Serie A

25ª rodada: O peso do bandeira

O gol que não foi gol: no empate entre Milan e Juventus, gol de Muntari poderia ter mudado a história do jogo, mas Juventus cresceu no segundo tempo e foi buscar empate que pode valer título (Sky Sport)

Em uma das rodadas mais importantes na briga pelo título, nada mudou na parte de cima da tabela: o Milan, com um jogo a mais, continua liderando a Serie A com 51 pontos, um a mais que a Juventus, que conseguiu reagir em um jogo em que a arbitragem apareceu mais do que o devido. Mesmo assim, a impressão é de que a Juve saiu vitoriosa do estádio San Siro, já que depende apenas de si para chegar ao título italiano: se vencer o Bologna, em jogo recuperado a ser disputado no dia 7 de março, reassume a liderança e abre vantagem de dois pontos sobre o Milan – além de levar vantagem no confronto direto, em caso de um eventual empate de pontos com os rossoneri após a última rodada. As equipes estiveram inspiradas neste último fim de semana de fevereiro: todas as partidas tiveram gols e a média foi de três gols por partida, uma das maiores da atual edição da Serie A. Vamos às análises.

Milan 1-1 Juventus

Se a Juventus não perdeu a invecibilidade até agora e passou (quase) ilesa pelo líder Milan, quem poderá parar a Velha Senhora? É a pergunta que muita gente faz na Itália depois que, mesmo jogando mal, a equipe treinada por Antonio Conte conseguiu reagir e empatar com os rossoneri, em uma partida repleta de erros do bandeira Romagnoli – que pode voltar a nunca mais atuar pela Serie A e que acabou prejudicando Paolo Tagliavento, melhor árbitro italiano, injustamente colocado na geladeira por três partidas graças aos erros do colega. O primeiro deles, mais claro, foi o gol não validado para o Milan em cabeçada de Muntari que claramente ultrapassou a linha, como mostra a imagem acima. O lance aconteceu quando o Milan já vencia por 1 a 0, com oitvavo gol de Nocerino na Serie A, oriundo de uma dupla trapalhada de Bonucci. Naquele momento o Milan tinha seu período de auge no jogo: Nocerino, van Bommel e Muntari engoliam o meio-campo da Juve e a equipe visitante sofria muito com as incursões de Robinho, que deixavam Bonucci e Barzagli em dificuldades, sem a cobertura dos laterais, muito soltos em um 3-5-2 mal montado por Conte. Pato, mais uma vez, foi anônimo e acabou substituído por El Shaarawy após o intervalo.

Os erros de Conte não foram apenas defensivos: a escalação de Borriello e Quagliarella juntos no ataque foi inexplicável. Ao menos, o técnico teve a humildade de perceber e corrigir seus erros, quando colocou Pepe no lugar de Estigarribia, passando o time para o 4-3-3, e pouco depois, sacou Borriello (agredido por Mexès, que acabou suspenso por três jogos) e colocou Vucinic. Mas a alteração que deu mesmo resultado, quando a Juve já crescia no jogo e atacava o Milan, foi a entrada de Matri no lugar de Quagliarella. O artilheiro bianconero no campeonato, com 10 gols, teve um gol mal anulado por Romagnoli e depois, levemente impedido – um erro que pode ser descontado -, acabou empatando a partida, faltando menos de 10 minutos para o fim. 

Empate com gosto amargo para o Milan, que poderia ter construído uma vantagem maior ainda no primeiro tempo, quando sobrava, e viu o frescor físico da Juventus – que disputou oito jogos a menos que os rossoneri nesta temporada – sobressair-se nos minutos finais. Se não perde, a Juventus empata bastante: com 11 empates, a Velha Senhora é a equipe que mais tem visto a igualdade na Serie A. E, para ter mais tranquilidade para chegar ao 28º scudetto, talvez precise começar a ganhar mais partidas.

Napoli 1-0 Inter

No duelo entre uma equipe com altos níveis de confiança após uma grande vitória na Liga dos Campeões e outra abatida e em plena crise, deu o lógico: vitória fácil do Napoli, que levou a equipe à quinta posição, com 40 pontos. Na ausência de Hamsík, suspenso, Mazzarri preferiu escalar Dzemaili ao invés de Pandev, dando mais força ao meio-campo. A estratégia deu certo e foi a partir do controle do meio-campo, com grande contribuição do suíço, que dominar uma combalida Inter ficou ainda mais fácil. Dzemaili ainda participou bem de subidas ao ataque, como no lance em que criou a jogada para o gol de Lavezzi, o melhor em campo e grande comandante da fase positiva do Napoli. Do lado interista, Ranieri mostrou-se confuso mais uma vez e sacou Forlán e Sneijder após o intervalo, colocando Pazzini e Córdoba e dando lugar a um estranho 3-5-2 que, claro, não funcionou. Com isso, a Inter chegou à 11ª derrota na Serie A – a sétima em oito jogos, somando todas as competições. A fase é tão negativa que é a primeira vez que a Inter perde cinco partidas seguidas desde que Zanetti chegou ao clube, em 1995 e a primeira vez em 25 anos que a Inter não marca em quatro partidas consecutivas na Serie A. E, caso o time perca para o Catania, igualará sua maior série de derrotas na história. Ranieri estará no banco para tentar evitar mais um revés?

Atalanta 4-1 Roma

A Atalanta não vivia sua melhor fase no campeonato e nunca mais tinha repetido o futebol das primeiras rodadas, quando foi a sensação do torneio. Porém, guardou a sua melhor partida da temporada para este momento. Pior para a Roma, que foi massacrada desde o primeiro minuto e nem com o gol de Borini, ainda no primeiro tempo, conseguiu igualar forças. Stefano Colantuono foi inteligente ao aproveitar a ausência de De Rossi (excluído por ter se atrasado a uma preleção) do time adversário e montou um time agressivo, com um 4-4-2 que atacava a Roma pelas pontas do campo. Foi assim, em dois contra-ataques que utilizaram as costas de Rosi como escape que a Atalanta fez os dois primeiros, com Marilungo e Denis. O jovem Marilungo, em sua melhor partida na Serie A também utilizou as costas de José Ángel, substituto de Rosi, para passar para Denis marcar o terceiro, já após o intervalo. O Tanque ainda anotaria sua tripletta – que lhe levou aos 15 gols no campeonato e lhe garantiu 30 mil euros de bônus, previstos em contrato – graças a um erro bisonho de Cassetti. O defensor ainda seria expulso, como Osvaldo, e a Roma terminaria o jogo com nove em campo e mais dois indisponíveis para a partida – Gago também está suspenso. Pior cenário possível antes do dérbi contra a Lazio.

Bologna 1-3 Udinese

Com Di Natale em campo, é uma outra Udinese: começando bem graças a um gol do capitão, em pênalti polêmico, a equipe do Friuli voltou a vencer na Serie A e manteve a terceira colocação, empatada em pontos com a Lazio, mas com melhor saldo de gols. O Bologna, por sua vez, perdeu invecibilidade de sete jogos. A equipe da casa sofreu com a ausência de Diamanti, suspenso, já que Taider não conseguiu executar a função do fantasista e criou pouco, concentrando-se mais nas brigas do meio-campo, que travaram um pouco o jogo no primeiro tempo. A Udinese destravou a partida graças a um pênalti cavado por Di Natale. Ele sofreu falta aparentemente sobre a linha da grande área – as imagens não deixam claro – e converteu a cobrança. Porém, o melhor em campo foi o lateral direito Basta, que disputou uma partida de grande vigor atlético e ajuda ao ataque, fazendo o time esquecer que Isla está fora do restante da temporada. O sérvio marcou um bonito gol, depois de arrancar em velocidade, driblar Portanova e bater no canto de Gillet, e ainda cruzou para Floro Flores decidir o jogo.

Lazio 1-0 Fiorentina

Um dia após o “fico” de Edy Reja, a Lazio deu um chega pra lá na crise que vinha afetando a equipe há duas semanas. Para isso, teve pela frente um adversário conivente, que não resistiu e viu a derrota chegar quando Hernanes deu passe brilhante para o gol de Klose (13º no campeonato, um terço dos gols feitos pela Lazio), carrasco viola em um tempo mais glorioso, quando a equipe jogava a Liga dos Campeões. A Fiorentina só atacou de fato uma vez, no segundo tempo, quando Marchetti fez grande defesa em cabeçada de Nastasic e Cerci, de volta ao time, fmarcou no rebote, mas teve gol bem anulado por impedimento. Na Fiorentina, além da volta de Cerci, a boa notícia foi também a volta de Vargas, que jogou o segundo tempo. Por outro lado, o ataque sentiu falta de uma referência de área, já que Amauri estava machucado. Jovetic ficou muito isolado no ataque e fez péssima partida. Agora, a equipe está a apenas quatro pontos da zona de rebaixamento e precisará vencer jogo atrasado contra o Parma para respirar melhor.

Catania 3-1 Novara

Na Sicília, o Catania não teve trabalho para passar por um defensivo Novara. Mesmo que a equipe visitante tenha colocado duas bolas na trave, a superioridade rossoazzurra foi enorme durante todo o jogo e a vitória, com gols de Bergessio, Lodi e Marchese, foi tranquila. Não há dúvidas: a sensação do campeonato atende pelo nome de Novara. E o técnico revelação pelo nome de Vincenzo Montella. Sua contratação, no início da temporada, foi vista com desconfiança por causa de sua inexperiência, mas o Aeroplanino tem feito a equipe jogar de forma organizada e convincente. O jogo contra o Novara, obviamente, não é o marco no trabalho do treinador, mas com as derrotas de Palermo, Inter e Roma, pode colocar o Catania em uma antes improvável briga por uma vaga na Liga Europa. A equipe tem um jogo a menos – fora de casa, contra o Cesena – e, se vencer, sobe para 36 pontos, dois a mais que a Inter, próxima adversária na competição. Com a permanência na elite bem encaminhada, Montella agora precisará gerenciar o psicológico dos jogadores, para que não se acomodem e sigam jogando da maneira agressiva que tem trazido resultados.

Siena 4-1 Palermo

A vitória do Siena foi elástica, mas o Palermo tem muito a reclamar da arbitragem de Gabriele Gava na partida. Com 70 segundos de bola rolando, o árbitro expulsou Balzaretti por ter cometido falta sbre Destro em um lance que não constituía situação clara de gol. Depois, quando os rosanero venciam por 1 a 0, com gol de Budan, Gava marcou pênalti inexistente sobre Brienza, que Terzi converteu. Após os dois episódios que condicionaram os primeiros minutos de jogo, o Palermo acabou não suportando a pressão de um Siena sedento para afastar crise que esboçava começar e que, em caso de derrota, poderia terminar a rodada na zona de rebaixamento. Confiante após buscar o empate, o Siena cresceu muito graças a jogadas criadas pelo lado esquerdo do ataque, por onde Destro e Brienza se entendiam muito bem. O jovem atacante passou fácil por Múñoz (substituto de Silvestre, lesionado) e cruzou para Bogdani virar, enquanto no segundo tempo Brienza marcou golaço de falta, pouco depois de ter dado assistência para o terceiro gol, do zagueiro Rossettini. A vitória dá certo fôlego à Robur, que tem apenas dois pontos mais que o Lecce, primeiro time na zona de rebaixamento.

Cagliari 1-2 Lecce

Primeiro time na zona de rebaixamento, mas talvez não por muito tempo. Serse Cosmi soube superar seu péssimo início de trabalho na Puglia e, após a pausa de inverno, deu nova cara ao time. Desde janeiro, o time somou 15 pontos em 27 possíveis e, em fevereiro, levou o time a quatro resultados úteis (duas vitórias e dois empates) em cinco jogos. Boa parte do sucesso tem respaldo em uma boa montagem tática do meio-campo, que tem na volância o capitão Giacomazzi, um valor agregado que combate e sabe sair bem para o jogo. Outros dois pilares, cada vez mais maduros, são Cuadrado e Muriel, dois velozes e habilidosos jovens jogadores. Contra o Cagliari, o primeiro gol foi de Muriel, que recebeu belo lançamento do capitão uruguaio e concluiu para as redes. Nem mesmo quando o Cagliari empatou, em pênalti cobrado por Larrivey, o Lecce havia deixado de dominar o jogo. E acabou chegando à vitória, depois que Bertolacci (que não tem mantido o nível da última temporada), marcou aproveitando uma sobra de bola.

Genoa 2-2 Parma

Faltou pouco para que o Genoa perdesse sua terceira partida consecutiva – a segunda em casa. Em partida morna, os rossoblù contavam com muitos desfalques e ameçaram pouco o gol de Mirante, graças a uma partida muito ruim de Belluschi, escalado como trequartista por Pasquale Marino, e a um ótimo comportamento tático do Parma, que isolaram Palacio e Jankovic. O Parma, por sua vez, abriu o placar graças a um gol fortuito de Gobbi e apostou nos contra-ataques, com a velocidade de Biabiany e Giovinco e as passadas largas de Mariga. Foi assim que marcou o segundo, com Floccari, quando Biabiany roubou bola de Constant, o pior em campo, e armou a jogada do segundo – o 46º sofrido pela defesa genovesa, a pior do campeonato. Só que, buscando segurar o resultado, o Parma recuou demais e permitiu que o Genoa crescesse. E, com Palacio, um dos melhores jogadores do campeonato, não se brinca: mais dois na conta do atacante argentino, convocado mais uma vez por Alejandro Sabella.

Chievo 1-0 Cesena

Com pouco esforço, o Chievo chegou à sua segunda vitória consecutiva na Serie A e garante certa tranquilidade para as próximas rodadas. Com 33 pontos, a equipe assumiu a 10ª colocação na tabela e vai sendo conduzinda a uma permanência tranquila, mas sem qualquer brilhantismo. O percurso clivensi ao longo do campeonato é um retrato do que foi a partida de ontem no Bentegodi, disputada a ritmo lento e decidida apenas no final, com um gol de Moscardelli. Os burros alados tiveram a vida facilitada pela expulsão de Lauro, no início da segunda etapa, que deixou um já desacreditado Cesena ainda mais vulnerável no dia da estreia de Mario Beretta, seu terceiro técnico na temporada. A lanterna continua na mão dos bianconeri que, 10 pontos abaixo do Siena, terão de fazer milagre para não serem rebaixados.

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Seleção da 25ª rodada

Buffon (Juventus); Basta (Udinese), Terzi (Siena), Manfredini (Atalanta), Marchese (Catania); Brienza (Siena), Nocerino (Milan), Dzemaili (Napoli), Lodi (Catania); Denis (Atalanta), Lavezzi (Napoli). Técnico: Stefano Colantuono (Atalanta).

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