Serie A

Retrospectiva da Serie A, parte 2

Contratação de peso no verão, Tévez era a peça que faltava à Juventus e foi o líder da equipe (AP)

Nesta semana, começamos a relembrar como foi a temporada no futebol italiano em nossa retrospectiva 2013-14. Começamos analisando as campanhas das dez equipes colocadas entre a 11ª e a 20ª posições no torneio, deixando para a segunda parte os melhores da Serie A. É hora de relembrar como os dez primeiros colocados viveram a temporada, em um campeonato que teve equipes médias praticando bom futebol, algumas grandes rateando, outros grandes jogando muita bola, mas a campeã de sempre dos últimos três anos: a Juventus. Boa leitura!

Confira a parte 1 da retrospectiva. Especial publicado também na Trivela.

Verona

A campanha: 10ª
colocação, 54 pontos. 16 vitórias, 6 empates e 16 derrotas.
Ao final de 2013:
6ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado na quarta fase da Coppa Italia pela Sampdoria

Ataque: 62
gols, o quinto melhor
Defesa:
68
gols, a terceira pior
Time-base:
Rafael; Cacciattore, Moras (Albertazzi), Maietta (Rafael Marques, González), Agostini; Rômulo, Hallfredsson, Marquinho (Jorginho); Iturbe, Toni, Juanito (Jankovic).

Artilheiros: Luca Toni (20 gols), Juan Iturbe (8) e Jorginho (7)
Onipresentes:
Rafael (37 partidas) e Luca Toni (34)
Técnico:
Andrea Mandorlini
Craque:
Luca Toni
Decepção:
Ezequiel Cirigliano
Revelação:
Jacopo Sala
Sumido:
Daniele Cacia
Melhor contratação:
Luca Toni
Pior contratação:
Alejandro González
Nota da temporada:
7

Uma das grades surpresas da temporada, o Verona começou acertando a mão antes mesmo de a temporada começar. De cara, a equipe vêneta emplacou três contratações a baixo custo que se revelariam como algumas das melhores de 2013-14: Toni e Rômulo, oriundos da Fiorentina, e Iturbe, do Porto. Juntos, os três formaram um dos trios mais infernais do campeonato, e chegaram a números interessantes na temporada. Rômulo fechou o campeonato com 6 gols e 8 assistências, o que lhe deu um lugar na pré-lista de Prandelli para a Copa; enquanto Iturbe fez 8 gols e deu 4 passes para gol, o que fez o Verona pagar 15 milhões para contratá-lo junto ao Porto em definitivo – e, certamente, para revendê-lo a um preço ainda maior. O veterano Toni, meio desacreditado, marcou 20 gols, foi vice-artilheiro do campeonato, e ainda participou diretamente de outros sete gols dos butei.

Os scaligeri caíram de produção após a virada do ano, por causa da venda de Jorginho ao Napoli – Cirigliano, seu substituto, rendeu pouco, e Marquinho e Hallfredsson ficaram sobrecarregados. O Verona lutou até o fim por uma improvável paga na Liga Europa logo depois de retornar à elite, muito graças a seu bom retrospecto em casa. Também vale destacar a manutenção de uma boa base que está na equipe há um bom tempo, sentindo o drama das divisões inferiores, que tanto mexeu com a torcida. Mandorlini, técnico da equipe desde 2010, pode comemorar o bom retrospecto e o bom futebol de uma equipe ofensiva mas compacta, que complicou a vida dos grandes. Merece destaque também a temporada do goleiro Rafael, que está no clube há sete anos e, em sua primeira oportunidade na elite, foi um dos melhores do campeonato em sua posição, realizando o maior número de defesas entre todos os arqueiros da Serie A.

Lazio

A campanha:
colocação, 56 pontos. 15 vitórias, 11 empates e 12 derrotas.
Ao final de 2013:
10ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminada nas quartas de final da Coppa Italia pelo Napoli, nos 16 avos de final da Liga Europa pelo Ludogorets e vice-campeã da Supercopa da Itália

Ataque: 54
gols
Defesa:
54
gols
Time-base:
Berisha (Marchetti); Konko (Cavanda), Biava (André Dias, Ciani), Cana, Radu; Ledesma (Onazi, González), Biglia; Candreva, Mauri, Lulic (Keita); Klose.

Artilheiros: Antonio Candreva (12 gols), Miroslav Klose (7) e Senad Lulic (7)
Onipresentes:
Antonio Candreva (37 jogos), Senad Lulic (30) e Ogenyi Onazi (29)
Técnicos: Vladimir Petkovic (até a 17ª rodada) e Edoardo Reja (a partir de então)
Craque:
Antonio Candreva
Decepção:
Federico Marchetti
Revelação:
Keita Baldé
Sumido:
Gaël Kakuta
Melhor contratação:
Lucas Biglia
Pior contratação:
Gaël Kakuta
Nota da temporada:
4,5

Acabou a paz, acabou o amor. Em uma temporada turbulenta, a Lazio viveu muitos problemas fora de campo, que se intensificaram com o futebol ruim praticado pelo time na primeira parte da temporada, sob o comando de Petkovic (que acertou com a Suíça para o pós-Copa sem avisar à diretoria e foi demitido por justa causa), e, principalmente, com a venda de Hernanes para a Inter sem a chegada de um substituto à altura. Kakuta, que foi contratado por empréstimo para atuar na mesma função, atuou apenas 9 minutos em seis meses. Hélder Postiga, que foi contratado para dar opção a um Klose envelhecido e muito tempo de fora por problemas físicos, também mal entrou em campo. Por isso, torcedores fizeram protestos pela venda do clube, presidido por Claudio Lotito, e esvaziaram o Olímpico em grande parte do campeonato.

Em uma temporada cheia de decepções, vale citar que, além do atacante alemão, quem também foi muito mal foi o goleiro Marchetti, que perdeu a titularidade e a vaga na Copa do Mundo. Felipe Anderson, por sua vez, não aproveitou o momento negativo de titulares para ganhar oportunidades nem sob o comando de Petkovic nem sob o comando de Reja. Entre os destaques positivos, Candreva conseguiu levar o time nas costas e foi um dos melhores meias em toda a temporada italiana, garantindo seu lugar na Nazionale italiana. Onazi e Keita, fizeram um ótimo campeonato – sobretudo o atacante espanhol de origem senegalesa, que mostrou muita personalidade, habilidade e bom poder de finalização; marcando cinco gols. O clima de mudança que permeou a temporada biancoceleste deve aumentar, visto que a Lazio precisará de muita competência própria e tropeços dos outros times para voltar a disputar competições europeias no curto prazo. Afinal, competir com os orçamentos das gigantes Inter, Juventus e Milan e com as boas administrações e bons elencos de Roma, Napoli e Fiorentina não será fácil.

Um sai e o outro também? Milan termina 2013-14 indefinido

Milan

A campanha:
colocação, 57 pontos. 16 vitórias, 9 empates e 13 derrotas.
Ao final de 2013:
13ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado nas quartas de final da Coppa Italia pelo Napoli e nas oitavas da Liga dos Campeões pelo Atlético de Madrid

Ataque: 57
gols
Defesa:
49
gols
Time-base:
Abbiati; Abate (De Sciglio), Mexès (Bonera), Rami (Zapata), Emanuelson (Constant); De Jong; Montolivo, Muntari (Poli); Taarabt (Honda, Robinho); Kaká, Balotelli.

Artilheiros: Mario Balotelli (14 gols), Kaká (7) e Sulley Muntari (5)
Onipresentes: Nigel De Jong (33 jogos), Mario Balotelli (30) e Kaká (30)
Técnicos:
Massimiliano Allegri (até a 19ª rodada) e Clarence Seedorf (a partir de então)
Craque:
Mario Balotelli
Decepção:
Keisuke Honda
Revelação:
Bryan Cristante
Sumido:
Stephan El Shaarawy
Melhor contratação:
Kaká
Pior contratação:
Matías Silvestre
Nota da temporada:
5,5

Por onde anda o estilo do Milan? Com uma direção dividida e com o rumo perdido, os rossoneri tem visto atitudes estranhas nos bastidores, mais demissões e declarações ríspidas que o normal. Nem mesmo ídolos estão garantidos e prova disso é que as permanências de Kaká e Balotelli não são unanimidade e Seedorf está sendo praticamente escorraçado mesmo depois de fazer a terceira melhor campanha do returno do campeonato. O holandês se aposentou como jogador e fez um bom trabalho, sobretudo se comparado aos últimos meses de um Allegri em fim de ciclo, que não conseguia motivar a equipe e que teve o pior início de temporada da era Berlusconi, com cinco vitórias, sete empates, sete derrotas, 31 gols marcados e 30 sofridos. Seedorf, sabemos, é um pouco arrogante e muito convicto de suas ideias, o que o fez se desentender com membros da diretoria e do time. Mas é suficiente para trocá-lo por Inzaghi?

Apesar dos bons momentos, o Milan de Seedorf nem chegou a ter os protagonistas esperados. Balotelli e Kaká lideram em gols e assistências, mas poderiam produzir mais – ambos tiveram momentos de marasmo em grande parte da temporada, especialmente o italiano. Honda, contratado para ajudar os dois, não se adaptou e fez seis meses abaixo da crítica. Dessa forma, quem brilhou foi Taarabt, contratado com alguma desconfiança junto ao Queens Park Rangers, e, pasmem, Muntari, que fez um bom campeonato no meio-campo do time, ao lado de De Jong e Montolivo. Na defesa, Mexès e Rami caminham para serem efetivados como dupla titular, depois de Seedorf ter bancado os dois entre os onze. O holandês, porém, teria dito nos bastidores que gostaria de trocar dois terços do elenco. Resta saber se Inzaghi pensa parecido…

Torino

A campanha:
colocação, 57 pontos. 15 vitórias, 12 empates e 11 derrotas.
Ao final de 2013:
7ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado na terceira fase da Coppa Italia pelo Pescara

Ataque: 58
gols
Defesa:
48
gols
Time-base:
Padelli; Bovo (Maksimovic, Darmian), Glik, Moretti; Maksimovic (Darmian), Kurtic, Vives, El Kaddouri, Darmian (Pasquale); Cerci, Immobile.

Artilheiros: Ciro Immobile (22 gols), Alessio Cerci (13) e Omar El Kaddouri (5)
Onipresentes:
Daniele Padelli (38 partidas), Matteo Darmian (37) e Alessio Cerci (37)
Técnico: Gian Piero Ventura
Craque:
Ciro Immobile
Decepção:
Nicola Bellomo
Revelação:
Omar El Kaddouri
Sumido:
Marcelo Larrondo
Melhor contratação:
Ciro Immobile
Pior contratação:
Panagiotis Tachtsidis
Nota da temporada:
7,5

Por pouco, a temporada dos sonhos do Torino não terminou com voos mais altos. Ou ainda terminará? Foi a melhor campanha granata na elite desde 1991-92, quando ficou na terceira posição, mas com um pontinho a mais, a equipe teria conquistado uma vaga na Liga Europa dentro de campo. Pontinho (dois, na verdade), que poderiam ter chegado caso Cerci tivesse convertido pênalti nos acréscimos da última partida, que terminou empatada, contra a Fiorentina. Dramático, como quase tudo o que acontece com o Torino desde a tragédia de Superga, em 1949. Porém, a Federação Italiana puniu o Parma pela falta de um pagamento e o Torino, por enquanto, herda a vaga na Europa – cabe recurso ao TAS, o Tribunal Arbitral do Esporte, embora os precedentes favoreçam o Toro. Com ou sem imbróglio, a torcida só tem a aplaudir a trajetória do time, que começou o campeonato pensando em lutar contra o rebaixamento, mas, graças a cinco pilares fundamentais, encaixou e desempenhou um futebol agradável de se ver, dos mais ofensivos da Serie A.

Ventura, no terceiro ano sob o comando do Toro, já contava com dois de seus bruxinhos, o xerifão Glik e o veloz e habilidoso Cerci. Os dois continuaram sendo destaques na equipe (Cerci, por exemplo, marcou 13 gols e contribuiu com 9 assistências), que ganhou a adição de El Kaddouri, que, com 5 gols e 7 assistências, enfim despontou, após bom início no Brescia. Mas, principalmente, o Torino deve muito ao artilheiro Immobile, que marcou 22 gols na temporada, sagrando-se “capocannoniere” da Serie A. O atacante, formado na Juventus, marcou gols de todos os jeitos (menos de pênalti) e mostrou vasto repertório, merecendo a atenção de Prandelli. Outras boas surpresas foram Darmian, versátil defensor (joga nas duas laterais e até como zagueiro), que evoluiu muito na temporada, e o mediano Padelli, que fez temporada muito acima das expectativas na meta grená.

Cassano foi o diferencial em um Parma sólido

Parma

A campanha:
colocação, 58 pontos. 15 vitórias, 13 empates e 10 derrotas.
Ao final de 2013:
8ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pela Lazio

Ataque: 58
gols
Defesa:
46 gols
Time-base:
Mirante; Cassani, Paletta (Felipe), Lucarelli, Molinaro (Gobbi); Acquah (Gargano), Marchionni, Parolo; Biabiany, Amauri (Palladino, Schelotto), Cassano.

Artilheiros: Antonio Cassano (12 gols), Amauri (8) e Marco Parolo (8)
Onipresentes: Antonio Mirante, Marco Parolo, Mattia Cassani e Jonathan Biabiany (36 partidas)
Técnico:
Roberto Donadoni
Craque:
Antonio Cassano
Decepção:
Joel Obi
Revelação:
Pavol Bajza
Sumido:
Daniele Galloppa
Melhor contratação:
Antonio Cassano
Pior contratação:
Gianni Munari
Nota da temporada:
7,5

Delícia e amargor. Na segunda temporada completa de Donadoni à frente do Parma, a equipe emiliana alcançou o que tanto sonhava desde os tempos de Cesare Prandelli: uma vaga em competição europeia, o que não acontecia desde 2004-05, quando a equipe foi semifinalista da Copa Uefa. A conquista dentro de campo, conseguida apenas na última rodada, foi um prêmio a um dos times mais sólidos de todo o campeonato, e que já vinha fazendo boas campanhas nos últimos anos. A chegada de Cassano para esta temporada foi o impulso que faltava à equipe parmense para chegar aonde queria. Porém, a falta de um pagamento de 300 mil euros, em março, fez com que a Federação Italiana punisse a equipe com a perda da licença Uefa. Por enquanto, a vaga na Europa é do Torino, mas o Parma fará recurso ao TAS, o Tribunal Arbitral do Esporte. O que aconteceu, no entanto, foi que o presidente Ghirardi, irritado e frustrado com a decisão, colocou o time à venda, e a boa temporada vai ficando com ares melancólicos aos 45 do segundo tempo.

Dentro de campo, Donadoni teve um time titular bem definido e que variava do 4-3-3 para o 3-5-2, com futebol compacto, de muita marcação e vigor físico, mas boa qualidade técnica. Para o Parma tanto fazia jogar em casa ou fora – o desempenho da equipe era sempre satisfatório. Ademais, Donadoni merece os méritos por ter reabilitado diversos jogadores, como Cassani, Amauri, Biabiany, Schelotto, Marchionni, Palladino e o próprio Cassano, que, apesar de talentosíssimo, não vivia os melhores momentos de sua carreira. Fantantonio fez 12 gols no campeonato e foi o jogador que mais criou chances de gol no campeonato. Merecem destaque, ainda, o zagueiro Paletta, o goleiro Mirante e o meia Parolo, todos, assim como Cassano, pré-convocados por Prandelli para a Copa do Mundo.

Despedida de Zanetti marcou temporada de entressafra da Inter

Inter

A campanha:
colocação, 60 pontos. 15 vitórias, 15 empates e 8 derrotas.
Ao final de 2013:
5ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pela Udinese

Ataque: 62
gols, o quinto melhor
Defesa:
39
gols, a terceira melhor
Time-base:
Handanovic; Rolando, Ranocchia (Campagnaro), Juan (Samuel); Jonathan, Guarín (Hernanes), Cambiasso, Hernanes (Kovacic), Nagatomo; Álvarez (Icardi), Palacio.

Artilheiros: Rodrigo Palacio (17 gols), Mauro Icardi (9) e Yuto Nagatomo (5)
Onipresentes:
Rodrigo Palacio (37 partidas), Samir Handanovic (36) e Yuto Nagatomo (34)
Técnico:
Walter Mazzarri
Craque:
Samir Handanovic
Decepção:
Diego Milito
Revelação:
ninguém
Sumido:
Wallace
Melhor contratação: Mauro Icardi
Pior contratação:
Ishak Belfodil
Nota da temporada:
6,5

Comparando com a parada do campeonato para o inverno, todas as cinco posições da primeira Serie A ficaram inalteradas. Não houve qualquer mudança na colocação dos times e muito disso se deve à Inter – que, na verdade, até se esforçou para perder a 5ª posição, especialmente no segundo turno, tropeçando demais e sendo ultrapassada pelo Verona. Fato é que o campeonato da equipe de Milão foi altamente esbanjona. Nenhuma equipe refugou tanto quanto a gigante nerazzurra em 2013-14. Fora de todas as competições continentais, a Inter cedeu empates para times menores, deixou pontos escaparem pelo caminho quando partidas pareciam ganhas. E, quando precisou vencer alguns jogos, apesar de muita intensidade e volume de jogo, não foi suficientemente criativa. Suficientemente cínica. E, muito menos, teve sorte. Afinal, a sorte costuma acompanhar apenas os competentes. Foram quase 25 pontos perdidos assim. O suficiente para, de fato, brigar pela Liga dos Campeões. Fora da LC por mais um ano, Mazzarri permanece no cargo por ao menos ter colocado a equipe na Europa novamente. Também, por em alguns jogos, a equipe ter jogado bem. E, por mais que a defesa tenha errado, os números estão do seu lado: a Inter teve a terceira melhor retaguarda do campeonato.

Do ponto de vista individual, dá para dizer que a Inter teve bons valores. Handanovic até falhou em algumas oportunidades, mas foi monstruoso em outras, garantindo resultados. Ranocchia e Rolando tiveram momentos de irregularidade, mas fecharam a temporada em alta – ao contrário de Álvarez e Guarín, que percorrerm caminho inverso. Palacio continuou sendo certeza de gols e os brasileiros Jonathan e Hernanes foram peças-chave na campanha. Entre os jovens, Icardi e Kovacic tiveram atuações que os credenciaram a assumir papeis mais importantes no ano que virá. A temporada marcou, ainda, uma série de mudanças para a Beneamata: Moratti cedeu a maior parte das ações para Thohir e deixou de ser presidente do clube. Com ele, ao final da temporada, os últimos remanescentes da Tríplice Coroa deixaram o clube, em despedidas muito sentidas. O clã argentino, formado por Samuel, Cambiasso, Zanetti e Milito deixará saudades. Os dois primeiros, muito, porque demonstraram que ainda podiam atuar em alto nível; os dois últimos, menos. Zanetti ainda mostrou bons momentos, mas seguirá no clube, em cargo diretivo, e Milito teve uma temporada altamente negativa, mas permanece na memória dos interistas como o goleador de 2009-10.

Fiorentina

A campanha:
colocação, 65 pontos. 19 vitórias, 8 empates e 11 derrotas.
Ao final de 2013:
4ª colocação
Fora da Serie A:
Vice-campeã da Coppa Italia e eliminada nas oitavas de final da Liga Europa pela Juventus

Ataque: 65
gols, o quarto melhor
Defesa:
45
gols, a quinta melhor
Time-base:
Neto; Tomovic (Roncaglia), Rodríguez, Savic, Pasqual; Aquilani, Pizarro, Borja Valero; Cuadrado, Rossi (Ilicic), Joaquín (Vargas).

Artilheiros: Giuseppe Rossi (16 gols), Juan Cuadrado (11) e Borja Valero (6)
Onipresentes:
Neto (35 partidas) e Gonzalo Rodríguez (33)
Técnico:
Vincenzo Montella
Craque:
Juan Cuadrado
Decepção:
Josip Ilicic
Revelação:
Ryder Matos
Sumido:
Mario Gómez
Melhor contratação:
Joaquín
Pior contratação:
Marcos Alonso
Nota da temporada:
7

É consenso: sem as lesões de Mario Gómez e Giuseppe Rossi, a Fiorentina poderia ter feito um papel ainda melhor em 2013-14. O alemão atuou em apenas 9 partidas do campeonato, e marcou três gols; enquanto o italiano teve um primeiro turno glorioso: 18 partidas e 15 gols marcados. Porém, na 18ª rodada, quando o Napoli tinha apenas três pontos a mais que a Fiorentina, uma entrada dura de Rinaudo o tirou de ação até a final da Coppa Italia. Ryder, Ilicic, Rebic e Joaquín, que não são goleadores, e Matri, que não vinha em boa fase, não conseguiram substitui-los à altura e a Fiorentina teve de se virar sem os dois por mais tempo do que o que seria confortável – mesmo assim, ainda ficou com o quarto ataque mais positivo. A Viola termina a temporada satisfeita por terminar à frente de Inter e Milan e com mais uma classificação à Liga Europa – faltou apenas o gosto do título da Coppa Italia, perdida frente ao Napoli. Na própria Europa League, a Fiorentina fez um bom papel, e por pouco não eliminou a Juventus, sua maior rival, nas oitavas. Contra a própria Juve, num 4 a 2 com tripletta de Rossi, no primeiro turno, a Fiorentina teve o seu ponto mais alto na temporada.

Sem os dois principais jogadores do time em campo, a responsabilidade ficou nos pés de dois outros grandes jogadores, que já tinham mostrado seu valor pelos gigliatti na temporada anterior: Cuadrado e Borja Valero, um primando pela habilidade, velocidade e chutes de fora da área – 11 gols marcados –, e o outro pelos passes açucarados – nove deles acabaram originando gols. Em alto nível, os dois estiveram entre os melhores em suas posições no campeonato. Assim como o goleiro Neto, que começou a temporada cheio de desconfianças, mas com ótimas defesas e atuações seguras, não só calou os críticos, mas também os rumores de contratações para o seu lugar. Hoje, titular absoluto, é um dos jogadores mais importantes de uma Fiorentina que continuará brigando no topo nos próximos anos.

Napoli

A campanha:
colocação, 78 pontos. 23 vitórias, 9 empates e 6 derrotas.
Ao final de 2013:
3ª colocação
Fora da Serie A:
Campeão da Coppa Italia, eliminado na fase de grupos da Liga dos Campeões e nas oitavas da Liga Europa pelo Porto

Ataque: 77
gols, o segundo melhor
Defesa:
39
gols, a terceira melhor
Time-base:
Reina; Maggio (Henrique, Réveillère), Fernández, Albiol, Ghoulam (Réveillère); Dzemaili (Jorginho, Behrami), Inler; Callejón, Hamsík (Mertens), Insigne; Higuaín.

Artilheiros: Gonzalo Higuaín (17 gols), José Callejón (15) e Dries Mertens (11)
Onipresentes:
José Callejón (37 partidas), Lorenzo Insigne (36) e Dries Mertens (33)
Técnico:
Rafael Benítez
Craque:
Gonzalo Higuaín
Decepção:
Marek Hamsík
Revelação:
ninguém
Sumido:
Juan Camilo Zúñiga
Melhor contratação:
Gonzalo Higuaín
Pior contratação:
Anthony Réveillère
Nota da temporada:
6,5

Terceira posição, mais uma vez classificado à Liga dos Campeões e campeão da Coppa Italia. Ao final da temporada, dá para dizer que o Napoli teve temporada satisfatória? Na nossa opinião, não. Os azzurri investiram cerca de 100 milhões de euros nesta temporada, um dinheiro proveniente em grande parte da venda de Cavani ao PSG, e fizeram algumas ótimas contratações. Contratações que faziam o time brigar forte pelo título da Serie A, algo que foi ensaiado apenas nas primeiras rodadas. O fato de o Napoli ter caído no grupo mais difícil da Liga dos Campeões, ao lado de Arsenal, Dortmund e Marseille, e a desclassificação mais do que honrosa, com 12 pontos, amenizaria a situação, mas o fato de a equipe ter sido eliminada pelo Porto na Liga Europa, sobretudo após ter feito partidas ruins, não deixou boa impressão. Assim como a diferença final de pontos para a Roma (8). O número já é grande, e foi ainda maior durante o campeonato (chegou aos 16), e só ficou assim por causa de 9 pontos tirados nas três últimas (e inúteis) rodadas.

Vendo pelo lado positivo, os grandes investimentos ainda devem render frutos. Cavani era muito dedicado ao time como um todo e fazia muitos gols, mas Higuaín também é matador e fez ótima temporada (17 gols e 7 assistências), dando o peso necessário ao ataque em jogos complicados. Mertens e Callejón foram duas outras ótimas contratações e brilharam nesta temporada com a camisa azul, mostrando uma verve goleadora até inesperada. Reina também fez ótima temporada e nem deu chances para que Rafael lutasse pela titularidade, antes que o brasileiro se lesionasse – ainda assim, chegou a fazer oito partidas no campeonato, ou por lesão ou porque o espanhol estava sendo poupado. Entre os brasileiros, Henrique teve ótimos meses na lateral direita e ganhou uma vaga no grupo de Felipão para a Copa, enquanto Jorginho não chegou a jogar tão bem quanto no Verona. Entre os irregulares, ficaram os ídolos da torcida, logo perdoados. Insigne teve ótimos momentos no início e no final de 2013-14, mas teve queda acentuada no meio da trajetória napolitana. E Hamsík, apesar dos 7 gols, esteve muito aquém das suas próprias capacidades. Benítez, em bom ano à frente do Napoli após o fracasso com a Inter, ao menos pode esperar que o time renda mais nos anos seguintes e a equipe, de fato, brigue por mais conquistas.

Reforços como Benatia fizeram Roma brigar pelo título

Roma

A campanha:
colocação, 85 pontos. 26 vitórias, 7 empates e 5 derrotas.
Ao final de 2013:
2ª colocação
Fora da Serie A:

Eliminada nas semifinais da Coppa Italia pelo Napoli

Ataque: 72
gols, o terceiro melhor
Defesa:
25
gols, a segunda melhor
Time-base:
De Sanctis; Maicon, Benatia, Leandro Castán, Dodô (Balzaretti); Pjanic, De Rossi, Strootman (Nainggolan); Gervinho, Destro (Ljajic), Totti (Florenzi).

Artilheiros: Mattia Destro (13 gols), Gervinho (9) e Francesco Totti (8)
Onipresentes:
Alessandro Florenzi (37 partidas), Morgan De Sanctis (36) e Leandro Castán (36)
Técnico: Rudi Garcia
Craque:
Medhi Benatia
Decepção:
Michel Bastos
Revelação:
Alessio Romagnoli
Sumido:
Federico Balzaretti
Melhor contratação:
Medhi Benatia
Pior contratação:
Michel Bastos
Nota da temporada:
8,5

No nosso guia para o início desta temporada, dizíamos: a Roma havia se reforçado muito bem, a partir das vendas de Marquinhos, Lamela e Osvaldo, e brigaria por uma vaga na Liga dos Campeões. Lutar pelo título seria exagero. Porém, Rudi Garcia e seus comandados surpreenderam a todos e deram um grande calor na Juventus, que mesmo atingindo mais de 100 pontos, só conseguiu comemorar o 30º scudetto na antepenúltima rodada. Uma prova de força dos romanos, que mesmo com um elenco inferior, se doaram muito em campo e mantiveram a disputa aberta – ajudou, também, o fato de a Roma não estar jogando competições europeias.

Com o mesmo 4-3-3 de Luis Enrique e Zeman, com com outra abordagem dentro de campo, Garcia fez o time jogar um futebol compacto, agressivo e de muita velocidade pelas pontas. Não foi à toa que a equipe venceu os 10 primeiros jogos e passou as 17 primeiras rodadas invicta, além de conseguir outras oito vitórias seguidas na reta final do campeonato. De Sanctis foi pouco exigido, até porque Maicon, Castán e Benatia (o melhor zagueiro do campeonato) fizeram uma linha defensiva implacável, auxiliada por Strootman (e Nainggolan), além de De Rossi. Na frente, Totti brilhou com 8 gols e 10 assistências, mas foi ofuscado pelas temporadas brilhantes de Gervinho (9 gols e 10 assistências), Destro (13 gols em 20 jogos) e Pjanic (6 assistências, 6 golaços e muita participação). A Roma entrou nos eixos, está endinheirada, construindo um novo e moderníssimo estádio e esta temporada pode ter sido, de vez, a porta de entrada da equipe no seleto grupo das gigantes italianas, formado por Inter, Juventus e Milan.

Juventus

A campanha: Campeã, 102 pontos. 33 vitórias, 3 empates e 2 derrotas.
Ao final de 2013:
1ª colocação
Fora da Serie A:
Campeã da Supercopa da Itália, eliminada nas quartas de final da Coppa Italia pela Roma, na fase de grupos da Liga dos Campeões e nas semifinais da Liga Europa pelo Benfica

Ataque: 80
gols, o melhor
Defesa:
23
gols, a melhor
Time-base:
Buffon; Barzagli (Cáceres, Ogbonna), Bonucci, Chiellini; Lichtsteiner, Vidal (Marchisio), Pirlo, Pogba, Asamoah; Tévez, Llorente.

Artilheiros: Carlos Tévez (19 gols), Fernando Llorente (16) e Arturo Vidal (11)
Onipresentes:
Paul Pogba (36 partidas), Kwadwo Asamoah (34), Carlos Tévez (34) e Fernando Llorente (34)
Técnico:
Antonio Conte
Craque: Carlos Tévez
Decepção:
Pablo Osvaldo
Revelação:
ninguém
Sumido:
Mirko Vucinic
Melhor contratação:
Carlos Tévez
Pior contratação:
Angelo Ogbonna
Nota da temporada:
9

Melhor em tudo: maior número de vitórias, menor número de derrotas, melhor ataque, melhor defesa, invicta em casa. Recorde histórico de pontos numa única edição da Serie A. A equipe treinada por Antonio Conte foi dominante no campeonato, apesar de um início claudicante, em que vencia, mas não convencia. Depois de seu time sofrer, pela única vez, quatro gols em uma única partida, diante da Fiorentina, na 8ª rodada, a história mudou e a equipe voltou a ser tão implacável quanto antes – perdeu apenas mais uma vez, para o Napoli. Para isso, contribuíram a garra e o ótimo futebol de Tévez, Vidal e Pogba, três dos craques do campeonato, cada vez mais no rol dos melhores do mundo em suas funções. Na frente, Llorente demorou a engrenar, mas foi o goleador que todos esperavam. Mais discretos, Asamoah, Buffon e Pirlo continuaram decisivos, enquanto Chiellini e Bonucci regeram a defesa, em uma temporada marcada pelos problemas físicos de Barzagli.

A Juventus só não leva 10 pela temporada porque, apesar de perfeita em solo nacional, não foi bem fora da Itália. A equipe caiu na Liga dos Campeões em um grupo bastante abordável (a nevasca e o “jeitinho turco” do Galatasaray, que danificou o gramado do seu estádio não justificam) e também não conseguiu chegar à final da Liga Europa, disputada em casa, mesmo com o melhor elenco da competição. Por isso, na próxima temporada, a Velha Senhora irá se dedicar mais à “Europa que conta”. Outros pontos negativos foram as más temporadas de Osvaldo e Ogbonna.

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