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10 anos do tetra: o início da campanha da Itália

O clima não era bom. Às vésperas da Copa do Mundo de 2006, o escândalo Calciopoli começou a ser desvelado e abalou o futebol italiano, incluindo a seleção: a base da Squadra Azzurra era formada por jogadores de Juventus e Milan e também havia outros jogadores de equipes que viriam a ser punidas ao fim das investigações (13 dos 23 jogadores convocados por Marcello Lippi). Não havia como dizer que o grupo não tinha sido afetado, já que a credibilidade da própria Serie A estava em jogo.

Este era o clima da preparação da Itália para o Mundial. No entanto, a Nazionale parecia estar imersa em uma bolha de tranquilidade e estreou muito bem contra Gana, seleção que pela primeira vez disputava a competição. Com uma arbitragem discutível do trio brasileiro, encabeçado por Carlos Eugênnio Simon, a Squadra Azzurra poderia ter feito muitos gols, mas ainda assim passou perrengue diante dos Estrelas Negras, em Hannover.

Pirlo deu início ao triunfo azzurro (Getty)

Os ganeses tentaram aproveitar a inexperiência de Zaccardo com a camisa da seleção e assustaram em ataques pelo setor direito da defesa italiana. De Rossi, aos 22 anos, correu enormes riscos de ser expulso, com duas entradas ríspidas, as quais lhe renderam apenas um cartão amarelo. Apesar dos contratempos, a Itália mandou no jogo: na primeira chance, um contra-ataque puxado por Cannavaro passou nos pés de Totti, Pirlo e Perrotta antes de Gilardino finalizar com perigo. Kingson defendeu parcialmente e contou com a sorte, pois a bola bateu na trave e foi para escanteio.

Ainda no primeiro tempo, a Itália teve um manancial de chances. Acertou o travessão com Toni, colocou a bola por cima do gol com um imponente Cannavaro e Totti também testou Kingson em potente cobrança de falta. No entanto, os azzurri só abriram o placar aos 40 minutos, após uma jogada ensaiada de escanteio: Pirlo recebeu na cabeça da área e colocou a bola com jeito e força no canto direito do goleiro – Gilardino precisou dar uma de Romário e se desviar da redonda para que ela entrasse. Antes do intervalo Kingson ainda fez grande defesa, fechando a porta para Grosso, que recebeu ótimo passe de Totti.

Na volta dos vestiários a Itália manteve um alto ritmo, ganhando os confrontos contra o forte meio-campo de Gana, que tinha Muntari, Essien e Appiah. Isso durou até que Totti saísse, por lesão, e desse lugar a Camoranesi: antes de ser substituído, aos 56 minutos, o romanista lançou Gilardino, que outra vez obrigou o goleiro ganês a afastar o perigo. Kingson foi fundamental outra vez em uma pancada de Perrotta.

Iaquinta deixou Kingson para trás antes de sacramentar a vitória italiana (Getty)

Foi aí que o trio brasileiro entrou em ação negativamente. O bandeira Ednílson Corona marcou um impedimento absurdo contra a Itália em um lance capital, em que Iaquinta, substituto de Gilardino, ia saindo na cara do gol. Aos 34 da segunda etapa, Simon não assinalou penalidade de De Rossi em Gyan: o ganês foi calçado quando passava entre o romano e Zaccardo, mas o árbitro, que estava próximo ao lance, mandou seguir.

Quatro minutos depois, o castigo: Iaquinta decidiu a partida. Pirlo lançou o atacante da Udinese, mas Kuffour ganhou na corrida. Só que o experiente zagueiro errou no recuo para Kingson e o atacante aproveitou, driblando o goleiro e concluindo para o gol vazio. Vitória merecida e bom resultado para encaminhar a classificação no Grupo E. No outro jogo, a República Checa fez 3 a 0 sobre os Estados Unidos, próximos adversários da Azzurra.

Itália 2-0 Gana – Grupo E

Itália: Buffon; Zaccardo, Nesta, Cannavaro, Grosso; Perrotta, Pirlo, De Rossi; Totti (Camoranesi); Gilardino (Iaquinta), Toni (Del Piero). Técnico: Marcello Lippi.

Gana: Kingson; Paintsil, Mensah, Kuffour, Pappoe (Shilla); Appiah, Addo, Essien, Muntari; Gyan (Tachie-Mensah), Amoah (Pimpong). Técnico: Ratomir Djukovic.

Gols: Pirlo (40) e Iaquinta (83).
Melhor em campo Fifa: Pirlo.
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (Brasil).
Cartões amarelos: De Rossi, Camoranesi, Iaquinta, Muntari e Asamoah.
Local: Niedersachestadion (Hannover).

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1 Comentário

  • Lembro-me daquelas estrelas como se o tetra tivesse sido ontem. Infelizmente acho que vai demorar a nossa Itália voltar a ter uma defesa rochosa e impermeável como aquela (tanto que em toda a copa só sofremos um gol e de pênalti); um meio Campo articulado que protegia muito bem a defesa e criava jogadas muito facilmente e um ataque que concluía quase que perfeitamente. Esperamos que Ventura recupere aquele futebol Alegre e a eficiente do tetra.

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