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O rei da pancadaria: Paolo Montero, recordista em expulsões da Serie A

Stefano Discreti e Alvise Cagnazzo escreveram que Paolo Montero foi o último guerreiro da Juventus. Com pouco menos de 1,80m, o uruguaio era muito mais viril do que técnico. Mesmo assim, ele teve seus melhores momentos em Turim e foi um dos grandes nomes da defesa bianconera no fim dos anos 90 e início dos 2000.

Julio Montero Castillo, meio-campista uruguaio nas Copas do Mundo de 1970 e 74, chegou ao Granada, da Espanha, quando a equipe era conhecida como “matagigantes”. A década foi a melhor da história do time. Paolo já era nascido quando o pai foi à Espanha e, dessa forma, cresceu no mundo do futebol. Mas o pai era durão: o filho só jogaria bola se tirasse boas notas na escola.

Ele sempre foi bem nas provas. No teste fora do colégio, passou e integrou os juvenis do Peñarol. Rónald já usava seu segundo nome, Paolo, quando foi repassado à Atalanta, dois anos após seu ingresso no time profissional, em 1990. Marcello Lippi apostou naquele uruguaio de 21 anos, que havia feito um excelente campeonato uruguaio e já fazia parte da seleção de seu país: foram 27 partidas na temporada que a Atalanta quase chegou à zona de classificação para a Copa Uefa. Em sua estreia, contra o Parma, em Bérgamo, os orobici conseguiram vitória por 2 a 1 e Montero foi eleito um dos melhores em campo.

A Atalanta foi a porta de entrada do uruguaio para o futebol europeu (imago)

Após o pequeno sucesso na temporada, as vendas fizeram com que a equipe piorasse muito para a época seguinte. O zagueiro havia se tornado um dos pilares da defesa, mesmo com a saída de Lippi e os comentários de que seria um defensor sujo e bruto. Ele se defendia: “sempre vou jogar para ganhar. No vestiário, aperto as mãos dos adversários, é claro, mas não tenho ressentimentos em campo”. Preterido por Emiliano Mondonico, após retornar à Serie A, foi indicado pelo antigo treinador a juntar-se a Juventus recém-campeã europeia, que já tinha levado Alessio Tacchinardi da Atalanta para Turim.

Se tinha o “violento” Montero de um lado, os bianconeri viam a leveza e técnica de Ciro Ferrara ao lado do uruguaio. Companheiro de muitos anos, o italiano ensinou muito ao jogador da Celeste. Logo na primeira temporada com a Juventus, Montero foi campeão da Supercopa Europeia, da Copa Intercontinental e da Serie A.

O bicampeonato europeu ficou entalado – a Juve perdeu a final para o Borussia Dortmund. O zagueiro era o melhor amigo de Zinédine Zidane enquanto o francês vestia preto-e-branco. No ano seguinte, tudo igual: a Juve ficou novamente com o título italiano e acabou derrotada na final da Liga dos Campeões, desta vez pelo Real Madrid.

Pela Juventus, Montero foi três vezes vice-campeão europeu (imago)

O ataque passava por algumas mudanças no início dos anos 2000 depois de campanha questionável em 1998-99, última de Lippi naquele ciclo. Mas a defesa continua imponente: Montero se sustentava como titular ao lado de Ferrara. Carlo Ancelotti tinha os bons Mark Iuliano e Igor Tudor no banco de reservas, mas a regularidade e determinação do uruguaio o mantinha nos 11 iniciais. Já com 30 anos, Montero foi um “pai” para Fabián Carini, goleiro uruguaio que chegou à Juventus com 19. O jovem tinha problemas para se adaptar, principalmente, com a língua, e o zagueiro o ajudou.

O título que faltou para Paolo Montero foi o europeu. As chegadas de Buffon, Thuram e Nedved em 2001 ajudaram a Juventus a conquistar por duas vezes consecutivas a Serie A, com Lippi novamente no comando. Em 2002-03, quatro dias depois do último jogo da Serie A, os bianconeri foram derrotados pelo Milan na final da Liga dos Campeões. Naquela oportunidade, o uruguaio errou uma das cobranças de pênaltis e ficou no quase pela terceira vez.

Delicadeza não era o forte de Montero (imago)

Ele ficou em Turim até 2005, tendo ganhado ainda uma Supercopa Italiana e um título italiano, revogado pela júri esportivo por manipulação de resultados. Mesmo com o recorde de 16 expulsões na Serie A, Montero, em quase 200 jogos com a camisa bianconera, ainda permanece na memória dos torcedores. A mistura de raiva, compaixão, determinação e, algumas vezes, violência, o tornaram um ídolo único.

Após uma temporada com a camisa do San Lorenzo, voltou ao seu clube formador, o Peñarol, onde atuou em 26 partidas e marcou um gol. Hoje, continua ligado ao futebol, trabalhando como empresário de jogadores.

Rónald Paolo Montero Iglesias
Nascimento: 3 de setembro de 1971, em Montevideo (Uruguai)
Posição: zagueiro
Clubes: Peñarol (1990-91 e 2006-07), Atalanta (1992-96), Juventus (1996-05) e San Lorenzo (2005-06)
Títulos: 5 Serie A (1996-97, 1997-98, 2001-02, 2002-03 e 2004-05), 3 Supercoppa Italia (1997, 02 e 03), Copa Intercontinental (1996) e Supercopa da Europa (1996)
Seleção uruguaia: 61 jogos e 5 gols

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