Serie A

Pelo menos foi cedo

Iachini sem boné é um milagre. Pena que as últimas ações da Samp não foram lá de se tirar o chapéu… (Sampdoria.it)

A Sampdoria está em crise. Na sétima posição da Serie B, com 22 pontos em 15 jogos, fora até mesmo da zona de classificação para os play-offs de acesso para a elite, os blucerchiati dão mostras de que não conseguiram se adaptar à nova realidade. Para falar da situação do time, convidamos o colega Thiéres Rabelo, que mantém o blog Sampdoria BR para falar do assunto. Confira!

A Sampdoria continua o mesmo enigma que foi na temporada passada, quando começou na Liga dos Campeões e terminou na Serie B: tem tudo em mãos para dar certo, mas sua direção insiste em escolhas inexplicáveis.


Neste domingo, a diretoria oficializou a demissão de Gianluca Atzori do cargo de treinador, após a derrota por 1 a 0 para o Vicenza, em Gênova. Estava escrita há várias rodadas e foi uma ação rápida da diretoria. Já no dia seguinte, a diretoria já anunciava o novo comandante, Giuseppe Iachini, campeão da Serie B de 2007-2008, com o Chievo, e responsável pela arrancada do Brescia na Serie B de 2009-2010, quando o time venceu 21 partidas em 42 rodadas e subiu para a Serie A, derrotando Cittadella e Torino nos play-offs finais.


No entanto, Iachini foi o plano B. Dois treinadores de maior expressão disseram não ao convite da diretoria blucerchiata: Luigi Del Neri, que levou a Samp à Liga dos Campeões em 2010, e Roberto Donadoni, ex-treinador da seleção italiana, que fez um bom trabalho no Cagliari no último ano. A pergunta que fica é: por que a diretoria preferiu fazer a arriscada aposta em Atzori no meio do ano, ao invés de investir pesado para trazer um treinador com maior currículo?


Este foi apenas um dos erros que a diretoria cometeu nesta temporada. Riccardo Garrone Jr., filho de Riccardo Garrone, assumiu o controle da sociedade logo após o rebaixamento. Seu primeiro erro foi não contratar um diretor geral. Desde que Giuseppe Marotta deixou Gênova e foi ser o diretor da Juventus, quase que todas as contratações do clube foram equivocadas, incluindo a dos treinadores Domenico Di Carlo e Alberto Cavasin, na temporada passada, que ajudaram muito no rebaixamento da equipe. Para a atual temporada, foi contratado apenas um diretor esportivo, Pasquale Sensibile, que fez ótimo trabalho no Novara – sua única experiência profissional. Ou seja, mais uma aposta.


Em seguida, foi feita a aposta em Atzori, que ainda não possui nenhum resultado de destaque em sua curta carreira. Nada além de levar Ravenna e Reggina aos play-offs das divisões de acesso, como a Prima Divisione e a Serie B, respectivamente, e um fracasso retumbante no Catania, já na elite. O ex-zagueiro  já começou mal seu trabalho em Gênova, passando aperto para vencer o Alessandria na primeira rodada da Coppa Italia. Foi uma vitória por 3 a 2 na prorrogação. Logo na fase seguinte, veio a eliminação na Coppa para o Empoli, fora de casa, após derrota por 2 a 1. O alerta vermelho deveria ter sido ligado aí.


Na Serie B, após dois empates preocupantes, o time conseguiu uma goleada de 6 a 0 contra o pequeno caçula Gubbio, que serviu para “enganar” a todos. Nos quatro jogos seguintes, duas convincentes vitórias fora de casa, ambas por 3 a 1 sobre Empoli e AlbinoLeffe. Mas, dentro de casa, um empate sem gols com o Grosseto e uma derrota para o Torino, por 2 a 1, resultados não exatamente inexplicáveis, mas que revelavam algumas deficiências do elenco. A partir destes tropeços, começou a derrocada.


Atzori chegou ao time com o discurso de preferir usar o esquema 3-5-2, mas poucas vezes o fez. Ele começou a temporada com um 3-4-3 gasperiniano, sem meias de criação, com dois volantes e dois alas. Após as chegadas de Bentivoglio e Foggia, que poderiam jogar ou abertos pelos flancos ou mais próximos dos atacantes, o técnico começou a variar entre as formações citadas anteriormente e acrescentou um 4-4-2 às opções. 

Depois de tudo, parece ter perdido completamente a noção. Passou a deixar no banco jogadores-chave da equipe, como Padalino, Obiang, Foggia e até mesmo o capitão Palombo, que praticmente abdicou da Euro 2012 pela seleção italiana e optou por continuar na equipe mesmo tendo mercado entre as equipes de médio e até grande porte da Itália. Atzori cavou sua própria sepultura, através da incompetência.


Garrone Jr., apesar de estar colhendo os frutos dos erros que ele mesmo cometeu, pelo menos agiu rápido, demitindo Atzori ainda no primeiro turno. Ponto para a diretoria, que, ao contrário da temporada passada, insistiu com Di Carlo até que as coisas se tornassem irreversíveis. Agora, chega Iachini, que se não é o melhor dos treinadores e nem foi a primeira opção do time, ao menos tem experiência suficiente na Serie B, com a vantagem de ter um elenco de Serie A em mãos. Além disso, a Samp tem uma torcida que lota o estádio em todos os jogos, mais do que metade dos times de Serie A. Os ingredientes necessários estão na mesa, basta que Iachini seja um bom cozinheiro e faça a Samp chegar aonde quer.

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