Serie A

Review da temporada, parte 2

Juventus não foi brilhante, mas foi superior. O melhor time da Itália foi bicampeão (AFP)

Na semana passada, começamos a relembrar como foi a temporada no futebol italiano em um especial. Naquela ocasião, analisamos a campanha de dez equipes, aquelas colocadas entre a 11ª e a 20ª posições no torneio, deixando para a segunda parte os melhores da Serie A. É hora de relembrar como os dez primeiros colocados viveram a temporada 2012-13, do Parma à campeã Juventus. Boa leitura!

Para a parte 1, clique aqui. Especial publicado também na Trivela.

Parma
A campanha: 10ª
colocação, 49 pontos. 13 vitórias, 10 empates e 15 derrotas.
Ao final de 2012:
8ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Catania
O ataque:
45
gols
A defesa:
46
gols
Time-base:

Mirante; Rosi (Benalouane, Zaccardo), Paletta, Lucarelli, Gobbi; Marchionni, Valdés, Parolo; Biabiany, Amauri, Belfodil (Sansone).
Os artilheiros:

Amauri (10 gols), Ishak Belfodil (8) e Nicola Sansone (6)
Os onipresentes:
Marco Parolo (36 partidas), Gabriel Paletta (35) e Massimo Gobbi (34)
O técnico:
Roberto Donadoni
O decisivo:
Amauri
A decepção:
Dorlan Pabón
A revelação:
Ishak Belfodil
O sumido:
McDonald Mariga
Melhor contratação:
Ishak Belfodil
Pior contratação:
Djamel Mesbah
Nota da temporada:

5,5

A temporada parmiggiana foi de altos e baixos. Se no primeiro turno o time de Donadoni surpreendia e parecia capaz de brigar por uma vaga europeia, com direito a invencibiliade caseira, a venda de Zaccardo ao Milan acabou destruindo um projeto promissor. Após a troca que levou o zagueiro/lateral ao clube milanês e Mesbah para o banco de reservas em Parma, a defesa perdeu em liderança e o time acabou acumulando apenas uma vitória nos dez primeiros jogos do returno. Essa série negativa comprometeu e muito o restante da temporada, e o clube se contentou com o meio da tabela. de qualquer forma, o trabalho de Donadoni é um dos melhores do futebol italiano e tem poucos motivos para receber críticas. Desde que voltou à elite, primeiro com Guidolin, depois num parêntese com Marino e Colomba, e, por fim, com o ex-técnico da seleção italiana, o Parma tem feito campanhas consistentes.

Em equipes medianas, Donadoni realiza excelentes trabalhos

Nessa temporada, o bom desempenho valorizou ainda mais o ótimo zagueiro Paletta, um dos jogadores com melhor índice de roubadas de bola no campeonato. Donadoni ainda conseguiu recuperar jogadores que estavam acabados para o futebol, como Marchionni, e outros que vinham em fase bem negativa, como Amauri (que teve momentos de seu auge, no Palermo e nos primeiros meses de Juventus), Valdés e Parolo. O Parma ainda teve dois dos melhores jovens do campeonato: Belfodil, que está na mira da Inter após marcar oito gols e dar quatro assistências, e Sansone, um meia-atacante muito rápido e com personalidade: fez gols contra Inter, Juventus e no dérbi contra o Bologna.

Inter
A campanha:
colocação, 54 pontos. 16 vitórias, 6 empates e 16 derrotas.
Ao final de 2012:
4ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminada nas semifinais da Coppa Italia pela Roma e nas oitavas de final da Liga Europa pelo Tottenham
O ataque:
55
gols
A defesa:
57
gols, a segunda pior
Time-base:

Handanovic; Ranocchia, Samuel, Juan; Zanetti, Guarín, Cambiasso, Gargano (Kovacic), Pereira (Nagatomo); Cassano (Álvarez), Palacio (Milito).
Os artilheiros:

Rodrigo Palacio (12 gols), Diego Milito (9) e Antonio Cassano (7)
Os onipresentes:
Samir Handanovic (35 jogos), Javier Zanetti e Esteban Cambiasso (ambos com 33 jogos)
O técnico:
Andrea Stramaccioni
O decisivo:
Samir Handanovic
A decepção:
Ezequiel Schelotto
A revelação:
Mateo Kovacic
O sumido:

Dejan Stankovic
Melhor contratação:
Rodrigo Palacio
Pior contratação:
Matías Silvestre
Nota da temporada:
3

A torcida da Inter está aliviada neste momento. Afinal, a temporada mais estranha do clube na história e a pior em quase 20 anos já acabou. A equipe ficou fora de competições europeias pela primeira vez depois de 14 anos e, com 16 derrotas, atingiu o recorde negativo de partidas perdidas em campeonatos com 20 equipes. Para piorar, a equipe acabou tendo a segunda pior defesa da Serie A (38 dos gols sofridos em 2013, quando a taxa de lesões aumentou muito) e terminou a temporada com saldo de dois gols negativos. A estranheza da temporada é tanta que esta Inter tem também a segunda melhor marca de vitórias consecutivas na história do clube: 9 em sequência, perdendo apenas para o time de Mancini em 2006-07.

Nem tapando as orelhas a Inter de Cassano fugiu das críticas

Stramaccioni acabou demitido, mas foi poupado pela diretoria do clube e pelos torcedores, que não viram nele uma grande parcela de culpa pelo desastre que aconteceu sobretudo em 2013. O álibi para a má fase (o enorme número de lesões) tem fundo de verdade, já que até o surto de jogadores lesionados atingir a Inter, a equipe fazia um campeonato digno: brigava pela Liga dos Campeões, demonstrava ter um ataque capaz de incomodar e tinha até vencido a Juventus em Turim, além de ter batido Milan, Fiorentina e Napoli. Agora, de mãos abanando após o fim da temporada e já com Mazzarri confirmado como técnico, a equipe buscará se reconstruir mais uma vez, com pilares como Handanovic, Kovacic, Cassano, Palacio, Milito e Icardi.

Catania
A campanha:
colocação, 56 pontos. 15 vitórias, 11 empates e 12 derrotas.
Ao final de 2012:
9ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pela Lazio
O ataque:
50
gols
A defesa:
46
gols
Time-base:
Andújar; Álvarez (Bellusci), Legrottaglie, Spolli, Marchese; Izco, Almirón (Biagianti), Lodi; Barrientos (Castro), Bergessio, Gómez.
Os artilheiros:

Gonzalo Bergessio (13 gols), Alejandro Gómez (8) e Francesco Lodi (6)
Os onipresentes:
Alejandro Gómez (36 partidas), Lucas Castro (36) e Gonzalo Bergessio (35)
O técnico:

Rolando Maran
O decisivo:
Alejandro Gómez
A decepção:
Alexis Rolín
A revelação:
Souleymane Doukara
O sumido:
Adrián Ricchiuti
Melhor contratação:
Lucas Castro
Pior contratação:
Alexis Rolín
Nota da temporada:
8

Ano após ano, o sorriso dos torcedores do Catania é maior. Em todas as últimas quatro temporadas, o clube quebrou o recorde de pontos, confirmando uma ascensão baseada na continuidade dos treinadores e em uma boa rede de olheiros espalhada, sobretudo, pela Argentina – o trabalho foi mantido mesmo após a saída do diretor esportivo Lo Monaco. Desta vez, os méritos vão para o técnico Maran, que estreava na elite depois de bons trabalhos na segundona com Vicenza e Varese, mas chegava com uma aura de desconfiança, afinal a passagem de Montella havia sido muito boa. Além do recorde de pontos, o seu time ficou na 8ª posição, a melhor classificação dos etnei na tabela – alcançada outras três vezes.

Ao lado de Lodi, Gómez foi destaque no Catania de Maran

Dentro de campo, Maran manteve uma estrutura muito semelhante àquela de Montella. A equipe baseava seu jogo no 4-3-3, mas variava (até mesmo dentro de uma mesma partida) também entre o 4-2-3-1 e o 3-5-2. Os maiores destaques foram Lodi, no primeiro turno, e Gómez, no segundo. Jogador cerebral, Lodi comandou o meio-campo siciliano, mas acabou tendo uma pequena queda depois que Milan e Inter demonstraram interesse em seu futebol. Mais constante, o argentino Gómez fez sua melhor temporada na Itália, mostrando um futebol muito objetivo e insinuante, caindo pelas pontas do campo e contando com as ajudas de Castro e Barrientos. No comando do ataque, Bergessio também teve seu melhor ano na Itália e, apesar de não ser um atacante com grande nome, deve permanecer no comando do ataque rossoazzurro.

Lazio
A campanha:
colocação, 61 pontos. 18 vitórias, 7 empates e 13 derrotas. Classificada à Liga Europa.
Ao final de 2012:
2ª colocação
Fora da Serie A:

Campeã da Coppa Italia e eliminada nas quartas de finais da Liga Europa pelo Fenerbahçe
O ataque:
51
gols
A defesa:
42
gols, a quarta melhor
Time-base:

Marchetti; Konko (González), Biava, André Dias (Ciani, Cana), Radu; Candreva, Hernanes, Ledesma, González (Mauri), Lulic; Klose.
Os artilheiros:
Miroslav Klose (15 gols), Hernanes (11) e Antonio Candreva (6)
Os onipresentes: Cristián Ledesma (36 partidas), Antonio Candreva (35), Hernanes e Álvaro González (ambos com 34)
O técnico:
Vladimir Petkovic
O decisivo:
Federico Marchetti
A decepção:
Libor Kozák
A revelação:
Eddy Onazi
O sumido:
Mauro Zárate
Melhor contratação:
Éderson
Pior contratação:
Louis Saha
Nota da temporada:
6,5

Com a mesma base da temporada anterior, a Lazio fez apenas uma mudança substancial: com a saída de Edy Reja, o presidente Lotito levou o técnico Petkovic para o Olímpico por um baixo custo anual – apenas 600 mil euros. A aposta rendeu aos aquilotti o título da Coppa Italia, conquistada sobre a rival Roma, mas tinha potencial para mais. Ao fim de 2012, a Lazio era a vice-líder da Serie A e jogava um futebol muito sólido, no qual Marchetti (um dos melhores arqueiros da temporada) e a forte linha defensiva, auxiliados pelo recuo de Ledesma, eram o destaque. Hernanes e Candreva criavam no meio-campo, Klose fazia os gols e todos estavam combinados assim. Porém, Klose se machucou e passou dois meses parado, e a defesa biancoceleste também sofreu com desfalques. Floccari até se esforçou, mas seus cinco gols – e a nulidade de Kozák, que passou em branco – não foram suficientes. A casa caiu.

Sem Klose, Lazio não esteve OK, no máximo mais ou menos

A decepção pela sétima posição foi aplacada pelo título da copa nacional, mas a torcida da Lazio está cansada. Reja nunca teve o apoio incondicional da maior parte dos torcedores porque, de acordo com eles, se contentava com pouco – ou seja, não ambicionava a Champions. Hoje, a diretoria também quer mais e Petkovic só não caiu porque conseguiu um título e, claro, manteve a invencibilidade contra a Roma, que já dura mais de dois anos. Para a próxima temporada, além de manter a forte base (ao menos Marchetti, Ledesma, Hernanes, Candreva, Lulic e Klose), será importante para a equipe reforçar mais o elenco e colocar a base para trabalhar. Onazi e Rozzi, revelados em Formello, tem futuro.

Roma
A campanha:
colocação, 62 pontos. 18 vitórias, 8 empates e 12 derrotas.
Ao final de 2012:
6ª colocação
Fora da Serie A:
Vice-campeã da Coppa Italia, derrotada pela Lazio
O ataque: 71
gols, o terceiro melhor
A defesa:
56
gols, a quarta pior
Time-base:
Stekelenburg (Goicoechea); Piris, Marquinhos, Leandro Castán (Burdisso), Balzaretti; Bradley, De Rossi (Tachtsidis), Florenzi (Pjanic); Lamela, Totti, Osvaldo.
Os artilheiros: Pablo Osvaldo (16 gols), Erik Lamela (15) e Francesco Totti (12)
Os onipresentes:
Alessandro Florenzi (36 partidas), Francesco Totti (34) e Erik Lamela (33)
Os técnicos:
Zdenek Zeman, até a 23ª rodada e Aurelio Andreazzoli, da 24ª em diante
O decisivo:
Francesco Totti
A decepção: Daniele De Rossi
A revelação:
Marquinhos
O sumido:
Rodrigo Taddei
Melhor contratação:
Marquinhos
Pior contratação:
Mauro Goicoechea
Nota da temporada:
5

A Roma foi a única equipe entre as dez primeiras colocadas da Serie A a ter trocado de técnico durante a competição. Não é à toa: é o time cujo projeto está mais obscuro. A diretoria contratou Zeman, autor de um belo trabalho na segundona com o Pescara, muito mais para tentar conquistar a torcida, já identificada com ele e sedenta por um futebol ofensivo, mas deveria saber que o “pacote zemaniano” não é aquele que põe títulos na sala de troféus de clube algum. Quando a Roma ia caindo de produção, mas mantinha uma alta média de gols feitos e também de sofridos, a diretoria não quis saber e demitiu o tcheco. Andreazzoli, seu assistente, o substituiu e logo implantou um 3-4-2-1 menos vistoso, mas muito mais eficiente. A vaga europeia ficou por um fio e, agora, no terceiro ano da nova gestão, um terceiro projeto deve começar quase do zero.

Com insatisfação, Roma vai para mais um ano de incógnitas

A grande incógnita do próximo projeto é o lugar de De Rossi. Desde o vice-campeonato nacional em 2009-10 o meia vive uma fase muito ruim – Zeman chegou, corretamente, a barrá-lo durante boa parte do campeonato. No gol, Goicoechea foi um desastre, assim como a gestão do caso Stekelenburg, que deveria ter saído em janeiro por divergências com o ex-treinador, mas acabou ficando depois de já estar quase assinado com o Fulham, clube para o qual deve se transferir nos próximos dias – para completar, Goicoechea, seu substituto, foi uma lástima. Apesar de tudo, a Roma teve pontos muito positivos, como as afirmações de Florenzi e Lamela, os gols de Osvaldo (Destro, no entanto, ficou ofuscado e não rendeu o esperado)… e, claro, a grande forma de Totti, mesmo aos 36 anos. Os romanistas puderam comemorar ainda a ascensão de Totti à vice-artilharia histórica na Serie A, com 227 gols. Sem dúvida, porém, o destaque da temporada foi a contratação de Marquinhos, que, aos 18 anos, joga como um veterano. Se não vendê-lo, o clube romano terá um zagueiraço por anos.

Udinese
A campanha:
colocação, 66 pontos. 18 vitórias, 12 empates e 8 derrotas. Classificada à Liga Europa
Ao final de 2012:
10ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pela Fiorentina, nos play-offs da Liga dos Campeões pelo Braga e na fase de grupos da Liga Europa
O ataque:
59
gols
A defesa:
45
gols
Time-base:
Brkic; Benatia (Angella, Heurtaux), Danilo, Domizzi; Basta, Allan, Badu (Pinzi), Pereyra, Pasquale (Gabriel Silva); Lazzari (Muriel); Di Natale.
Os artilheiros:
Antonio Di Natale (23 gols), Luis Muriel (11) e Roberto Pereyra (5)
Os onipresentes:
Roberto Pereyra (37 partidas), Allan (36) e Antonio Di Natale (33)
O técnico:
Francesco Guidolin
O decisivo: Antonio Di Natale
A decepção:
Maicosuel
A revelação:
Piotr Zielinski
O sumido:
Willians
Melhor contratação:
Allan
Pior contratação:
Maicosuel
Nota da temporada:
7

Guidolin, Di Natale e companhia protagonizaram mais um milagre em Údine. Um menor que os dois anteriores, no entanto, mas suficiente para levar a equipe à Europa pelo terceiro ano consecutivo. Novamente, o time começou o campeonato tropeçando e teve um 2012 ruim, com direito à eliminação da LC e da Liga Europa. Os reforços não se adaptavam muito bem (casos de Maicosuel e Willians, que em janeiro voltou ao Brasil), a torcida descobria que Brkic não era Handanovic, e já via que Pasquale e Gabriel Silva não pareciam substitutos à altura de Armero, de saída para o Napoli. O ciclo de Guidolin estava perto do fim e o técnico chegou a colocar o cargo à disposição da diretoria. Porém, a equipe iniciou uma arrancada no início de 2013 e ganhou cinco posições no ano, fechando a temporada em alta.

Guidolin e Di Natale: os milagreiros do Friuli

Pelo quarto ano consecutivo, Di Natale marcou mais de 20 gols em uma única temporada e foi o grande nome do time. Logo abaixo dele, se ano passado o brasileiro Danilo foi o grande destaque, desta vez outro jogador verde e amarelo apareceu como destaque: Allan, ex-Vasco, se adaptou muito rápido, deu cinco assistências para gol e, ao lado de Basta, constituiu um lado direito muito forte. Titular no segundo turno, Gabriel Silva cresceu de produção e também ganhou moral. No segundo turno, o crescimento da Udinese pode ser atribuído ao despertar de dois jovens, que vinham mal: Muriel e Pereyra. O primeiro recuperou a forma física e marcou nove gols no returno, enquanto o segundo fez três gols e contribuiu com muita movimentação. Certamente, os dois, Allan, o jovem polonês Zielinski e Vydra (que esteve emprestado ao Watford) serão os próximos a se valorizarem na corte de Guidolin.

Fiorentina
A campanha:
colocação, 70 pontos. 21 vitórias, 7 empates e 10 derrotas.
Ao final de 2012:
3ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminada nas quartas de final da Coppa Italia pela Roma
O ataque:
72
gols, o segundo melhor
A defesa: 44
gols, a quinta melhor
Time-base:
Viviano; Roncaglia (Tomovic), Rodríguez, Savic; Cuadrado, Aquilani, Pizarro, Borja Valero, Pasqual; Jovetic, Ljajic (Toni).
Os artilheiros:
Stevan Jovetic (13 gols), Ádem Ljajic (11) e Luca Toni (8)
Os onipresentes:
Borja Valero (37 partidas), Juan Guillermo Cuadrado (36), Manuel Pasqual e Gonzalo Rodríguez (ambos com 35)
O técnico:
Vincenzo Montella
O decisivo: Borja Valero
A decepção:
Mattia Cassani
A revelação:
Ádem Ljajic
O sumido:
Mohamed Sissoko
Melhor contratação:
Borja Valero
Pior contratação: Cristián Llama
Nota da temporada:
8

Quando a Fiorentina começou a montar o time para esta temporada, já se esperava que a equipe fosse fazer uma boa campanha. Foram contratados jogadores que, se bem comandados, poderiam mudar o patamar da equipe (Viviano, Rodríguez, Roncaglia, Valero, Cuadrado, Aquilani, Pizarro), e um técnico muito promissor. A expectativa é que a equipe viesse a crescer ao longo do campeonato, mas logo os florentinos responderam e começaram o campeonato à toda, brigando na parte de cima da tabela. O entrosamento foi quase instantâneo, mas a grande exigência física e o cansaço psicológico acabaram fazendo o time não vencer nos quatro primeiros jogos do ano – perda de pontos que se mostrou fundamental para tirar o time da Champions.

A classe e objetividade de Valero conquistaram Florença

Montella montou uma Fiorentina muito parecida com seu Catania do ano anterior. Um 3-5-2 envolvente, com meio-campistas excepcionais, hábeis em manter a posse de bola, e dois alas muito bons no apoio, além de atacantes que “conversam” bem. O resultado é que os titulares nestes setores acumularam, juntos, 44 assistências para gols. Valero, ponto de referência do time, conseguiu ofuscar Jovetic, outrora o dono do time, uma vez que chamou a responsabilidade e foi uma espécie de Pirlo para a equipe toscana. O espanhol foi o jogador de linha que mais jogou em todo o campeonato,o segundo que mais passou a bola, logo abaixo do italiano, e ainda o terceiro colocado no quesito assistências, com 11, quatro a mais que o juventino. No ataque, a grata surpresa foi a explosão de Ljajic, que precisou de quase três anos para demonstrar todo o seu potencial em Florença (11 dos 15 gols que marcou no clube foram feitos neste ano). Por muito pouco a Fiorentina ficou fora da LC (a torcida não perdoa o erro de arbitragem favorável ao Milan na última rodada), mas é bom que os outros times não bobeiem ano que vem. O time brigará ainda mais forte.

Milan

A campanha:
colocação, 72 pontos. 21 vitórias, 9 empates e 8 derrotas.
Ao final de 2012:
7ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado nas quartas de final da Coppa Italia pela Juventus e nas oitavas de final da Liga dos Campeões pelo Barcelona
O ataque:
67
gols, o quinto melhor
A defesa:
39
gols, a terceira melhor
Time-base:
Abbiati; Abate, Zapata (Yepes), Mexès, De Sciglio (Constant); Nocerino (Ambrosini), Montolivo, Flamini (Muntari, Constant); Boateng, Pazzini (Balotelli), El Shaarawy.
Os artilheiros:
Stephan El Shaarawy (16 gols), Giampaolo Pazzini (15) e Mario Balotelli (12)
Os onipresentes:
Stephan El Shaarawy (37 partidas), Riccardo Montolivo (32) e Giampaolo Pazzini (30)
O técnico:
Massimiliano Allegri
O decisivo:
Mario Balotelli
A decepção:
Kevin-Prince Boateng
A revelação:
Mattia De Sciglio
O sumido:
Francesco Acerbi
Melhor contratação:
Mario Balotelli
Pior contratação:
Bakaye Traoré
Nota da temporada:
7,5

O Milan fez um campeonato no melhor estilo corrida de recuperação. Largou muito mal, acabou encostando em alguns carros e teve de trocar pneus e aerofólios. A estratégia de equipe mudou em meados de outubro e na “pit-stop” de mercado de janeiro, a adição de uma peça chamada Balotelli mudou tudo. Desde que o Super Mario chegou, o Milan apenas subiu de produção, embora El Shaarawy tenha sumido. Ao todo, o ataque rossonero se mostrou um dos mais letais do campeonato, com três atacantes que marcaram mais de 10 gols na temporada – todos italianos, dois deles contratados nesta temporada; Pazzini e o próprio Balotelli. O Milan, vale destacar, crescia também na parte final dos jogos: 24 gols (35% dos marcados em 2012-13) foram feitos nos últimos 15 minutos.
 

No Milan e na seleção, El Shaarawy e Balotelli são estrelas
Quem também merece méritos é Allegri. O técnico virou o jogo, escalando o time num 4-3-3 interessante e equilibrado. Com isso, o Diavolo sofreu apenas 13 gols após a virada do ano, mesmo jogando com uma defesa de peças contestáveis, como Mexès e Zapata, que vinham em má fase (cresceram, depois), Constant improvisado na lateral esquerda em alguns jogos e o inexperiente De Sciglio, uma das gratas surpresas no campeonato. Montolivo foi importante para isto, pois cumpriu papel tático importante na recomposição e na armação de jogadas, atuando mais ou menos como Pirlo em seus tempos de Milão. Allegri (com a ajuda de Galliani) venceu a queda de braço com Berlusconi e fica no clube, com méritos. Mas, se há críticas a se fazer a seu trabalho, aí vão duas: fazer Boateng render como antes e deixar a equipe mais forte em confrontos diretos. Afinal foram apenas três vitórias em 12 jogos contra os sete primeiros colocados. Seu Milan foi implacável contra os pequenos, mas para a Liga dos Campeões, é preciso mais.

Napoli
A campanha:
colocação, 78 pontos. 23 vitórias, 9 empates e 6 derrotas.
Ao final de 2012:
5ª colocação
Fora da Serie A:
Vice-campeão da Supercopa italiana, eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Bologna e nos 32 avos de final da Liga Europa pelo Viktoria Plzen
O ataque:
73
gols, o melhor
A defesa:
36
gols, a segunda melhor
Time-base:
De Sanctis; Campagnaro, Cannavaro, Gamberini (Britos); Maggio, Inler (Dzemaili), Behrami, Zúñiga; Hamsík, Pandev (Insigne); Cavani.
Os artilheiros:
Edinson Cavani (29 gols), Marek Hamsík (11) e Blerim Dzemaili (7)
Os onipresentes:
Marek Hamsík (38 partidas), Lorenzo Insigne (37), Edinson Cavani, Blerim Dzemaili e Morgan De Sanctis (todos com 34)
O técnico:
Walter Mazzarri
O decisivo:
Edinson Cavani
A decepção:
Eduardo Vargas
A revelação:
Lorenzo Insigne
O sumido:
Marco Donadel
Melhor contratação:
Valon Behrami
Pior contratação:
Bruno Uvini
Nota da temporada:
8

Apenas o segundo melhor Napoli da história, abaixo daquele comandado por Maradona e Careca, que foi bicampeão italiano. Se aquele time do fim da década de 1980 e início de 1990 tinha essa dupla, o atual tem os inspiradíssimos Cavani e Hamsík, que juntos valem cerca de 100 milhões de euros. A saída de Lavezzi não chegou a ser sentida, porque Insigne e Pandev fizeram bom campeonato, mas sobretudo porque Mazzarri foi inteligentíssimo. Taticamente, o time passou a atacar ainda mais pelas laterais, com os ofensivos Maggio e Zúñiga, e o meio-campo passou a participar mais do jogo – não à toa, Hamsík fez 11 gols, Dzemaili sete e Inler seis. Hamsík foi adiantado por Mazzarri e marcou 11 gols, além de dar 14 assistências e se tornar o líder do quesito no campeonato.

O Matador novamente conduziu o Napoli a grandes feitos

Quem também liderou foi Cavani, artilheiro do campeonato com a incrível marca de 29 gols em 34 jogos – por pouco, não se juntou a Toni como os únicos a marcarem 30 ou mais gols desde a temporada 1958-59. O incrível é notar que durante metade da Serie A, Cavani não jogou tudo o que podia, pois não estava bem fisicamente. Além de montar um time muito eficiente no ataque e fazer as individualidades dos seus principais jogadores aparecerem ao máximo, Mazzarri ainda conseguiu dar um jeito na defesa, que sofria demais nas temporadas anteriores, sobretudo em bolas alçadas – nisso, Gamberini, um especialista no assunto, foi muito útil. Depois de quatro anos, os caminhos do técnico e do time se dividiram e o teste será de fogo para ambos. Mazzarri, com belo trabalho e desafios vencidos em Nápoles, terá a grande chance da carreira na Inter, enquanto o Napoli tentará brilhar por mais tempo com Benítez. Apesar da troca no comando, cenário é bom para os azzurri e será ainda melhor se Cavani e Hamsík ficarem.

Juventus
A campanha: Campeã, 87 pontos. 27 vitórias, 6 empates e 5 derrotas.
Ao final de 2012:
1ª colocação
Fora da Serie A:
Campeã da Supercopa italiana diante do Napoli, eliminada nas semifinais da Coppa Italia pela Lazio e nas quartas de final da Liga dos Campeões pelo Bayern Munique
O ataque:
71
gols, o terceiro melhor
A defesa:
24
gols, a melhor
Time-base:
Buffon; Barzagli, Bonucci, Chiellini; Lichtsteiner, Vidal, Pirlo, Marchisio (Pogba), Asamoah; Giovinco (Marchisio), Vucinic.
Os artilheiros:
Arturo Vidal (10 gols), Mirko Vucinic (10) e Fabio Quagliarella (9)
Os onipresentes:
Andrea Barzagli (34 partidas), Leonardo Bonucci (33), Andrea Pirlo e Gianluigi Buffon (ambos com 32)
O técnico:

Antonio Conte
O decisivo:
Arturo Vidal
A decepção:
Lúcio
A revelação:
Paul Pogba
O sumido:
Simone Pepe
Melhor contratação:
Paul Pogba
Pior contratação: Lúcio
Nota da temporada:
8,5

A Juventus desta temporada pode ser definida por um paradoxo: foi menos espetacular que no ano passado, mas também foi mais dominante. Viva em três competições até janeiro, a Juve só se dedicou exclusivamente à Serie A quando o 29º campeonato já estava praticamente ganho, na metade de abril, depois de cair para o futuro campeão Bayern Munique na Champions. A disputa de três competições (ao contrário da última temporada, em que a Velha Senhora só teve olhos para o Campeonato Italiano e praticamente desprezou a Coppa Italia) claramente exigiu mais da equipe, e o técnico Antonio Conte foi perfeito na gestão do elenco. Nenhum atleta precisou se desgastar em excesso nos jogos do campeonato e os reservas acabaram dando conta do recado, enquanto o time sonhava em ir o mais longe possível na LC.

Vidal, o preferido da torcida e peça-chave para Conte

É bom lembrar que em nenhum momento a equipe teve o título realmente ameaçado e só foi levemente questionada quando perdeu a invencibilidade, na 11ª rodada, em um 3 a 1 sofrido contra a Inter, e em fevereiro, quando o Napoli tentava uma aproximação. Novamente, a força coletiva foi a marca da temporada juventina – 13 jogadores marcaram gols e nenhum subiu muito na artilharia. Em uma temporada de pouco brilho para Pirlo e Buffon, que atuaram apenas acima da média, os destaques ficaram para Vidal, um leão no meio-campo, e para a revelação Pogba, de 20 anos. O primeiro, eleito pela torcida como o melhor jogador da temporada, é muito voluntarioso e é, taticamente, o termômetro da equipe, uma vez que é o que melhor reúne a marcação e a chegada de surpresa no ataque. Já Pogba mostrou enorme maturidade para sua idade e, muito provavelmente, tomará a titularidade de um Marchisio opaco. Com os reforços que chegarão no mercado, a expectativa é de que a Juve mantenha a hegemonia nacional e parta para voos maiores na Europa.

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