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Subestimados do calcio: Omar Milanetto

Quem vê pela primeira vez pode nem imaginar que Omar Milanetto seja jogador profissional de futebol – muito menos que seja um meio-campista voluntarioso, que se doa pelo time e costuma correr muito. Seu físico, meio rechonchudo, não parece propriamente o de um atleta, mas ele não é o único “gordinho” a ter atuado pela Serie A nos últimos anos. Tiribocchi, Riganò e Zampagna, centroavantes, também tem um tipo físico parecido com o meia do Genoa.

Milanetto começou sua carreira nos juvenis da Juventus, mas nunca teve espaço entre os profissionais se transferiu para a Fiorenzuola, da antiga Serie C1. Jogando com alguma frequência, contribuiu por duas temporadas e meia para a melhor fase da história do clube rossonero, que quase subiu para a Serie B e atingiu as oitavas-de-final da Coppa Italia em meados da década de 90.

Em janeiro de 1997, o meio-campista trocou de clube e assinou por empréstimo com o Monza, também da C1. Com dois gols em 22 partidas, Milanetto ajudou no acesso da formação biancorossa à Serie B daquela temporada, mas não foi contratado em definitivo pelos brianzoli. Negociado com o Como, ficou por mais três temporadas na mesma Serie C1, atuando como titular, mas sem conseguir levar os lombardos para a Serie B, que ficou próxima na temporada 1998-99, quando sua equipe foi derrotada pela Pistoiese nos play-offs de acesso.

Nos anos 2000, mais uma mudança de clube: aos 25 anos, Milanetto acertou com o Modena, que estava na terceira divisão há cerca de uma década, depois de ser rebaixado da Serie B em 1981. Na Emilia-Romagna, sua carreira enfim decolou: era o principal jogador do meio-campo canarini, atuando com muita disposição e diligência e, por estes atributos, ganhou o apelido de Hannibal.

Milanetto chegou a ser capitão do Modena (Quotidiano)

Em quatro anos em Modena, conquistou o título da Serie C1, a Supercopa da competição e o vice-campeonato da Serie B, que devolveu a equipe a Serie A após quase quarenta anos de ausência. Na elite do campeonato italiano, continuou sendo um dos principais jogadores de uma equipe limitadíssima, que contava também com Stefano Mauri e Giuseppe Sculli, e chegou ao 12º lugar na temporada 2002-03, treinada por Gianni De Biasi. Na mesma temporada, Milanetto teve uma ótima atuação contra a Roma no Olímpico, em que anulou Totti e ainda marcou, de pênalti, um dos gols da vitória gialloblù.

No Modena, Milanetto começou a ganhar destaque exercendo dois papeis durante uma mesma partida: ora mediano, como Gabriele Oriali, ora regista, como Andrea Pirlo. Para isso, alia força física e boa marcação a ótima visão de jogo, qualidade nos lançamentos e poder para cadenciar o ritmo do jogo. Para completar seu leque de características, Milanetto é também exímio cobrador de pênaltis: era o cobrador oficial no Modena, no Brescia e ocasionalmente deixa os seus dessa forma no Genoa. Porém, todos estes atributos não foram suficientes para evitar a queda do Modena na temporada 2003-04.

Com o rebaixamento, foi contratado pelo Brescia, que não contava mais com Roberto Baggio, recém-aposentado. A expectativa dos rondinelle era a de conseguir a salvezza, mas num campeonato disputadíssimo na parte de baixo da tabela, o rebaixamento veio na última rodada, após uma derrota em confronto direto contra a Fiorentina. Na Serie B, Milanetto marcou oito gols, enquanto o Brescia nem chegou a lutar para alcançar o retorno a elite. Não obstante a decepção bresciana, suas boas performances individuais lhe valeram uma transferência para o ambicioso Genoa de Enrico Preziosi, Gian Piero Gasperini e Marco Rossi, que sonhava com a Serie A.

Em sua temporada de estreia vestindo o tradicional uniforme rossoblù, foi titular e “cão de guarda” do meio-campo do técnico Gasperini, recebendo 10 cartões amarelos durante todo o campeonato, no qual o Genoa chegou em terceiro e garantiu o retorno a elite do futebol nacional. Em seu primeiro ano com os grifoni na Serie A, continuou sendo muito mais um volante responsável pela interceptação das jogadas adversárias do que por criar para sua equipe.

Bola de Champions: Milanetto não chegou lá, mas teve bom papel em times menores (imago/IPA Photo)

Porém, na temporada seguinte, a contratação de Thiago Motta deu mais equilíbrio ao meio-campo genovês e Milanetto pôde voltar a sair mais para o jogo. A partir daquele momento, as obrigações de marcação e criação estavam distribuídas de maneira mais igualitária entre os quatro jogadores do setor, formado ocasionalmente pelo próprio Milanetto, além de Motta, Rossi e Criscito.

Na atual temporada, tem sido um dos melhores jogadores desta irregular equipe do Genoa e fez sua melhor partida justo na vitória no Derby della Lanterna, contra a Sampdoria. Liderou o meio-campo, impedindo que Cassano e companhia criassem qualquer jogada perigosa. Além de tudo, marcou um gol (de pênalti) e foi o autor de um belo lançamento para Rossi fazer um dos tentos da goleada. No dérbi da semana que vem, o Genoa precisará de outra atuação como esta para seguir sonhando com a classificação para a Liga Europa.

Omar Milanetto
Nascimento: 30 de novembro de 1975, em Venaria Reale, Itália.
Posição: meio-campista
Clubes: Juventus (1993-94), Fiorenzuola (1994-96), Monza (1996-97), Como (1997-2000), Modena (2000-04), Brescia (2004-06) e Genoa (2006-hoje).
Títulos: Serie C1 (2000-01) e Supercopa da Serie C1 (2000-01)

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