Esquadrões

Times históricos: Milan 1961-1969

Grandes feitos: Campeão Mundial Interclubes (1969), Bicampeão da Copa dos Campeões (1962-1963 e 1968-1969), Campeão da Recopa Europeia (1967-1968), Bicampeão Italiano (1961-1962 e 1967-1968) e Campeão da Coppa Italia (1966-1967). Foi o primeiro clube da Itália a vencer a Copa dos Campeões.

Time base: Giorgio Ghezzi (Fabio Cudicini); Mario David (Angelo Anquilletti) e Mario Trebbi (Karl-Heinz Schnellinger); Victor Benítez (Roberto Rosato), Cesare Maldini (Saul Malatrasi) e Giovanni Trapattoni; Gino Pivatelli (Kurt Hamrin), Dino Sani (Giovanni Lodetti; Néstor Combin), José Altafini (Angelo Sormani; Amarildo), Gianni Rivera e Bruno Mora (Pierino Prati). Técnicos: Nereo Rocco (1961-1963 e 1967-1969), Luis Carniglia (1963-1964), Nils Liedholm (1963-1966) e Arturo Silvestri (1966-1967).

O nascimento do rossonero copeiro

Que o Milan é um dos time mais copeiros do planeta todo mundo sabe. Mas poucos conhecem o início dessa história vencedora e brilhante da equipe de Milão. Ela começou há muito tempo, lá no começo dos anos 60, com um time que tinha de tudo um pouco: garra, determinação, concentração, talento e velocidade. Comandados por um dos maiores expoentes do chamado catenaccio, Nereo Rocco, o Milan ganhou todas as taças possíveis naqueles anos 60. Foram dois títulos nacionais, uma inédita Coppa Italia e as mais saborosas de todas: as copas internacionais.

O time de Maldini, Trapattoni e Rivera foi o primeiro clube italiano campeão da Copa dos Campeões em 1962-1963, derrotando o temível Benfica de Eusébio na final de Wembley. Alguns anos depois, o time voltou a ter destaque com a conquista da Recopa Europeia de 1968 e, um ano depois, uma nova Copa dos Campeões, dessa vez com um baile de Pierino Prati para cima do Ajax de Johan Cruyff e Rinus Michels.

Aquele Milan marcou época não só pelos títulos, mas também por atacar muito mais que seus rivais locais, que tinham solidez na defesa, mas burocracia no ataque. O Milan de Rocco sabia se defender, claro, mas atacava como ninguém na base do talento de jogadores como Gianni Rivera, José Altafini e Pierino Prati. É hora de relembrar.

Nereo Rocco: “pai” do catenaccio na Itália e do estilo copeiro do Milan

Em busca da taça perdida

O Milan conseguiu formar equipes marcantes nos anos 50, sobretudo o esquadrão comandado por um trio de ouro vindo da Suécia e composto por Gunnar Gren, Gunnar Nordahl e Nils Liedholm, apelidado de Gre-No-Li, além do uruguaio Schiaffino. Aquele time dominou o futebol italiano no período, mas sucumbiu quando tentou conquistar a Europa em 1958 ao perder a final da Copa na prorrogação para o Real Madrid de Di Stéfano.

No começo dos anos 60, o Benfica conseguiu quebrar a hegemonia espanhola no torneio e surgiu como grande força do continente. Mas o Milan também começou a arregaçar suas mangas e trabalhar duro. Primeiro, o time contratou o técnico Nereo Rocco, em 1961, inovador estrategista que trouxe para a Itália uma tática difundida na Suíça dos anos 30: o catenaccio, que consistia em um sólido sistema defensivo que deixava um jogador na sobra da zaga, o líbero, e que seria a base do futebol do país nos anos seguintes.

Rocco havia ganhado notoriedade com seus trabalhos na Triestina e no Padova. Ao chegar a Milão, ele se deparou com uma equipe muito talentosa e com jovens de futuro, entre eles um tal de Gianni Rivera, que se transformaria em um dos maiores craques da história do futebol mundial. Rocco colocou em prática suas ideias do catenaccio, mas viu que aquele time ficaria muito limitado se apenas defendesse. Por isso, tratou de mandar Rivera, Dino Sani e Altafini ao ataque. E essa tática já teria efeito na temporada 1961-1962.

O brasileiro Altafini foi o grande artilheiro daquele Milan

Campeões dos gols

O Milan conquistou na temporada 1961-1962 o título do Campeonato Italiano com um ataque devastador se comparado com seus rivais. Foram 83 gols marcados em 34 jogos e apenas 36 sofridos. Para efeito de comparação, a equipe com o segundo melhor ataque do torneio foi a Roma, quinta colocada, com 61 gols.

A equipe aplicou goleadas marcantes em seus rivais, com destaque para um 5 a 2 na Fiorentina e dois massacres pra cima da Juventus: 4 a 2 e 5 a 1. A vantagem para a vice-campeã Inter foi de cinco pontos, com 24 vitórias, cinco empates e cinco derrotas. O brasileiro José Altafini foi o artilheiro do torneio ao lado de Milani, da Fiorentina, com 22 gols. O título nacional levou a equipe à Copa dos Campeões de 1962-1963. Era hora de tentar o título que escapara em 1958.

Sem sustos, rumo à final

Na Copa dos Campeões de 1962-1963, o Milan não encontrou dificuldades até o caminho da decisão de Wembley. Na estreia, duas goleadas sobre o fraco Union Luxembourg por 8 a 0 em casa e 6 a 0 fora. Nas oitavas de final, um 3 a 0 na ida contra o Ipswich Town deixou tudo mais fácil para a volta, na Inglaterra, quando o time perdeu por 2 a 1, mas se garantiu nas quartas de final e enfrentou o Galatasaray. No primeiro jogo, na Turquia, vitória por 3 a 1. Na volta, um baile de 5 a 0 para os italianos. Antes da final, a equipe goleou o Dundee por 5 a 1 na ida, em Milão, e perdeu de apenas 1 a 0 na volta. No estádio mais emblemático do planeta, o Milan teria um desafio e tanto: encarar o então bicampeão Benfica.

Altafini deu trabalho para o Benfica na final europeia de 1963

Altafini garante a taça inédita

Na final do dia 22 de maio de 1963, apenas 45.700 pessoas estavam em Wembley para ver o duelo entre portugueses e italianos. O Benfica já não tinha mais o técnico Béla Guttmann e estava sob a maldição imposta pelo antigo treinador, que disse em 1962 que o clube “jamais conquistaria novamente uma taça europeia” sem ele. A tal maldição seria colocada à prova naquele dia, contra o Milan de Rocco. Quando o jogo começou, os encarnados pensaram que os dizeres de Guttmann eram blefe quando Eusébio abriu o placar logo aos 18 do primeiro tempo. No segundo tempo, porém, o Milan conseguiu reverter a situação graças ao brasileiro Altafini, que marcou dois gols e garantiu o placar de 2 a 1 para o time italiano, além de alcançar um recorde de 14 gols marcados na competição que só seria igualado em 2012 pelo argentino Lionel Messi.

Em solo inglês, o Milan se tornava o primeiro time da Itália a ser campeão da Europa. Cesare Maldini, pai de Paolo Maldini, ergueu a taça e fez a festa para os rossoneri. Mas aquela seria a única taça do time no ano, que teria que assistir a ascensão de seu maior rival.

Rocco e Prati erguem a taça da Europa, em 1969

Anos ruins

Depois do título europeu, o Milan teve a chance de ser campeão do mundo, mas não foi páreo para o Santos de Pelé. O Milan venceu o primeiro jogo, em Milão, por 4 a 2, com gols de Amarildo (2), Trapattoni e Mora. Na volta, no Maracanã, a equipe abriu 2 a 0 no primeiro tempo, mas permitiu a virada alvinegra para 4 a 2, quando Almir, substituto de Pelé, confirmou anos mais tarde ter se dopado para ajudar na vitória brasileira. No terceiro jogo, o 1 a 0 do Santos decretou a vitória para o time da Vila. Na disputa do Mundial, o Milan já não tinha mais no comando o técnico Nereo Rocco, que brigou com a diretoria rossonera e foi para o Torino.

Sem o inovador comandante, a equipe não conseguiu conquistar títulos e teve que assistir sentada o sucesso da Internazionale de Helenio Herrera, que usou e abusou do catenaccio trazido por Rocco e fez a equipe nerazzurra bicampeã europeia e mundial em 1964 e 1965, além de faturar três títulos italianos.

Foram anos complicados para a turma rossonera, principalmente pelas derrotas para a maior rival – algumas de goleada – o que deixava a torcida louca da vida. Além disso, nomes como Altafini e Maldini deixaram o clube, mas chegaram reforços como Sormani e Schnellinger.

No entanto, depois de anos de jejum, eis que Nereo Rocco acertou sua volta para a equipe em 1967, logo após Arturo Silvestri conseguir dar ao clube a primeira Coppa Italia de sua história com uma vitória por 1 a 0 sobre o Padova. E seria o salvador Rocco quem mudaria o rumo das coisas mais uma vez.

Herrera e Rocco: expoentes dos anos 60 na Europa

Na rota dos títulos

O titulo da Coppa Italia deu ao Milan um lugar na Recopa de 1967-1968. Naquela temporada, o time também quebrou o jejum de taças no Campeonato Italiano e faturou o scudetto com 18 vitórias, 10 empates e apenas duas derrotas em 30 jogos, com 53 gols marcados (melhor ataque) e 24 sofridos. O destaque da equipe na conquista foi o atacante Pierino Prati, artilheiro da Serie A com 15 gols. Rivera e Sormani também brilharam, com 11 gols cada.

Na Recopa, o Milan passou por Levski Sofia, Györi, Standard Liège e Bayern Munique, até chegar à final contra outro time alemão, o Hamburgo. Na decisão, disputada em Roterdã, na Holanda, o sueco Kurt Hamrin, contratado naquela temporada, marcou os dois gols da vitória por 2 a 0 que deu ao clube mais um título internacional e inédito. Mas os comandados de Rocco queriam mais. E partiram em busca da Copa dos Campeões de 1968-1969.

Prati anotou tripletta em plena final europeia

Super defesa, rumo a Madrid

No Campeonato Italiano de 1968-1969 o Milan não ficou com o scudetto: a campeã foi a Fiorentina, que chegou ao seu segundo título nacional. Porém, o clube de Milão alcançou um recorde notável ao levar apenas 12 gols em 30 jogos, a melhor marca do time na história da competição. A equipe demonstrava muito entrosamento, força e talento com Rivera e Prati comandando as ações no ataque. E seria graças a dupla que o Milan iria disputar mais uma final europeia em 1969.

Na Copa, o Milan eliminou Malmö, Celtic (com uma vitória por 1 a 0 em pleno Celtic Park), os então campeões continentais Manchester United (vitória por 2 a 0 na ida e derrota por 1 a 0 na volta) e chegou a mais uma final. Nela, a equipe teria pela frente uma equipe promissora e que faria história a partir de 1971: o Ajax, comandado por Rinus Michels no banco e por Johan Cruyff em campo.

O jogo, disputado no estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, tinha tudo para ser equilibrado, mas foi dominado por um só time: o Milan, que aplicou sonoros 4 a 1 com três gols de Pierino Prati e um de Sormani.

Foi um baile inesquecível do time italiano que deu uma aula de precisão e pontaria, deixando os holandeses sem qualquer tipo de reação. O bicampeonato europeu colocou o Milan no mesmo patamar da rival Inter, ambos com duas taças europeias, e credenciou a equipe de Rocco e Rivera em mais uma disputa de Mundial Interclubes, dessa vez contra os perigosos argentinos do Estudiantes.

A taça das grandes orelhas era novamente rossonera

Campeões na raça, na bola e no sangue

Para coroar um ano inesquecível, o Milan disputou entre 8 e 22 de outubro de 1969 o título da Copa Intercontinental contra o Estudiantes. No primeiro jogo, em Milão, a equipe de Rocco mostrou toda sua superioridade técnica e tática e venceu por 3 a 0, gols de Sormani (2) e Combin.

Na volta, em La Bombonera, o Milan foi vítima de uma das maiores selvagerias da história. Os argentinos bateram muito, mas muito nos italianos e usaram todos os artifícios possíveis para conseguir vencer por mais de três gols de diferença. Rivera abriu o placar para o Milan no primeiro tempo e dificultou ainda mais o trabalho dos argentinos, que viraram para 2 a 1, resultado que permaneceu assim até o final do jogo. Os italianos venceram no agregado por 4 a 2 e ficaram com o título na base da raça, do suor e do sangue. As fotos de Combin totalmente fora de si e ensanguentado após ter o nariz e o maxilar quebrados foram a prova máxima da brutalidade do Estudiantes naquele jogo.

Mesmo com tantos fatores adversos, o time de Milão venceu pela primeira vez em sua história um título mundial. Ainda em 1969, Gianni Rivera coroou sua fase brilhante com a conquista da Bola de Ouro da revista France Football, que premiava o Melhor Jogador da Europa.

À espera de Sacchi

Depois dos títulos europeu e mundial de 1969, o Milan ainda faturou três Coppa Italia e mais uma Recopa no começo dos anos 70, mas passou longe de vitórias na Copa dos Campeões. A ótima safra de jogadores minguou e o clube só voltaria a ser protagonista no continente no final dos anos 80, na mais fantástica equipe já formada em Milão, após a compra do clube pelo empresário Silvio Berlusconi.

Enquanto essa era não chegava, os torcedores tiveram que viver das lembranças de um time histórico e pioneiro tanto em títulos internacionais quanto em inovações táticas, levando os rivais a seguir seus passos por anos. A Internazionale foi a que mais obteve sucesso, mas jamais conseguiu apagar da memória dos milanistas a força ofensiva daquele time que ora tinha Dino Sani e Altafini, ora Amarildo, Lodetti e Prati. E sempre com dois personagens como protagonistas: Gianni Rivera, o maestro encantador e sublime, e Nereo Rocco, o professor dono das táticas, da inteligência competitiva e responsável por plantar a semente copeira tão vertiginosa na Associazione Calcio Milan.

Os personagens:

Giorgio Ghezzi: o goleiro conseguiu a façanha de ser campeão italiano tanto pelo Milan, em 1962, quanto pela Internazionale em 1953 e 1954. Ghezzi foi um dos bons goleiros da Itália nos anos 50 e 60 e foi um dos destaques na conquista da Copa dos Campeões de 1963. Encerrou a  carreira no próprio Milan, em 1965.

Fabio Cudicini: chegou veterano ao Milan, em 1967, aos 32 anos e provou em campo que ainda tinha muita lenha para queimar. Seguro, ágil e imponente, Cudicini foi fundamental para a segurança defensiva do Milan na segunda era Rocco da década e faturou o scudetto e a Recopa de 1968, a Copa dos Campeões e o Mundial de 1969 e uma Coppa Italia em 1972.

Mario David: zagueiro muito raçudo e que não pensava duas vezes antes de “abrir a caixa de ferramentas”, David jogou de 1960 até 1965 no Milan e fez parte do time campeão italiano de 1962 e europeu em 1963. Disputou a Copa do Mundo de 1962 pela Itália e foi um dos protagonistas da partida contra o Chile que ficou conhecida como a “Batalha de Santiago”, cheia de jogadas ríspidas e muita violência.

Angelo Anquilletti: foram 11 anos de Milan e nove títulos no currículo, entre eles uma Copa dos Campeões, duas Recopas e um Mundial. Era outro zagueiro muito seguro e fez parte da seleção italiana campeã da Eurocopa de 1968.

Mario Trebbi: revelado pelas categorias de base do Milan, Trebbi foi outra peça importante no sistema defensivo do time entre 1959 e 1966. Faturou quatro títulos, entre eles a Copa dos Campeões de 1963.

Karl-Heinz Schnellinger: o alemão foi um dos maiores defensores pela esquerda da história do futebol mundial e ganhou o curioso apelido de “Volkswagen” por conta de sua performance “duradoura e de qualidade”. Tinha uma mentalidade vencedora notável, muita calma e inspirava confiança tanto pelo Milan, no qual jogou entre 1965 e 1974, quanto pela seleção da Alemanha Ocidental, pela qual jogou quatro Copas (1958, 1962, 1966 e 1970), tendo marcado um único, porém marcante, gol: o de empate em 1 a 1 no jogo contra a Itália na semifinal da Copa de 1970, que levou a partida para a prorrogação mais espetacular de todos os tempos. Venceu oito títulos com a camisa do Milan e é um ídolo eterno do clube.

Victor Benítez: o peruano foi um dos maiores defensores do futebol de seu país e se consagrou em clubes latinos (como Boca Juniors e Alianza Lima) e italianos, entre eles, claro, o Milan, onde faturou a Copa dos Campeões de 1963 dando proteção ao meio de campo com grande poder de marcação.

Roberto Rosato: ele nasceu no mesmo dia, mês e ano que uma lenda do Milan e que foi seu companheiro, Gianni Rivera, mas Rosato tinha outras características com a bola no pé. Foi um defensor de muita segurança e determinação, disputando 269 jogos com a camisa rossonera. Conquistou oito títulos com o Milan e foi fundamental nas taças históricas de 1968 e 1969.

Cesare Maldini: antes de Paolo Maldini marcar época como um dos maiores defensores do futebol mundial e do próprio Milan, um outro Maldini foi estrelar e histórico no clube rossonero: Cesare, seu pai. Com 412 jogos disputados e cinco títulos conquistados, Maldini “sênior” marcou época com classe, técnica e muita qualidade na zaga, jogando como lateral, zagueiro e líbero. O craque teve a honra de erguer, como capitão, a primeira taça da Copa dos Campeões conquistada pelo Milan, em 1963. Exatos 40 anos depois, seu filho Paolo repetiria a dose ao erguer a “velhinha orelhuda” em 2003. Jogou de 1954 até 1966 em Milão.

Saul Malatrasi: o defensor esteve no time da Internazionale campeã da Europa em 1965, mas não era titular. Quando foi para o Milan em 1967, teve a chance de conquistar uma nova Copa dos Campeões e conseguiu, dessa vez como titular e líbero do time campeão em 1969. É um dos maiores vencedores do futebol italiano com 12 taças conquistadas em suas passagens pelos gigantes de Milão.

Giovanni Trapattoni: antes de se tornar um dos maiores técnicos do futebol italiano, Trapattoni foi um jogador de futebol. E dos bons. Revelado pelo Milan, Giovanni jogou mais de uma década no clube de Milão e foi um dos ícones do sistema defensivo de Nereo Rocco. Com grande tempo de bola, senso de posicionamento preciso e formidável na marcação, o jogador era um legítimo cão de guarda do time no meio de campo. Era ótimo em se antecipar nas jogadas e se destacava no jogo aéreo. Disputou 351 jogos no Milan e conquistou sete títulos.

Gino Pivatelli: já era veterano e prestes a encerrar a carreira quando chegou ao Milan em 1961, mas jogou muito bem no ataque e ajudou a equipe na conquista da Copa dos Campeões de 1963. Naquele mesmo ano, pendurou as chuteiras e virou técnico.

Kurt Hamrin: sueco de dribles desconcertantes e muito rápido, Kurt Hamrin marcou época no futebol italiano vestindo a camisa da Fiorentina e do Milan. Foi campeão pelas duas equipes e herói da conquista da Recopa de 1968 pelo rossonero, quando marcou os dois gols da vitória por 2 a 0 sobre o Hamburgo. Fez um memorável trio de ataque ao lado de Prati e Sormani.

Dino Sani: tinha classe, inteligência e domínio pleno do meio de campo tanto nos tempos de São Paulo como no Milan. Dino Sani marcou época no futebol e jogou muito em todos os clubes pelos quais passou. Conquistou o scudetto de 1962 e a Copa dos Campeões de 1963 pelo Milan e foi ídolo da torcida, que rapidamente viu no brasileiro a mesma qualidade (ou mais) que o sueco Gunnar Gren havia demonstrado nos anos 50. Foi campeão da Copa do Mundo de 1958 com a seleção brasileira.

Giovanni Lodetti: se Rivera passava por apuros e perdia a bola, lá estava Lodetti para recuperá-la e entregá-la novamente para o camisa 10 rossonero. Meio campista de muito talento e visão, Lodetti fez história no Milan entre 1962 e 1970, conquistando vários títulos e ajudando o ataque e defesa da equipe com muita precisão no desarme e nos passes. Além de brilhar no Milan, foi importante na conquista da Eurocopa de 1968.

Néstor Combin: argentino naturalizado francês, o atacante Combin viveu momentos terríveis em 1969 durante a final do Mundial Interclubes. Acusado de traidor pelos argentinos por jamais ter jogado em seu país, ele foi duramente castigado na partida de volta, em Buenos Aires, contra o Estudiantes e teve o nariz quebrado naquele jogo. Mesmo diante da selvageria do rival, Combin saiu vivo e com o título de campeão mundial na bagagem.

José Altafini: no Brasil, o atacante ficou conhecido como Mazzola por sua semelhança com o mítico e lendário craque italiano Valentino Mazzola, do Torino dos anos 40. Quando foi contratado pelo Milan, Mazzola virou Altafini e fez seu nome ganhar força e história própria com muitos gols, títulos e atuações de gala. Com um faro notável para o gol, o brasileiro que já havia conquistado a Copa do Mundo de 1958 marcou época no Milan e anotou 161 gols em 246 jogos pelo time, além de ter sido artilheiro da Serie A em 1962 com 22 gols. Na temporada 1962-1963, fez história na Copa dos Campeões vencida pelo Milan ao marcar 14 gols, um recorde que permanece até hoje na competição e que só foi igualado por Lionel Messi na temporada 2011-2012.

Angelo Sormani: nascido no Brasil, mas consagrado na Itália, Angelo Sormani foi outro atacante de sucesso no Milan e fundamental para os títulos da equipe entre 1967 e 1969. Anotou um dos quatro gols da equipe na final da Copa dos Campeões de 1969, além de ter marcado dois na vitória por 3 a 0 sobre o Estudiantes no primeiro jogo da final do Mundial daquele ano.

Amarildo Tavares Silveira (Amarildo): craque do Botafogo no começo dos anos 60, o brasileiro Amarildo fez uma Copa do Mundo em 1962 simplesmente fantástica e ganhou o apelido de “O Possesso”. Tanto talento no ataque despertou o interesse do Milan, que o contratou em 1963. Em Milão, porém, o craque não teve sorte e faturou apenas um título, a Coppa Italia de 1967, se transferindo para a Fiorentina no mesmo ano e perdendo a chance de vencer a Copa dos Campeões e o Mundial de 1969. Por outro lado, foi campeão italiano pela Viola e virou ídolo em Florença.

Gianni Rivera: prodígio, craque, colecionador de títulos e um imortal dentro do Milan. Gianni Rivera foi um dos mais representativos jogadores da história rossonera e o símbolo maior daqueles anos de ouro. Depois iniciar a carreira no Alessandria, foi contratado pelo Milan em 1960 e rapidamente ganhou a confiança do técnico Nereo Rocco, que o lapidou e viu sua ascensão ano após ano. Garçom, goleador e dono das ações criativas do ataque do time, Rivera disputou 658 jogos pelo Milan, sendo 501 na Serie A, e marcou 164 gols. Conquistou 12 títulos em quase 20 anos de clube, com destaque para duas Copas dos Campeões, um Mundial e três scudetti. Em 1969, seu trabalho foi coroado com a Bola de Ouro de melhor jogador do continente. Honras mais do que merecidas para uma das maiores bandeiras da história do Diavolo.

Bruno Mora: foi um bom atacante pela direita e contribuiu para os títulos do Milan entre 1962 e 1969. Deu azar ao sair do time antes das conquistas de 1969 e perdeu a chance de ser bicampeão europeu e campeão mundial.

Pierino Prati: ponta de muita qualidade técnica e precisão na hora de concluir ao gol, Pierino Prati fez uma dupla histórica com Rivera, que lhe dava passes açucarados para uma enxurrada de gols. Seu grande momento foi em 1969, quando marcou um hat-trick na final da Copa dos Campeões contra o Ajax de Cruyff e praticamente deu o bicampeonato europeu ao clube rossonero. Prati marcou 102 gols em 209 jogos pelo Milan.

Nereo Rocco, Luis Carniglia, Nils Liedholm e Arturo Silvestri (Técnicos): com todo o respeito aos outros treinadores do Milan naqueles anos 60, mas o grande responsável pelas glórias e pela identidade copeira da equipe no período foi Nereo Rocco. Com o treinador, o Milan venceu praticamente tudo o que disputou, derrotou equipes emblemáticas como o Benfica de Eusébio e o Ajax de Cruyff, e fez história na Europa, no mundo e, claro, na Itália. Rocco fez o Milan jogar na base do catenaccio, mas inovou ao impor a ofensividade e não somente a segurança defensiva. Com isso, enquanto todos só pensavam em defender, o Milan conseguia defender e atacar com extrema eficiência, na base do talento e da criatividade. Rocco é até hoje o técnico com maior número de títulos no comando do Milan (10 taças), o que mais comandou o time (459 jogos) e o que mais venceu (243 vitórias), façanhas que o colocam à frente de outros mitos como Arrigo Sacchi e Carlo Ancelotti.

Conteúdo do blog Imortais do Futebol. Leia mais sobre times, seleções, jogadores, técnicos e jogos que marcaram época no futebol mundial aqui.

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