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Rápido como um raio e potente como um trovão, Luigi Riva se tornou mito da Azzurra

Força, velocidade, técnica e caráter. Características de um dos mais importantes atacantes italiano do pós-Guerra: Luigi Riva. O Rombo di Tuono – Estouro do Trovão, em português – é o maior goleador da história da Nazionale, com 35 gols. E uma média excelente, de 0,83 tento por partida.

Foi no Laveno Mombello que Riva iniciou carreira, na temporada 1960-61. Dois anos depois, estreou pelo Legnano, com uma vitória por 3 a 0 sobre o Ivrea. Jogou 23 partidas antes de atuar na elite do futebol italiano. Contratado pelo Cagliari em 1963, ele marcou oito gols na campanha do vice-campeão da Serie B. A estreia do atacante na Serie A foi surpreendente. Ele foi o artilheiro do time recém-promovido na temporada, com nove gols em 32 jogos.

O maior artilheiro da seleção italiana disputou a Copa de 1970 (Getty)

Em 1965, a Hungria foi derrotada pela Squadra Azzurra por 2 a 1, no jogo de estreia de Riva na seleção. O primeiro gol dele na Nazionale saiu na quarta partida do jogador: 5 a 0 contra o Chipre, na Eurocopa de 1968. Na final vencida sobre a Iugoslávia, por 2 a 0, o Rombo di Tuono marcou o primeiro gol. O italiano chegou ao topo da artilharia da Serie A em 1967, 1969 e 1970. Em 1967, o Cagliari foi vice-campeão e Riva ficou em segundo na Bola de Ouro da France Football, atrás de Rivera (Milan). O feito do goleador foi importantíssimo para um jogador de um time provincial.

Três anos depois, os rossoblù conquistaram o único scudetto da Sardenha. Dos 21 gols do artilheiro Gigì, dois foram contra o Napoli de Zoff com uma febre de 40 graus; e outro, de bicicleta contra o Vicenza, entrou para a história do campeonato. Ele foi um dos personagens principais do time que fez história. Até então, apenas uma equipe de fora da região norte da Itália – a Roma – havia erguido o troféu da Serie A.

Riva virou ídolo máximo do Cagliari por tudo o que fez pelo time da Sardenha, com o qual foi campeão italiano (Tomikoshi)

Na Copa do Mundo do México, Riva marcou contra o México, nas quartas de final, e contra a Alemanha Ocidental, na semifinal que ficou conhecida como o jogo do século. Ainda em 1970, Riva rejeitou uma oferta da Juventus de 6,77 bilhões de velhas liras (aproximadamente 3,5 milhões de euros em dinheiro atual) mais sete jogadores bianconeri. Seria a maior transferência da história até então.

Apesar do instinto goleador, a carreira do atacante foi marcada por sérias lesões. Ele fraturou o perônio esquerdo em um amistoso contra Portugal, em 1967, e o direito na Euro 1972, contra a Áustria. Em 1976, rompeu o tendão de Aquiles durante uma partida com o Milan. Ele nunca se recuperou totalmente da lesão e, apesar das tentativas de retorno, pendurou as chuteiras dois anos depois, com 208 gols marcados em 378 jogos pelos isolano. E um fato curioso: Riva marcou apenas duas vezes com o pé direito. Manlio Scopigno, então técnico do Cagliari, dizia que sua destra só servia para subir no trem.

Riva esteve na mira de gigantes, mas preferiu ficar no Cagliari (imago/Buzzi)

Aposentado, Luigi Riva se tornou dirigente do Cagliari e ocupou diversos cargos no clube até que, em dezembro de 1985, assumiu a presidência – num período crítico da história dos isolani. Como mandatário rossoblù, Gigi conduziu o time a uma campanha de permanência na Serie B e só ficou no comando na primeira parte da conturbada temporada 1986-87.

Aquela campanha confusa terminou com o primeiro rebaixamento dos sardos para a terceirona após 25 anos, mas, ao mesmo tempo, com uma campanha de semifinais da Coppa Italia, contra o Napoli de Diego Armando Maradona. A renda da partida de ida contra os partenopei, que ganhariam a competição, contribuiu para evitar a falência da agremiação. Futuramente, o craque também daria uma ajudinha indireta aos cofres da instituição, já que Nicolò Barella, maior venda dos casteddu – foi negociado com a Inter por quase 50 milhões de euros, em 2019 – saiu de uma escolinha fundada pelo Rombo di Tuono.

Riva obteve uma excelente média de gols com a camisa da seleção (Liverani)

Depois da experiência como máximo dirigente do Cagliari, Riva ocupou um posto na Federação Italiana de Futebol – FIGC para fazer a ponte entre a seleção e a entidade. Isso lhe abriu as portas para o cargo mais longevo de sua carreira como cartola: de 1990 a 2013, Gigi ocupou o cargo de coordenador da Nazionale. Na função, participou de mais seis Copas do Mundo, com um título (2006) e um vice (1994), e cinco Euros, com um vice (2012).

Em 2005, a prefeitura de Cagliari concedeu a Riva a cidadania honorária da cidade. Em 9 de fevereiro do mesmo ano, antes do amistoso entre Itália e Rússia, o clube da Sardenha aposentou a camisa 11. O craque receberia diversas honrarias posteriormente, como a entrada no Hall da Fama do Cagliari e um lugar na Calçada da Fama do futebol italiano.

Riva foi diretor da seleção italiana por mais de uma década (Liverani)

Mas não foi “só” isso. Um avião da companhia ITA a serviço no aeroporto da capital da Sardenha, região em que virou ídolo, foi batizado como Gigi Riva O novo estádio do Cagliari, que ainda está em fase inicial de projeto, também levará o seu nome. Infelizmente, o maior craque da história rossoblù não poderá presenciar a inauguração da arena esportiva. O ídolo sofreu um infarto em 21 de janeiro de 2024 e faleceu no dia seguinte, aos 79 anos, deixando toda a Itália em comoção.

Atualizado em 22 de janeiro de 2024.

Luigi Riva
Nascimento: 7 de novembro de 1944, em Leggiuno, Itália
Morte: 22 de janeiro de 2024, em Cagliari, Itália
Posição: atacante
Clubes: Legnano (1962-63) e Cagliari (1963-1976)
Títulos: Eurocopa (1968) e Serie A (1970)
Seleção italiana: 42 jogos e 35 gols

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