Serie A

32ª rodada: Hora de fazer contas

Ibrahimovic se desespera: longe de seu futebol, tem dificultado a vida do Milan, que segue na liderança embalado por Alexandre Pato (Reuters)

Faltando seis rodadas para o fim da Serie A, não é mais necessário fazer cerimônias: está aberta a temporada de cálculos. Embora após os jogos deste final de semana poucas posições tenham se alterado na tabela, o tempo vai se esvaindo e o campeonato começa a ser definido. Neste resumo da rodada, faremos também uma análise em perspectiva da sequência de jogos que aguarda as equipes que ainda brigam por algo nesta Serie A. O símbolo “(c)” indica jogos em casa, enquanto “(f)” indica partidas disputadas fora de casa. Veja o calendário descrito em cada parágrafo e faça suas apostas.

Fiorentina 1-2 Milan
A liderança do Milan continua intacta, mas um elemento incomoda: Ibrahimovic, contratado para ser decisivo, destoa nesta fase final de campeonato. Apenas um gol (de pênalti) em oito jogos e dois cartões vermelhos em duas rodadas deixam claro que o sueco está altamente desequilibrado. O segundo gancho consecutivo, desta vez de três jogos, pode não afetar o Milan. Ibrahimovic tem sido ofuscado por Pato, que marcou seu 50º gol aos 21 anos e igualou marca do histórico Giuseppe Meazza. Se Ibrahimovic não tem mais decidido, sorte do Milan que joga como equipe e tem em Pato e Seedorf os ingredientes necessários para decisão em jogadas individuais.

Em Florença, os dois foram os autores dos gols e mostraram que estão voando. A partida caminhava tranquilamente para o Milan, que não era ameaçado pela dona da casa até que Vargas achou um gol, na metade do segundo tempo. A expulsão de Ibrahimovic não chegou a atrapalhar o domínio do Diavolo, que continua com jeito de campeão. Nas últimas rodadas, apenas Sampdoria (c), Brescia (f), Bologna (c), Roma (f), Cagliari (c) e Udinese (f) poderão tirar o título de Milanello.

Bologna 0-2 Napoli
15 mil napolitanos viajaram para a Emilia-Romagna e viram seu time liquidar a fatura ainda no primeiro tempo, mesmo sem Cavani – de fora pela primeira vez no campeonato. Em substituição ao uruguaio, Lavezzi jogou como centroavante e deu grande mobilidade ao jogo da equipe partenopea, que não tinha uma referência fixa na área. Desta forma, apareceram bem também Hamsík e Mascara, que marcou seu primeiro gol pelo clube. No meio-campo, o domínio territorial se fazia possível pela partida valente de Pazienza e Yebda.

Em 1989-90, uma partida em Bologna deu o pontapé inicial a uma virada napolitana sobre o Milan, que culminaria no último título da história do clube. Desta vez, a virada não aconteceu, mas os azzurri estão no páreo: descartando-se os confrontos diretos contra os rossoneri, o Napoli lideraria a Serie A com vantagem de três pontos. Pela frente, no entanto, a tabela é pesada e a mais complicada entre os times que brigam pelo scudetto: Udinese (c), Palermo (f), Genoa (c), Lecce (f), Inter (c) e Juventus (f). O bologna, por sua vez, não tem mais qualquer ambição no campeonato, e poderia ter ajudado Milan e Inter, caso Di Vaio não tivesse perdido dois gols fáceis.

Inter 2-0 Chievo
Após a semana desastrosa que viveu, a Inter tinha de buscar um ponto para recomeçar. A vitória contra os clivensi passou longe de ser brilhante, mas deu uma boa impressão de como o time de Leonaredo jogará daqui para frente. Cambiasso reassumiu a posição no vértice baixo do losango do meio-campo e deu mais equilíbrio ao time, ao contrário de quando o brasileiro o inventava como interno.

Os laterais foram o ponto alto do time de Leonardo, diversificando as jogadas. Nagatomo, melhor em campo, impressionou bem defensiva e ofensivamente e terá contra o Schalke 04 a chance de ganhar a titularidade até o fim do campeonato. Pelo outro lado, Maicon voltou a aparecer bem, com o apoio de Zanetti, e participou dos dois gols – fez um e deu passe para o de Cambiasso. No restante do campeonato, enquanto a Inter terá de jogar com todas as suas forças contra Parma (f), Lazio (c), Cesena (f), Fiorentina (c), Napoli (f) e Catania (c), o Chievo praticamente aguarda com cautela o restante do campeonato para confirmar a permanência na elite.

Udinese 1-2 Roma
Na partida mais polêmica da rodada, uma decisão do árbitro Antonio Damato foi fundamental para a vitória romanista. O juiz anulou o gol da virada friulana por um suposto toque de mão de Cuadrado, que, na verdade, havia sido deslocado por Perrotta, em lance claro de pênalti. No lance seguinte, a Roma marcou o segundo, graças a uma doppietta de Totti, em sua melhor fase em anos. Antes do gol que fez a Udinese perder a segunda partida seguinte e sair da zona de classificação para a Liga dos Campeões, o jogo era muito parelho, conduzido com inteligência pela Roma depois que havia saído na frente graças a um pênalti bem marcado pelo árbitro e batido com cavadinha pelo capitão. A Udinese, por sua vez, tentava lidar com as ausências de Inler e Sánchez, além de ter Di Natale no sacrifício em campo.

Vivíssima na perseguição à quarta posição, a Roma terá pela frente uma tabela muito acessível e que é, certamente, a mais simples entre as postulantes à LC. O time de Montella terá pela frente Palermo (c), Chievo (c), Bari (f), Milan (c), Catania (f) e Sampdoria (c), com boas chances de somar ao menos 10 pontos. A Udinese, por sua vez, teria cansado? O desafio de enfrentar o vice-líder Napoli, no San Paolo, na próxima rodada, pode fornecer uma resposta. Depois do jogo contra os azzurri, a tabela dos friulanos lhes reserva partidas contra Parma (c), Fiorentina (f), Lazio (c), Chievo (f) e Milan (c).

Sampdoria 1-2 Lecce
A bizarra estatística que o jornalista Leonardo Bertozzi divulgou através do Twitter parece próxima de ganhar mais um número: nos três rebaixamentos da Samp, o ano tinha dígito repetido (66, 77, 99) e o técnico era careca (Bernardini, Bersellini, Spalletti). Desta vez, estamos em 2011 e a equipe de Gênova tem como treinador o careca Cavasin, além de ter sido treinada pelo igualmente calvo Di Carlo ao longo do campeonato. Coincidências à parte, não há time com mais pinta de rebaixado nesta Serie A que a Sampdoria. Constantemente sem motivação, a equipe já entra derrotada em campo e também conta com azar.

Contra o Lecce, na partida mais interessante do domingo, a equipe doriana esbarrou em ótima atuação do sistema defensivo giallorosso e sofreu 2 a 0 quando era melhor em campo. Apenas um ponto acima da zona de rebaixamento, terá de passar por dois confrontos diretos, um dérbi e jogos contra Milan e Roma. Precisará de um pequeno milagre. Os leccese, por sua vez, passam por momento de tranquilidade e fase ascendente. Com 34 pontos, duas vitórias nos últimos jogos devem ser suficientes para garantir mais um ano na elite.

Lazio 2-0 Parma
Contra os prognósticos de quase todos os analistas do futebol italiano, a Lazio continua fazendo campanha sólida e não tem sentido cansaço. Além da boa vitória sobre o Parma de Giovinco, que estreava Franco Colomba, a controvertida derrota da Udinese para a rival Roma fez com que a equipe capitolina ultrapassasse a sensação friulana e assumisse temporariamente a quarta colocação, que leva à fase preliminar da LC. O reencontro de Hernanes com as redes pode ajudá-lo a deixar a posição de ofuscamento que tem passado e pode ser fundamental para que a Lazio some pontos nos próximos jogos, que nada tem de simples: os aquilotti enfrentam Catania (f), Inter (f), Juventus (c), Udinese (f), Genoa (c) e Lecce (f).

No caso do Parma, a tabela é ainda mais complicada. Com 32 pontos, os crociati estão apenas um ponto acima da zona de rebaixamento e terão a sequência mais complicada entre os times ameaçados. A equipe emliana terá pela frente Inter (c), Udinese (f), Palermo (c), Bologna (f), Juventus (c) e Cagliari (f). Recém-chegado, Colomba pode precisar de um pequeno milagre para manter a equipe na elite do futebol italiano. Neste momento, a ordem é torcer para que Giovinco seja ainda mais decisivo e para que os adversários tropecem bastante.

Juventus 3-2 Genoa
Um pouco abaixo da Lazio, a Juventus também surpreende por estar esboçando uma reação na reta final da Serie A, que pode terminar na conquista de uma vaga europeia, improvável meses atrás. Mesmo com os desfalques de Buffon, Chiellini e Del Piero, a Juve conseguiu duas boas vitórias nas últimas duas rodadas e, com 51 pontos, corre por fora na luta pela classificação para a Liga dos Campeões, mas está a apenas dois pontos da Roma, última colocada para a Liga Europa. Em campo, impulsionada por Pepe, a Juventus mostrou que continua deficiente ao se defender pelo lado direito: Motta proporcionou momentos de horror na lateral bianconera, permitindo que Antonelli armasse as jogadas dos dois gols e fosse o melhor rossoblù em campo.

Sorte da Velha Senhora é que Meso também fazia partida sofrível e permitia que Pepe jogasse bem e Matri tivesse espaços suficientes. A entrada de Toni fez a Juve voltar ao 4-4-2 e foi a cereja no bolo da vitória de virada, impedida diversas vezes pela boa exibição de Eduardo: com vontade de se vingar do seu ex-time, o bomber entrou bem no jogo e marcou o gol decisivo. Para provar que merece a classificação para a Europa, a Juventus terá pela frente uma tabela traiçoeira: enfrenta Fiorentina (f), Catania (c), Lazio (f), Chievo (c), Parma (f) e Napoli (c). Vencer este desafio será suficiente para que o clube volte atrás e confirme Del Neri para a próxima temporada?

Palermo 2-2 Cesena
A volta de Delio Rossi ao comando do Palermo parecia que ia surtindo efeito. Balzaretti, no melhor de sua forma, havia concedido duas assistências para que Kurtic (substituto do suspenso Pastore), no início do primeiro tempo, e Pinilla, na metade do segundo, dessem vitória momentânea tranquila para os rosanero. O Cesena estava com dez, depois de expulsão de Von Bergen, mas o grande defeito dos tempos de Rossi surgiu novamente: o time não consegue segurar bons resultados e vacila no final. Sem ambições na Serie A, resta aos sicilianos se dedicarem à Coppa Italia, competição em que enfrentam o Milan nas semifinais.

Com os gols de Parolo e Giaccherini, o Cesena somou um ponto importante e pode sair da zona de rebaixamento já na rodada que vem, quando enfrenta o Bari, em casa. Depois, os bianconeri terão pela frente uma tabela razoavelmente acessível: Bologna (f), Inter (c), Cagliari (f), Brescia (c), Genoa (f).

Cagliari 1-1 Brescia
Na visita ao Sant’Elia, o Brescia conseguiu um ponto importantíssimo para suas aspirações de permanência na Serie A graças ao capitão Caracciolo. Os cagliaritanos deram as cartas do jogo, mesmo sem qualquer ambição neste restante de temporada, depois de sonhar com a Europa. O gol de Cossu, após belo lançamento de Astori e falha conjunta de Zambelli e de Arcari, veio no primeiro tempo e parecia suficiente para garantir os três pontos. No entanto, os brescianos acreditaram e puniram o Cagliari com um gol do Airone Caracciolo.

A partir daí, os visitantes buscaram a virada, mas uma expulsão por falta violenta de Éder colocou tudo a perder – e custou também a expulsão do técnico Iachini, por reclamação. Agora, o Brescia dependerá de bons resultados em confrontos diretos para sonhar com a salvezza. Sua sequência: Genoa (f), Milan (c), Sampdoria (f), Catania (c), Cesena (f) e Fiorentina (c).

Bari 1-1 Catania
Mais uma vez, o Bari dava a impressão de que poderia conseguir mais uma vitória para manter a sobrevida na Serie A, mas foi desiludido por Maxi López. Nas próximas seis rodadas, o Bari terá a missão quase impossível de tirar uma desvantagem de 11 pontos para poder permanecer na elite. Convenhamos, por mais que o time melhore, mesmo se vencer três confrontos diretos e conseguir bons resultados contra Roma e Palermo, pode ser rebaixado da mesma forma.

Se confirmar o rebaixamento, a manutenção da boa base – elenco por elenco, os galletti não tem time para cair – deve ser fundamental para o retorno imediato à Serie A. Por sua vez, o Catania está em situação semelhante à do Chievo: não está salvo ainda, mas dificilmente terminará o campeonato com gosto amargo na boca.

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Seleção da 32ª rodada
Rosati (Lecce); Maicon (Inter), André Dias (Lazio), Giacomazzi (Lecce), Nagatomo (Inter); Pepe (Juventus), Pazienza (Napoli), Seedorf (Milan); Lavezzi (Napoli), Totti (Roma), Alexandre Pato (Milan). Técnico: Edy Reja (Lazio).

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