Mercado

Notas sobre o mercado

Destaque do mercado “econômico” da Inter e do futebol italiano, Forlán chegou para substituir Eto’o. Será suficiente para que o time rivalize com o Milan? (iG)

Ontem, o mercado de verão europeu teve seu desfecho e os times italianos fizeram os últimos ajustes antes de a temporada começar. Em tempos de crise internacional, nenhuma cntratação bombástica aconteceu, e boa parte dos clubes preferiu apostar. Destaque para a Roma, que fez quatro contratações só nas últimas 24 horas da janela, mostrando que considerava muitas lacunas abertas no elenco. Ontem, destaque também para o Milan, que fez uma ótima contratação à surpresa ao acertar com Nocerino, e para a Inter, que completou seu elenco com Zárate. Confira nossa avaliação sobre o mercado de cada um dos clubes, lembrando que todas as transferências envolvendo times italianos você pode conferir aqui no blog, na seção Mercado 2011-12.

Napoli, 8,5

Os azzurri deram uma boa mostra de como fortalecer um elenco sem gastar tanto e, o mais importante, segurando suas estrelas. A permanência de Hamsík, Lavezzi e Cavani foi uma demonstração de força e a adição de Pandev será importante, sobretudo pela rodagem na Liga dos Campeões. A rigor, o presidente De Laurentiis usou 70% dos 42 milhões gastos com apenas três contratações (Inler, Dzemaili e Britos), todas para o time titular, e, para o banco de reservas, teve boa visão ao acertar com jogadores em fim de contrato (Donadel e Santana) ou outros por baixo custo, como Fernández, Fideleff e Chávez – apostas argentinas em uma Nápoles sempre identificada com a albiceleste. No ataque, o Napoli preferiu manter Lucarelli e apostar no argentino Chávez, do San Lorenzo, como alternativas a Cavani.

Milan, 8,5

Menos ainda gastou o Milan, que tinha um elenco quase completo e se deu ao luxo de melhorá-lo, ampliando-o com jogadores de seleção e gastando apenas 5 milhões de euros. O único que chega para assumir a titularidade é o nigeriano Taiwo, na lateral esquerda, mas Mexès, Aquilani, Nocerino e El Shaarawy são opções de luxo para o banco. O volante do Palermo foi uma das melhores contratações da janela, já que chegou por apenas 1 milhão de euros e será importante na LC, já que Gattuso está suspenso por quatro partidas. Na competição europeia, os rossoneri conseguiram reduzir o abismo técnico para Barcelona, Real Madrid e Manchester United e, nacionalmente, continuam favoritos ao scudetto.

Lazio, 8

Com os ânimos renovados, a Lazio aproveitou a “refundação” da Roma e não ficou atrás no mercado. Se os rivais prometiam muitos reforços, a equipe de Formello agiu ainda melhor, considerando as deficiências do elenco. Cissé e Klose são os goleadores que faltaram na última temporada e devem aproveitar muitos passes de Hernanes e Mauri, enquanto Ledesma terá Cana como substituto à altura. Muslera foi bem substituído por Marchetti na meta e Lichtsteiner não deve fazer falta, após as chegadas de Konko e Stankevicius. Na outra lateral, o bósnio Lulic deve ganhar a vaga de Radu e desempenhar papel parecido ao que Kolarov fazia, dois anos atrás. Talvez tenha faltado apenas um zagueiro reserva, já que o setor sofreu muito sem Biava ou André Dias em 2010-11.

Atalanta, 8

Considerando seus padrões econômicos e o fato de que começará a temporada com -6 pontos e não terá Doni, seu capitão e grande referência, a Atalanta fez um mercado de respeito, o melhor entre as pequenas equipes italianas. Para a defesa, chegam os bons Masiello e Lucchini, que devem ser auxiliados por um meio-campo muito forte, com Carmona e os novos contratados Cigarini e Brighi. O ataque deve ter dois titulares argentinos, com Moralez se movimentando mais e Denis mais fixo, com a possibilidade de marcar muitos gols. Faltou contratar um lateral-esquerdo, mas mesmo com essa falha e com a pontuação negativa, a equipe bergamasca larga na frente das rivais na luta contra o rebaixamento.

Juventus, 7,5

A Juve assumiu o discurso de refundação depois de duas péssimas temporadas e o presidente Andrea Agnelli colocou a mão no bolso: ao todo, foram gastos 50 milhões de euros, com contratações que fortalecem muito o elenco, como Lichtsteiner, Pirlo, Vidal, Elia e Vucinic, que chegam para assumir postos no onze inicial. Para o banco, o clube ainda contratou mais dois jogadores para as pontas – Giaccherini e Estigarribia -, do 4-4-2 de Conte, deixando claro que o treinador não considera Krasic como fundamental a seus planos. Se livrar de jogadores fora dos planos, inclusive, foi a maior deficiência da Juve, já que Giuseppe Marotta não conseguiu desinchar o elenco. Agora, a Juve tem 30 jogadores, entre os quais Amauri, Ziegler, Iaquinta e Pepe, que não contam com o aval do treinador. Reduzir o saldo negativo de 40 milhões de euros será tarefa para janeiro.

Cesena, 7,5

Surpresa da última temporada, o Cesena fez um mercado ainda melhor para 2011-12 e deve fazer campeonato tranquilo. A manutenção do forte meio-campista Parolo foi a grande conquista, já que a saída de Giaccherini e Jiménez, dois pilares na última temporada, foram muito bem supridas pelas chegadas de Martínez, Mutu e Éder, que terão a chance de colocarem a carreira no lugar após um ano ruim. O meio-campo ainda terá o bom Candreva como titular e Guana e Raphael Martinho como opções interessantes no banco de reservas, enquanto a defesa está mais forte, com as contratações do lateral Comotto e dos zagueiros Rossi e Rodrígeuz. Faltou apenas um reserva mais confiável para o veteraníssimo Antonioli, de quase 42 anos.

Roma, 7

A gestão de Thomas DiBenedetto não começou da maneira mais alentadora para a Roma e prova disso foi a ação de guerrilha no último dia do mercado, quando a equipe giallorossa fez quatro contratações – Kjaer, Gago, Pjanic e Borini. Das 14 contratações, pelo menos sete chegam para o time titular, o que deve tornar a vida de Luis Enrique (mais) complicada especialmente no início, quando uma nova mentalidade está sendo implantada. E, além disso, encaixar tanta gente nova em um time com senadores como Totti ao mesmo tempo já é, por si só, um trabalho árduo. A defesa não tem funcionado bem. Será que Kjaer, Stekelenburg e Heinze darão jeito no setor?

Inter, 6,5

Preocupada em manter o clube saudável financeiramente, a diretoria preferiu gastar de acordo com as vendas – o saldo negativo foi de apenas 200 mil euros para a Inter. O mercado não foi conduzido tão bem quanto nos últimos anos e a equipe ficou cheia de indefinições até a penúltima semana da janela, quando Eto’o saiu. A insistência em agradar Gasprerini e seu polêmico 3-4-3 com a contratação de Palacio e o travamento das negociações pelo argentino ao longo de dois meses atrapalhou a Beneamata, que olhou pouco para alternativas. Forlán carrega uma trajetória de gols e conquistas, assim como o camaronês, e, ainda que com outras características, é um bom substituto. Caldirola, Castaignos, Álvarez, Poli e Zárate são boas opções para a renovação do elenco, mas não são grandes nomes a nível internacional, o que pode pesar na LC. O bresciano Tassi, de 16 anos, é uma ótima aposta para o futuro.

Genoa, 6,5

Mais uma vez, o Genoa contratou a atacado. A novidade é que, desta vez, o presidente Enrico Preziosi conseguiu que a sociedade obtivesse lucro, mesmo mudando e reforçando bem o time. A começar pelo gol, onde o irregular Eduardo deixa o clube pra que Frey, um dos melhores na posição, assuma sua vaga – e com o excelente Viviano como sombra a partir de janeiro. A defesa também ganhou os reforços do ótimo Bovo e de Granqvist, boa opção para o banco. O meio-campo será o setor mais forte do time, com as chegadas de Seymour, Constant, Birsa e Merkel. O ataque, no entanto, deve penar: o Grifone tentou a contratação de Gilardino até o último momento, mas terá de se contentar com Jorquera, Pratto e Zé Eduardo, sem experiência no campeonato italiano, além de Caracciolo, ex-Brescia, que inicia a temporada como titular.

Chievo, 6,5

Ao longo de três anos, o Chievo foi um time sem segredos. Sem muitas mudanças táticas e de jogadores, o time era um dos que mais facilmente se poderia prever uma escalação na Serie A, sempre com muitos italianos. Desta vez, será diferente: apenas quatro jogadores que foram titulares na última temporada devem manter o posto. Para seus lugares, a diretoria busocou reforços no exterior e trouxe muitas apostas que, se derem certo, devem fazer o Chievo ter um campeonato tranquilo. Destaque para Bradley, Dramé, Cruzado e Vacek, todos com passagens pelas seleções de seus países. Entre os italianos, Paloschi será companheiro do capitão Pellissier e poderá, enfim, deslanchar.

Bologna, 6 O mercado bolonhês começou muito mal, quando o diretor Stefano Pedrelli errou no preenchimento de um formulário e Viviano acabou retornando à Inter. Dali para frente, no entanto, o clube quase sempre acumulou acertos. Primeiro, para superir a saída do goleiro, o clube fechou com o seguro Gillet. No ataque, outra carência foi suprida com a chegada de Acquafresca, que deve fazer companhia a Di Vaio, antes único responsável por marcar gols pelo clube emiliano. Na criação de jogadas, se o bom Ramírez permaneceu, agora ele terá a ajuda de Diamanti e Kone, duas ótimas contratações. Outro destaque foi a contratação do versátil lateral Crespo, destaque do Padova na Serie B. As saídas de Della Rocca e Britos podem pesar – sobretudo a deste último, já que o zagueiro Antonsson, de 30 anos, nunca foi provado numa grande liga.

Parma, 6

Simplicidade foi a palavra da vez no mercado parmiggiano. Quase todas as contratações da equipe foram fechadas ainda em julho, quando o mercado não estava bem aquecido, o que deve favorecer no início do campeonato, sobretudo em termos de entrosamento. Reforços pontuais para a defesa, com as chegadas do lateral esquerdo Rubine do zagueiro Brandão, foram suficientes para fechar a campanha no setor. No 4-4-2 de Colomba, devem ganhar espaço o bom chileno Valdés e Biabiany, que volta ao Tardini desejando reviver os melhores momentos de sua carreira. O ataque pelas pontas, que os dois devem proporcionar, daria mais certo caso o clube tivesse conseguido contratar Amauri, mas Floccari e Pellè, novos contratados tem características semelhantes e pode ser suficiente.

Siena, 5,5 O Siena voltou da segunda divisão e trouxe um time inteiro para buscar a permanência. O setor mais reforçado foi a defesa, que terá o goleiro Brkic, que atua pela seleção sérvia, e o atabalhoado Contini como titulares. Na lateral-direita, a volta de Belmonte é uma boa notícia. O meio-campo deve ser o melhor setor do time. Ao lado do capitão Vergassola, D’Agostino deve ser o destaque, enquanto Mannini dará velocidade pelas pontas no lado direito. No ataque, Calaiò disputa com González e Destro, novos contratados, vaga em um ataque cheio de incógnitas. O primeiro, figurinha carimbada do futebol italiano, nunca teve sucesso na elite, enquanto González estreia na Serie A, após bela passagem pelo Novara, e Destro, que é ótima aposta, era reserva do Genoa na última temporada.

Catania, 5,5

O maior alento do mercado siciliano foi ter mantido Maxi López. Para acompanhá-lo, no ataque, o clube conseguiu trazer Bergessio de volta nos últimos dias da janela, resolvendo um problema que poderia ser sério no setor, já que Suazo está sem ritmo de jogo e Lanzafame tem acumulado decepções. No mesmo setor, o espanhol Keko pode surpreender, ainda que o histórico dos ibéricos na Itália seja negativo. No meio-campo, Almirón chega para ocupar e dar mais força ao setor após a saída de Carboni, enquanto o veterano Legrottaglie não é reforço à altura de Silvestre na zaga.

Fiorentina, 5,5

Dos males, o menor. A Fiorentina poderia ter perdido quase todos os seus principais jogadores na janela, mas conseguiu segurá-los. A forma como eles reagirão pela permanência – Montolivo e Gilardino, por exemplo, pediram para sair – será fundamental para as ambições da equipe. O mercado, que vinha periclitante, depois que saíram Donadel, Santana, Comotto e Mutu, mas Lazzari e Cassani foram duas ótimas aquisições, e até mesmo Kharja e Munari, que fizeram bom campeonato no último ano, podem ser úteis. Para o gol, perder um goleiro como Frey é sempre pesado, mas Boruc ao menos já vinha jogando desde a última temporada, por causa da lesão do francês.

Udinese, 5,5

O maior saldo positivo na Europa é da Udinese. Após vender Sánchez, Inler e Zapata, o clube do Friuli fechou a janela 56 milhões mais rico. O valor ganho pela venda do zagueiro colombiano serviu para financiar todo o mercado, que teve como destaque a contratação de Torje, “o Messi da Romênia”, que será substituto de Sánchez. O brasileiro Danilo substitui Zapata na defesa, enquanto Sissoko (irmão do ex-juventino) e Doubai serão opções para Guidolin na vaga de Inler, que por enquanto é do ganês Badu. Boa notícia é o retorno de Floro Flores, que teve ótimo desempenho quando esteve emprestado ao Genoa e será muito mais útil que Denis e Corradi. Se esse mercado dará resultados positivos, só saberemos daqui a algum tempo, se essas promessas vingarem. Ou não.

Cagliari, 5

Se nos últimos anos a equipe da Sardenha teve muitos italianos no elenco, desta vez os reforços são quase todos estrangeiros. E aí reside um risco em potencial: a falta de experiência no campeonato italiano. O problema é maior no ataque, onde apenas Nenê e Larrivey já atuaram na Serie A. El Kabir e Ibarbo são duas boas apostas, talvez menos arriscadas que a de Thiago Ribeiro, provável titular na equipe. O meio-campo, no entanto, está mais forte ainda. O português Rui Sampaio, destaque do Beira-Mar, será um bom reserva para Conti, enquanto Ekdal chega, a princípio, para ganhar a vaga de Biondini, que o clube até quis negociar, mas não conseguiu.

Lecce, 4,5

Sem dinheiro para investir, já que a família Semeraro está deixando o clube, o Lecce optou por um mercado atípico e contratou a atacado – e por empréstimo. A única certeza é a do goleiro Júlio Sérgio, que substitui muito bem Rosati. Nas outras posições, um mar de incógnitas. Seja na zaga, que corre o risco de ter Carrozzieri e Esposito como titulares, ou em outros setores cheios de jovens que podem sentir a pressão. Não há dúvidas de que Strasser, Giandonato, Pasquato e Muriel são apostas interessantes, mas colocá-los como peças importantes para fazer com que um time de ambiente normalmente turbulento escape do rebaixamento pode queimar etapas no seu desenvolvimento. Para isso, gente experiente, como Olivera, Giacomazzi, Di Michele e Oddo (contratado por empréstimo junto ao Milan ontem) devem assumir a responsabilidade.

Novara, 4,5

Considerando o mercado fechado desde o início de agosto, o Novara não agiu durante o oitavo mês do ano. No geral, o clube do Piemonte se reforçou com refugos de times menores da primeira divisão, como os atacantes Granoche e Morimoto e o zagueiro Dellafiore, todos em busca de colocar a carreira nos trilhos. O meio-campo continua quase inaceitável para o de um time da Serie A e apenas Mazzarani, que fez boa Serie B pelo Modena, foi reforço digno. Candidato a saco de pancadas, a não ser que o trabalho de Attilio Tesser, que deu certo nos últimos dois anos, seja suficiente para fazer um time fraco dar trabalho na primeira divisão.

Palermo, 3

Caos. O presidente Maurizio Zamparini ameaçou, em meados da última temporada, vender todos os grandes jogadores do Palermo e depois deixar o clube, caso a torcida continuasse o contestando. Parece que quer fazer valer a promessa: neste mercado, negociou Pastore, Sirigu, Bovo, Cassano, Nocerino e, de acordo com especulações, já acertou a saída de Balzaretti para o ano que vem. Os reforços, sobretudo aqueles da defesa – Mantovani, Cetto e Silvestre – ainda não estão correspondendo, muito pelo esquema tático do contestado Stefano Pioli, já demitido. Os três supracitados, além de Tzorvas, Pisano, Aguirregaray e Della Rocca até são boas contratações, mas chegam em um momento delicado e podem não render bem. Desde que o romano assumiu a presidência do clube, quase dez anos atrás, o ambiente não ficava tão atribulado. Lutar para não cair deve ser a tônica nesta temporada e as contratações do hondurenho Álvarez e do paraguaio Barreto, ontem, são uma bela amostra disso.

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