos Campeões (1963 e 1969), Recopa Uefa (1968 e 1973), Copa Intercontinental (1969) e Eurocopa (1968)
Seleção italiana: 60 jogos e 14 gols

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