Serie A

24ª rodada: Rolo compressor

No espetáculo do Meazza, a festa é nerazzurra: campeonato reaberto (Reuters)

Não há mais dúvidas: o campeonato italiano está reaberto. Os tropeços do Milan em 2011 se uniram à excelente fase da Inter de Leonardo, que já soma sete vitórias em oito partidas. O alto aproveitamento – 87,5% -e a grande melhora da Inter de Leonardo se traduzem em campo: a Inter joga como se, caso se esforce, consegue ultrapassar o Milan e ser campeã pela sexta vez consecutiva. O ataque melhorou muito e é a grande arma do time de Leonardo. Desde a chegada do novo treinador, a Inter marcou 21 gols – o time de Benítez havia feito 23 no restante do campeonato – e já tem o melhor ataque da competição.

Para tentar atropelar os adversários de uma vez, Leonardo ainda precisa corrigir problemas de uma defesa que sofre muitos gols. O Milan, por sua vez, começa a se preocupar e, para não ser atropelado pelo rolo compressor nerazzurro, terá de voltar a jogar como em 2010.

Inter 5-3 Roma
Na partida mais espetacular do campeonato até agora, Inter e Roma protagonizaram um duelo em que o placar diz apenas uma parte do que foi o jogo. É verdade que os dois times se preocuparam pouco com a defesa, mas é verdade também que Ranocchia e Thiago Motta roubaram muitas bolas e que tanto Júlio César quanto Júlio Sérgio evitaram gols. Mais bem postada em campo, a Inter dominou a Roma e não chegou a sentir os gols (o primeiro, de empate, e os outros dois, que pareciam indicar uma reação romanista mesmo com um a menos).

Focados, os comandados de Leonardo partiram para cima e fizeram uma das melhores atuações no campeonato, guiados por uma brilhante partida de Sneijder e por Eto’o, sempre decisivo em momentos inesperados. Se o primeiro tempo foi mais equilibrado, a Inter praticamente engoliu a Roma na segunda etapa e poderia ter aplicado uma goleada histórica, não fossem defesas de Júlio Sérgio e dois episódios que devolveram a Roma ao jogo. Se não foi uma goleada histórica, a partida acabou entrando para os anais do duelo: nunca haviam sido marcados oito gols no confronto que, na história recente, tem registrado muitos gols e emoções. Talvez não tantas como neste domingo.

Genoa 1-1 Milan
Um Milan em crise técnica encontrou o Genoa em sua melhor neste campeonato – que teve até mesmo um Eduardo seguro durante o jogo. O resultado não poderia ser positivo para os rossoneri, que dominaram amplamente o primeiro tempo, quando os rossoblù pareciam atônitos, sem ideias e se posicionavam mal. Em um lance de sorte, que mudou a história da partida, o Genoa acreditou que era possível parar o Milan: Floro Flores recebeu bola espirrada e respondeu ao gol de Pato, com direito a uma bela assistência de Ibrahimovic, sua décima no campeonato.

A partir de então, a partida mudou: Ballardini mexeu taticamente no time e privilegiou os volantes Milanetto e Kucka, que marcavam muito bem e ainda eram responsáveis para liberarem o time para o jogo, especialmente com Konko, pelo lado direito. A estratégia segurou o meio-campo milanista e fez com que o Grifone dominasse o restante da partida, mas sem transformar oportunidades em gol. Se do lado do Genoa, o técnico foi importante para o resultado positivo, no Milan, Allegri pode ter jogado o campeonato no lixo: colocou pressão sobre seus jogadores ao dizer que seu time é favorito para o título e não se preocupa com a Inter. A reação do time nas próximas rodadas (que reservam ao Milan partidas fora de casa contra Juventus e Palermo, além de duelos no San Siro contra Napoli e Inter) será vital para o destino do Diavolo na competição.

Cagliari 1-3 Juventus
Após três derrotas seguidas (duas no campeonato e uma na Coppa Italia), a Juve voltou a vencer graças ao novo atacante Matri, que marcou uma doppietta contra seu ex-time e deu nova vida ao ataque bianconero. Renunciando ao 4-4-2 pela primeira vez na temporada, Del Neri escalou o ex-cagliaritano como único atacante e colocou Martínez e Krasic apoiando pelos lados, em um 4-3-3 que teve também quatro zagueiros centrais atuando na linha defensiva. Bonucci e Barzagli no miolo e Sorensen e Chiellini nas laterais. As alterações surtiram efeito e, apesar de estar atuando fora de casa, a Juventus foi melhor na maior parte do jogo. Antes de abrir o placar da partida, Matri perdeu duas boas chances e preocupou os torcedores juventinos. Na jogada do gol, contou com a ajuda do ex-companheiro Agazzi, que foi mal e deixou passar uma bola defensável. O empate do Cagliari veio no início do segundo tempo, na primeira boa oportunidade do time: Martínez marcou mal e deixou Cossu tocar para Acquafresca igualar.

Depois, jogo bastante corrido e com chances para os dois lados, mas com um Cagliari mais ofensivo, sob as graças do ídolo Cossu. O banho de água fria para os sardos veio quando Matri marcou de novo, em cruzamento de Chiellini e chegou à marca de quatro gols no confronto nesta temporada, com dois gols para cada lado. Nenê até empatou o jogo, mas o árbitro viu falta de Canini em Toni e anulou o gol. No final, Toni marcou um gol de cabeça da entrada da área e fechou o placar, alcançando seu centésimo tento na Serie A. Destaque também para a entrada de Del Piero, que chegou a seu 444º jogo na divisão máxima e superou Boniperti também neste quesito, após superá-lo como maior marcador da história do clube. Resultado importante para a Juve, que respira um pouco e chega com mais tranquilidade para enfrentar a Inter, no final de semana que vem. (Rodrigo Antonelli)

Napoli 2-0 Cesena
Partida cem por cento azzurra no San Paolo. O Napoli dominou o jogo contra um Cesena extremamente recolhido, resignado com a dificuldade de conquistar pontos na visita à Nápoles. O gol que abriu os trabalhos e que se manteve no placar até os 91, quando Sosa marcou o segundo, nem mesmo demorou para sair na frente. Maggio, com uma grande arrancada entrou na área bianconera e apenas serviu Cavani, artilheiro do campeonato com 18 gols. A excelente partida de Maggio, às custas de Santon (que viu os dois gols napolitanos surgirem a partir de jogadas originadas em seu setor) ainda poderia ter sido premiada com um gol, mas o bandeira não viu que uma cabeçada sua havia ultrapassado a linha do gol.

Impressiona a inércia da equipe de Ficcadenti, que nem mesmo quando perdia por apenas 1 a 0, tentou partir para cima dos donos da casa. A falta de ambição cesenática não pode ser verificada no Napoli, que continua surpreendendo nesta Serie A e está a apenas três pontos do líder Milan. O discurso de Mazzarri é cauteloso: para ele, scudetto é possível, mas primeiro seu time precisa fazer uma boa partida em Roma. A visita ao Olímpico, no domingo, será uma prova importante para romanistas e napolitanos. Qual deles resistirá?

Lazio 1-1 Chievo
O empate em casa contra o Chievo começa a abrir os olhos dos torcedores laziali. Hoje pela manhã, o zagueiro biancoceleste Stendardo declarou que a Lazio não deve lutar por vaga na Liga dos Campeões até o final da temporada. Na semana passada, o técnico Reja também não hesitou em apontar as fragilidades do seu time e falar que a equipe se defende bem, mas tem dificuldades para marcar gols. E ontem, no jogo contra o Chievo, foi exatamente isso que se viu, um time com poder de fogo muito limitado. Sem confiança na conquista de objetivo tão ambicioso, o time vai sucumbindo a suas próprias fraquezas e vai caindo de rendimento.

Com Hernanes e Zárate bem marcados, o time perde muito na articulação de jogadas e raras vezes consegue levar perigo ao gol adversário. Por sorte, o brasileiro não decide apenas com a bola rolando. Ontem, o Profeta converteu boa cobrança de falta para abrir o placar, nos acréscimos do primeiro tempo. Mais tarde, Cesar empatou após aproveitar cobrança de escanteio e deu números finais ao jogo. O bom resultado do Chievo explicita um bom trabalho do técnico Pioli, que montou um time consistente defensivamente e que consegue partir bem para o ataque com Pellissier. O time de Verona vai se afastando da zona de rebaixamento e já acumula a sexta partida de invencibilidade. (Rodrigo Antonelli)

Udinese 2-0 Sampdoria
No Friuli, nada fora do esperado: o bom momento (e futebol) da Udinese não encontrou problemas para afundar ainda mais a Sampdoria. De um lado, já são sete partidas de invencibilidade (a última derrota bianconera foi para a Lazio, no final de dezembro), do outro, cinco jogos sem ganhar e sem marcar um gol sequer. Assim, o time de Guidolin já chega aos 40 pontos e pode sonhar com postos mais altos no campeonato. A Samp de Di Carlo, por outro lado, continua estagnada com seus 27 pontos e começa a ver o rebaixamento como uma situação real. E o time de Údine, comandado por Sánchez e Di Natale, não precisou de mais do que 40 minutos para decidir o jogo.

Em um primeiro tempo totalmente apagado da Sampdoria, a dupla de ataque bianconera fez o que quis e logo colocou o time da casa em vantagem, em uma troca de favores. Primeiro Sánchez aproveitou falta cobrada por Di Natale para marcar e depois foi a vez de o artilheiro converter o passe do chileno em gol, alcançando seu centésimo tento na Serie A vestindo a camisa da Udinese. A agilidade de Armero e Isla pelos lados também merece crédito pelo bom momento. No segundo tempo, quando a maior preocupação do time foi segurar o jogo e se poupar, Zapata foi quem se destacou, mostrando muita segurança na zaga. Do lado da Samp, poucas chances realmente perigosas de gol. Maccarone ficou muito isolado no ataque no 4-2-3-1 inventado por Di Carlo e não teve boas oportunidades. (Rodrigo Antonelli)

Lecce 2-4 Palermo
A grande virada palermitana para cima do Lecce acabou ofuscada por um gesto de amor: quando marcou o gol do primeiro empate rosanero, Fabrizio Miccoli, nascido em Lecce e torcedor do clube giallorosso, caiu em lágrimas. O Romário do Salento nem mesmo voltou a campo para o segundo tempo, dando lugar a Abel Hernández, que teve a alegria de comemorar um gol após três meses de inatividade.

O início de segundo tempo palermitano, fomentado pela decisiva participação de Ilicic, recém-entrado, fez com que o time virasse o jogo e impedisse Jeda de comemorar seu centésimo tento em solo italiano. A derrota salentina após sofrer a incrível virada em menos de dez minutos mantém o time em situação preocupante, às vésperas da visita a Catania. O Palermo, por sua vez, não perde terreno na briga por uma vaga europeia. No ambiente siciliano, a ordem de Delio Rossi é uma só: não falar sobre Liga dos Campeões. Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

Brescia 2-0 Bari
Um lance pode mudar a história de um campeonato. O clichê que reproduzimos aqui pode acabar sendo verdadeiro para o Brescia: no terceiro minuto dos acréscimos, o bielorrusso Kutuzov perdeu uma chance incrível frente a Arcari e possibilitou que Hetemaj fizesse lançamento de 50 metros para Caracciolo matar o jogo. A volta de Iachini ao comando do time deu um novo ânimo aos jogadores brescianos, que começama a acreditar na permanência na elite e vão contando com a má fase do Catania para sonharem alto. Na semana que vem, em caso de tropeço etnei e uma vitória ante à Lazio, a zona de retrocesso deve ficar para trás.

Em Bari, a zona de rebaixamento parece já ter sido bem aceita por jogadores e torcida. O time já está nove pontos atrás do primeiro time que não seria rebaixado hoje, o Catania, e caminha a passos largos rumo à Serie B. As contratações feitas em janeiro possibilitaram a Ventura armar um inédito 4-3-3 na partida do Rigamonti, mas o desperdício de gols – especialmente de Castillo, além do já citado erro de Kutuzov – tornaram a constante pressão biancorossa absolutamente inefetiva. Se o time não tem jogado bem, com tanto azar assim, escapar do retrocesso parece um pequeno milagre.

Bologna 1-0 Catania
A melhor temporada do Bologna desde que o clube tinha Julio Cruz e Giuseppe Signori no ataque, no início dos anos 2000, continua de vento em popa. Toda a crise societária extracampo não tem afetado o futebol da equipe, que, por sinal é um dos mais eficientes da Serie A. Alberto Malesani, muitas vezes visto apenas como um treinador folclórico por causa de acontecimentos como este, merece os créditos: conseguiu manter a defesa sólida dos tempos de Franco Colomba e, na parte ofensiva, montou um time fluido, com a adição de Ekdal, Della Rocca e Ramírez ao elenco. Di Vaio, no comando do ataque, é o matchwinner que pode garantir cerca de 20 gols fundamentais na temporada.

Frente ao Catania, mais um resultado positivo contra uma concorrente direta na briga pela salvezza levou o time a manter a invencibilidade em jogos com este caráter. Se para o Bologna, permanecer na elite parece fato consumado, o Catania continua em queda livre desde que Simeone foi contratado. O técnico argentino não consegue dar jeito na equipe, que tem sofrido mais gols do que sofria sob o comando de Giampaolo. Os sicilianos estão apenas um ponto acima da zona de rebaixamento e tem motivos para se preocuparem: a queda de rendimento é notável e pode empolgar Brescia e Cesena, que tem alguma margem de melhoramento. Na semana que vem, os rossoazzurri recebem o Lecce, em outra batalha direta pela permanência e mais um tropeço pode jogar o time na zona de rebaixamento.

Parma 1-1 Fiorentina
O golaço de bicicleta de Amauri talvez tenha sido o único momento de beleza da partida, que acabou sendo muito truncada e cheia de cartões amarelos – dez, no total. O ítalo-brasileiro chegou ao Parma com a moral de barrar Crespo, artilheiro do time com 8 gols, e tem iniciado bem sua aventura na Emília-Romanha: além do golaço (que o tirou de um jejum de 357 dias sem marcar), Amauri fez uma ótima partida, participando ativamente do jogo. No entanto, a Fiorentina foi mais perigosa e por pouco não saiu do Ennio Tardini com a vitória fora de casa desde a última temporada. Na equipe viola, o destaque ficou pela volta de Mutu, reintegrado ao grupo depois de atos de indisciplina em janeiro. O romeno, no entanto, não conseguiu tirar do placar uma igualdade que não agradou a nenhum dos dois times.

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Seleção da 24ª rodada
Júlio César (Inter); Maggio (Napoli), Ranocchia (Inter), Kaladze (Genoa), Criscito (Genoa); Thiago Motta (Inter), Kucka (Genoa); Ilicic (Palermo), Sneijder (Inter), Eto’o (Inter); Matri (Juventus). Técnico: Davide Ballardini (Genoa).

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