Jogadores Técnicos

Nils Liedholm, o barão que fez história no Milan e na Roma

Nils Liedholm ficou conhecido como “O Barão”. E não foi sem motivos. O apelido evidencia a liderança, coração e técnica do maior meio-campista da história do Milan antes do ícone Gianni Rivera. Por 12 anos, Liedholm foi tudo isso e mais um pouco pelo clube da Lombardia.

Em 394 partidas e com 89 gols, foi a alma do meio-campo do clube nos anos 1950 e é, até hoje, o segundo estrangeiro com mais partidas pelos rossoneri, atrás de Clarence Seedorf. Dentre os integrantes do trio Gre-No-Li, que formou com os compatriotas Gunnar Gren e Gunnar Nordahl, Liedholm é considerado, por muitos, como o mais importante deles. Afinal, foi quem mais tempo ficou no Milan e foi um dos jogadores que mais contribuiu para tornarem o Milan o que é hoje.

Após as saídas de Gren, primeiro, e de Nordahl, depois, liderou o time depois da dissolução do trio e venceu mais dois scudetti – três a mais que Gren e dois a mais que Nordahl. Definido como um “centrocampista total”, o sueco era dono de uma extraordinária visão de jogo e com um toque de bola perfeito, Liedholm raramente errava passes. O próprio contava que, certa vez, todo o estádio se surpreendeu ao vê-lo errar um passe – coisa que não ocorria há dois anos.

Liedholm, ao centro do trio com Nordahl (esq.) e Gren (dir.) (AP)

O classudo meia liderou o Diavolo em doze anos e também preparou o caminho para o surgimento da lenda Rivera, que aparecia para o futebol no último ano do sueco em Milanello. Como jogador, afinal, logo após a aposentadoria, foi auxiliar técnico de Nereo Rocco entre 1961 e 1962 e iniciou sua carreira como técnico justamente lá, quando comandou o clube de 1964 a 1966, em um hiato da passagem de Rocco, que ficou nos rossoneri entre 1961 e 1963 e depois de 1967 a 1972.

Antes da Itália e pela seleção sueca
Liedholm foi um dos grandes jogadores que chegaram à Itália em uma época em que vários jogadores escandinavos aportaram no futebol italiano. O boom que levou jogadores da região ao país começou após a Olimpíada de Londres, em 1948, na qual a Suécia ficou com o ouro e a Dinamarca com o bronze.

O Barone integrava a equipe nórdica juntamente com Gren e Nordahl, mas assim como os compatriotas, a transferência ao Milan impediu que todos atuassem na Copa de 1950, no Brasil: os suecos levaram apenas atletas que atuavam no país.

Antes disso tudo acontecer, o meia passou pelo Sleipner e pelo Norrköping – no segundo, fez dupla com Nordahl e garantiu dois títulos nacionais. O destaque no campeonato local e, principalmente, nos Jogos Olímpicos, fez com que o sueco fizesse uma escolha de vida. Quando recebeu a proposta do Milan, Liedholm disse ao pai que passaria apenas dois ou três anos na Itália e depois retornaria. Acabou vivendo no Belpaese por quase 60 anos – e falecendo lá, inclusive.

O Barone se dedicou de forma quase exclusiva ao Milan até se aposentar. A exceção aconteceu por um breve período de tempo: a barreira para estrangeiros na seleção sueca caiu na Copa de 1958, que seria disputada pelos escandinavos em casa, e a estrela da equipe foi convocada. Na ocasião, Liedholm foi capitão do time, e marcou o primeiro gol da final perdida para o Brasil por 5 a 2, em um show de Pelé.

Liedholm e Berlusconi: sueco foi o primeiro técnico da gestão rossonera do Cavaliere (imago)

Após a aposentadoria
Como treinador, Liedholm foi um dos mais influentes no auge do futebol italiano e pioneiro na introdução da defesa a zona no Belpaese. Foi tão ou mais importante do que como jogador. Fora das quatro linhas, manteve forte ligação com o Milan, que treinou três vezes, e desenvolveu também carinho especial pela Roma, que treinou quatro.

Pelos rossoneri, conquistou o décimo scudetto da história do clube, na campanha que marcou a despedida de Rivera e o surgimento de Franco Baresi, e ainda foi o primeiro treinador da Era Berlusconi. Em Roma, venceu o segundo scudetto do clube, tirou da equipe o antigo status de Rometta e implementou uma nova mentalidade no futebol italiano, com um estilo de jogo inspirado nas escolas holandesa e brasileira. Esse tipo de futebol ajudou a renovar o futebol italiano, que anos depois contaria com outros técnicos com futebol ofensivo – embora com suas diferenças filosóficas –, como Arrigo Sacchi e Zdenek Zeman.

O Barone: mito em Roma (imago/Buzzi)

Outros feitos “menores” incluem benesses à Fiorentina, Varese Verona. Pela Fiorentina, foi o responsável pela contratação de Giancarlo Antognoni, junto ao Asti, da Serie C, e montou um time que seria campeão após sua saída. Quanto a varesinos e veroneses, colocou as equipes na elite, após campanhas vitoriosas. Em sua carreira, ganhou ainda por duas vezes o prêmio Seminatore d’Oro, dado ao melhor técnico da Itália, em 1975 e 1983.

Liedholm deixou a carreira de técnico em 1989, para cuidar de sua vinícola na Alessandria, no Piemonte, mas voltou ao futebol duas vezes na década de 1990, para tentar “apagar incêndios” no Verona e na Roma. O sueco continuava cuidando de sua vinícola juntamente com o filho Carlo, até falecer, em 2007, aos 85 anos. Liedholm foi enterrado no Cemitério Monumental de Turim, na cidade da sua esposa, a condessa Maria Lucia Gabotto di Sangiovanni.

Leia também: Liedholm eterno

Nils Liedholm
Nascimento: 8 de outubro de 1922, em Valdemarsvik, Suécia
Morte: 5 de novembro de 2007, em Cuccaro Monferrato, Itália
Posição: meio-campista
Clubes como jogador: Sleipner (1942-46), Norrköping (1946-49) e Milan (1949-61)
Títulos como jogador: 2 Campeonatos Suecos (1496-47 e 1947-48), 1 medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (1948), 4 Serie A (1950-51, 1954-55, 1956-57 e 1958-59) e 2 Copas Latinas (1951 e 1956)
Carreira como técnico: Milan (1964-66, 1977-79 e 1984-87), Verona (1966-68 e 1992), Monza (1968-69), Varese (1969-71), Fiorentina (1971-73) e Roma (1973-77, 1979-84, 1987-89 e 1997).
Títulos como técnico: 2 Serie A (1978-79 e 1982-83), 3 Coppa Italia (1979-80, 1980-81 e 1983-84) e Serie B (1969-70)
Seleção sueca: 23 jogos e 12 gols

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