Serie A

19ª rodada: O nascimento de uma estrela

O jovem Berardi destruiu o Milan e é mais uma vitória da Juventus, que já o contratou (Sky)

 O futebol italiano sempre foi conhecido por dar poucas chances aos jovens jogadores. O conservadorismo em relação aos futuros craques, porém, tem diminuído sensivelmente, uma vez que o campeonato local está com sérias dificuldades financeiras. Isso tem feito algumas revelações aparecerem mais cedo, e já se transferirem para grandes clubes. É o caso de Domenico Berardi, 19 anos, revelado pelo Cosenza e desde os 16 anos atuando pelo Sassuolo, autor de uma ótima Serie B em 2012-13. O jogador já foi comprado pela Juventus, que o manteve na Emília-Romanha para vê-lo se desenvolver. Em 14 jogos, o atacante já fez 11 gols, e é o terceiro colocado na artilharia do campeonato. Contra o Milan, fez quatro gols e derrubou Massimiliano Allegri. Dentro e fora de campo, a Juventus segue vencendo, e busca se manter no topo por muito tempo.

Na rodada, além da acachapante prestação neroverde, que afundou o Diavolo, e a vitória de força da Juventus, venceram também Roma e Napoli, que começam a ampliar a vantagem para as equipes que estão fora da zona Champions. Inter e Lazio continuam suas fases negativas, e a Fiorentina teve um resultado negativo, que suscita algumas incertezas sobre seu ataque desfalcado. A rodada foi ruim para os brasileiros: três deles foram expulsos (Matuzalém e Allan de maneira boba, e Gabriel Silva, um pouco menos). Ao menos, um canarinho brilhou muito: Éder, responsável inclusive pela expulsão de dois dos citados, é o grande nome de uma Sampdoria que começa uma arrancada interessante no campeonato. Acompanhe o resumo da rodada!

Sassuolo 4-3 Milan

Remontada
histórica para o Sassuolo. Em exibição excepcional de Berardi, a nova
joia italiana, os neroverdi saíram da zona de rebaixamento em grande
estilo e ajudaram a afundar o Milan, que não está mais sob o comando de Allegri. Com o pior início de temporada da era Berlusconi, com cinco
vitórias, sete empates, sete derrotas, 31 gols marcados e 30 sofridos, o
treinador livornês não conseguiu resistir e acabou demitido no dia
seguinte à embaraçosa virada sofrida.

Tudo
começou perfeito para o Milan, com 2 a 0 a seu favor já aos 13 minutos.
Depois de saída errada do jovem Chibsah, De Jong recuperou e deu passe
em profundidade para Robinho bater no canto e abrir o marcador. A
vantagem foi ampliada quando em ótima jogada pela direita, a revelação
Cristante tocou para Balotelli ampliar. Mas bastou pouco mais de um
minuto para a defesa rossonera cometer sua primeira patacoada e Berardi
driblar Abbiati antes de fazer seu primeiro gol. Depois
do início alucinante, o ritmo da partida diminuiu, mas esqueceram de
avisar Berardi, que empatou e virou aos 28 e 41 minutos da primeira
etapa. Logo
após a volta do intervalo, o garoto de passe da Juventus (em copropriedade
com o Sassuolo) aproveitou o segundo passe de Kurtic para anotar seu
primeiro poker na carreira. Sem criatividade, o Milan não teve forças
para reagir e o máximo que conseguiu foi um chute de longe de Montolivo,
no canto de Pegolo. Insuficiente, como vinha sendo. (Arthur Barcelos)

Cagliari 1-4 Juventus
Para um público de menos de 5 mil pessoas – mas entre eles o técnico David Moyes, do Manchester United -, a Juventus fez um dos piores inícios de partida da temporada e chegou a dar esperanças aos rivais de que finalmente tropeçaria na Serie A. A Velha Senhora sofreu um gol do Cagliari ainda aos 21 minutos do primeiro tempo, quando Pinilla aproveitou sobra dentro da área, e mesmo depois de empatar, com Llorente, continuou jogando muito mal. O primeiro tempo terminou com o placar empatado e poucos bons lances para Moyes achar que a viagem valeu a pena.

O treinador inglês foi ao Sant’Elia para observar o zagueiro Astori, do Cagliari, e Marchisio, desejo dos Red Devils para essa janela de inverno. Se o primeiro não foi bem e pode ter perdido a chance de ir para o gigante inglês, Marchisio saiu do banco juventino e deu mostras de que ainda pode ser decisivo. Em baixa na equipe de Turim, após perder a titularidade para Pogba, o meia foi essencial para a virada bianconera no jogo. Ele fez o 2 a 1 com chute forte de fora da área – e ajuda do goleiro Adán – e melhorou o desempenho do meio campo alvinegro. Llorente, muito bem na segunda etapa, fez 3 a 1 e Lichtsteiner, em outra falha de Adán, fechou a goleada da Juve, que agora chega a 11 vitórias seguidas, novo recorde na história do clube. (Rodrigo Antonelli) 

Roma 4-0 Genoa
Na capital, a Roma não teve problemas para superar o Genoa e, ainda no primeiro tempo, já presenteava seu torcedor com um bom 3 a 0. Totti fez bom jogo e continua sendo um dos principais responsáveis pela grande campanha romanista, que nunca antes na história virou um turno do campeonato com aproveitamento tão bom: 77,2%. Se o título continua sendo um sonho distante, por causa do desempenho avassalador da Juve – 91,2% de aproveitamento –, a vaga na Liga dos Campeões parece cada vez mais palpável para a ótima equipe de Rudi Garcia, que ontem mostrou, mais uma vez, ser um bom técnico.

Por conta das ausências de De Rossi, Castán e Ljajic, o treinador optou pelo 4-2-3-1, no lugar do clássico 4-3-3, e viu sua equipe voar em campo. O jovem Florenzi foi quem abriu o placar, após lindo voleio em bola que sobrou dentro da área. Ainda na primeira etapa, Totti e Maicon ampliaram para os donos da casa. Já no segundo tempo, Benatia marcou o quarto e deu números finais ao jogo. Os giallorossi ainda poderiam ter ampliado, mas perderam pelo menos outras duas boas oportunidades. Com a vitória, o time chega a 44 pontos e se mantém dois à frente do Napoli, principal rival na corrida por uma vaga na Liga dos Campeões. O Genoa, por sua vez, fica com 23 e caiu para o décimo lugar. O destaque negativo da partida genoana foi a expulsão de Matuzalém, que ia ser substituído, mas ofendeu o árbitro enquanto deixava o campo. (RA)

Verona 0-3 Napoli
Quase completavam-se exatos 13
anos desde a última visita do Napoli ao Hellas, em Verona (faltavam
apenas dois dias). E o histórico clássico de duas torcidas que se odeiam
(veja um pouco do clima hostil entre as cidades aqui e aqui)
voltou com ambas em ótimas situações, bem diferente do que houve no
último encontro entre os dois times na elite, quando ambas lutavam
contra o rebaixamento. Quem levou a melhor foram os visitantes (o que
não acontecia desde 1992), que com um sonoro 3 a 0 venceram a segunda
seguida e ampliaram a série invicta para seis partidas. A caçada à
vice-líder Roma, dois pontos à frente, prossegue. O Verona perde depois
de quatro jogos, nos quais venceu três, mas não teve grandes prejuízos
graças aos rivais citadinos do Chievo, que arrancaram um empate da Inter
em Milão, deixando os scaligeri com os mesmos 32 pontos dos interistas.

Assim
como em sua partida anterior, contra a Sampdoria, o Napoli mostrou
segurança na busca pelo resultado, mesmo encontrando um Verona bastante
incisivo na primeira metade do primeiro tempo. Mas, assim como contra os
genoveses, era uma questão de tempo para os gols virem. Aos 27, então,
Mertens, dono de uma dopietta contra a Samp, abriu o placar com um belo
chute colocado no canto esquerdo baixo de Rafael, indefensável. No
segundo tempo, ainda com a insistência dos donos da casa nas jogadas
para o isolado Toni, quem marcou novamente foi o Napoli. Insigne veio do
banco aos 22 e, aos 27, recebeu cruzamento rasteiro de Maggio (em
jogada iniciada por Mertens) e fez seu primeiro gol da temporada.
Demorou apenas quatro minutos e o jogo foi definido. Callejón lançou
Insigne na área; o jogador chutou, Rafael defendeu, mas espalmou nos pés de
Dzemaili, que mandou para o gol. (Thiéres Rabelo)


Inter 1-1 Chievo
É custoso acreditar que esta Inter já foi um dos melhores times do campeonato, com o ataque mais positivo da competição. Nas últimas partidas, a equipe de Milão tem tido muitas dificuldades para criar e tem até mesmo chutado pouco a gol – foi assim nas três partidas jogadas em 2014 e também nos dois últimos jogos de 2013, contra Napoli e Milan. Perdida, a equipe treinada por Mazzarri até jogou de forma mais agressiva do que nos jogos citados, mas apenas no primeiro tempo. Na segunda etapa, mesmo com mais de 70% de posse de bola, o time só concluiu duas vezes a gol. Pouquíssimo. Melhor para um Chievo organizado, que até teve chances de vencer a partida em alguns contra-ataques. O ponto fora de casa é valioso para os clivensi. Mesmo com o empate, a Inter (que saiu vaiada de campo) ganhou a 5ª posição do Verona, rival do Chievo, e voltou temporariamente à zona de classificação para a Liga Europa.

Em campo, os gols e os principais lances do jogo aconteceram nos primeiros minutos do jogo. A Inter entrou modificada em relação aos últimos jogos, com Kovacic e Álvarez no suporte a Palacio, em um 3-4-2-1, além de uma postura mais ofensiva. Num contra-ataque aos sete minutos, porém, o Chievo saiu na frente, quando Paloschi aproveitou erro da defesa e de Handanovic. Cinco minutos depois, após jogada de Álvarez, Nagatomo chegou a seu quinto gol no campeonato. Poderia ter chegado a seis, se um erro absurdo da arbitragem não houvesse anulado um gol seu por impedimento – ele estava em posição regular por cerca de dois metros. A Inter ainda reclama, com razão, de pênalti não dado sobre Botta no último minuto. Porém, uma equipe da tradição e do orçamento da Inter tem a obrigação de fazer jogos melhores contra equipes de porte pequeno e médio sem depender de erros ou acertos da arbitragem. (Nelson Oliveira)

Torino 0-0 Fiorentina
Jogo sem gols, mas razoavelmente divertido em Turim. Em uma partida entre dois times que brigam por vagas na Europa e em que Cerci e Borja Valero tiveram boas atuações, não teria sido absurdo que gols tivessem acontecido. O empate não foi desastroso para nenhum dos times, que permaneceram respectivamente na 4ª e na 7ª posições, mas freou boas sequências: o Torino deixou de conquistar os três pontos em casa após três rodadas, e a Fiorentina também não venceu após uma sequência de nove pontos ganhos. Para a equipe florentina, um dado importante, sobretudo pelas críticas à ausência de grandes nomes na defesa: o time não sofre gols há cinco jogos.

A falta de gols faz sentido para um jogo em que as duas equipes estavam sem seus goleadores e sem atacantes de área escalados – o Toro não tinha Immobile, e a Fiorentina precisa se arrumar, já que Gómez e Rossi seguirão afastados por algum tempo. Do lado viola, que testou Ilicic, Joaquín e Cuadrado no comando de ataque, apenas três boas chances, defendidas por Padelli ou que passaram perto. Para os granata, a melhor chance saiu dos pés de Meggiorini, no final da partida, embora Cerci tenha criado muito, sem sucesso. Ao menos a festa nas arquibancadas foi bonita, uma vez que as torcidas das equipes tem uma longa história de amizade. (NO)



Bologna 0-0 Lazio

A Lazio
ainda não conseguiu empolgar com Reja. É cedo para fazer qualquer
análise, mas a vitória no final contra a Inter não credencia muito,
visto que o time teve desempenho ruim em casa. Não diferente do que
aconteceu na Emília-Romanha, com péssima atuação laziale diante de um Bologna valente e agressivo na estreia de Ballardini no comando dos felsinei. O resultado não favorece aos donos da casa, na zona de rebaixamento, mas é um bom começo e esperança de tempos melhores.

Com
a bola rolando no Dall’Ara, só deu Bologna. Ballardini usou um 3-5-1-1,
mas conseguiu se impor com o trio de meias Kone, Christodoulopolos e Diamanti.
Somado o bom desempenho defensivo, participação dos alas e o trabalho de pivô de
Bianchi, o time conseguiu produzir várias chances no decorrer do jogo.
Nada páreo, contudo, para o albanês Berisha, substituindo em grande
estilo Marchetti. Em 90 minutos, a Lazio foi incapaz de acertar um chute
sequer, totalizando apenas duas finalizações, todas para fora, com
destaque para uma chance perdida por Klose, frente ao gol. (AB)

Sampdoria 3-0 Udinese
Naquela que, muito provavelmente,
foi a melhor partida do brasileiro Éder com a camisa da Sampdoria, o
time genovês reencontrou-se com a vitória após a derrota para o Napoli,
com um tranquilo 3 a 0 sobre a Udinese. A vitória no
confronto direto representou a ultrapassagem da Samp à própria Udinese
na tabela, dando aos blucerchiati 21 pontos e a 12ª posição, enquanto os
friulani têm 20 pontos, na 15ª posição. Os zebrette, que sofreram a
quarta derrota dos últimos quatro jogos, se vêem a apenas quatro pontos
do primeiro time dentro da zona de rebaixamento, o Bologna, que empatou
na rodada. Expulso na partida passada, contra o Hellas Verona, o técnico
Francesco Guidolin assistiu a partida das tribunas e viu os brasileiros
Allan e Gabriel Silva serem expulsos.

Talvez também
pela ausência de Guidolin, a Udinese sofreu para se acertar. Éder tomou
proveito disso e infernizou a defesa bianconera. No primeiro tempo, as
jogadas individuais do catarinense foram responsáveis por quatro cartões
amarelos para a Udinese. O primeiro deles no pênalti cometido pelo
goleiro Kelava, que o próprio Éder converteu. O
brasileiro Allan recebeu dois amarelos ainda no primeiro tempo (um deles
por falta em Éder) e foi expulso aos 35. Com menos de dois minutos do
segundo tempo, o atacante brasileiro recebeu em posição duvidosa passe de Palombo e saiu
na cara do goleiro croata, chutando rasteiro e fazendo o segundo, o nono
no campeonato. Com Gabriel Silva também expulso aos 24 (outro que
recebeu cartão por falta em Éder), os visitantes pouco puderam fazer e
sofreram o terceiro aos 42, com Gastaldello desviando de cabeça falta
cobrada por Gabbiadini. (TR)

Livorno 0-3 Parma          
Davide Nicola disse na coletiva de imprensa no dia anterior a
partida que o Parma é um time para ficar entre os oito primeiros, enquanto o
Livorno mostrava que poderia permanecer na Serie A (em referência a boa partida
frente à Fiorentina). Em campo, o Parma realmente apresentou o bom futebol, se
aproximando das competições europeias, mas o Livorno, se quer manter-se na
elite, precisará mostrar tudo o que não fez no confronto. Com apenas um ponto
conquistado e três gols marcados nos últimos sete jogos na Serie A, a equipe
toscana se mostrou inócua e facilmente dominada por um Parma que mesmo sem
Cassano (gripado e que afirmou permanecer na equipe mesmo cobiçado pela Samp),
não teve dificuldades para vencer.
A vitória crociata começou a ser construída logo aos dois
minutos, quando Palladino acertou belo voleio, aproveitando cruzamento de
Biabiany. Sem Schiatarella, um dos pilares da equipe contra a Fiorentina, a equipe
amaranto não conseguiu conter as ofensivas do Parma. O time emiliano, especialmente Lucarelli, segurou bem as investidas do Livorno e definiu o jogo nos minutos finais, com dois gols
de Amauri, que vinha mal, mas foi oportunista em uma oportunidade e converteu um pênalti na outra. Com a vitória, o Parma chega ao oitavo jogo seguido sem derrota e
embalado para enfrentar a Lazio, pela Copp aItalia. Por outro lado, o Livorno
segue na zona de rebaixamento e nesta segunda anunciou a demissão do treinador
Nicola. Attilio Perotti, diretor da área técnica livornense, o substitui. (Caio
Dellagiustina)
Atalanta 2-1 Catania
Em tarde de muita névoa, a Atalanta teve dificuldades, mas
conseguiu bater o Catania, dando um importante passo para a salvezza. Foi a
primeira vitória nerazzurra depois de dois meses e seis jogos sem vitória na
Serie A. Por outro lado, o Catania segue sua sina fora de casa, acumulando a décima derrota e ainda amargando a lanterna. Na primeira etapa, muita disposição e
pouca ofensividade das duas equipes. Na melhor oportunidade, brilhou a estrela
do jovem goleiro Sportiello. O estreante do dia, no lugar de Consigli, gripado,
salvou boa chance de Bergessio e ainda defendeu o rebote, chutado por Castro.

Na segunda etapa, a Atalanta voltou melhor, tanto que abriu
o placar, com Denis, convertendo pênalti, após um mês de jejum. Lodi que marcou
logo em sua volta, dessa vez pouco fez e o Catania quase não assustou – além disso, o jogador levou cartão e não joga na próxima rodada. Já no
final do jogo, Moralez aproveitou contra ataque, fez bela jogada individual e
anotou o segundo gol. Já nos minutos finais, Leto, em impedimento, ainda
descontou para o Catania. (CD)

Relembre a 18ª rodada aqui.
Confira estatísticas, escalações, artilharia, além da classificação do campeonato, aqui

Seleção da rodada
Sportiello (Atalanta); Lichtsteiner (Juventus), Lucarelli (Parma), Benatia (Roma), Armero (Napoli); Florenzi (Roma), Nainggolan (Roma), Kurtic (Sassuolo); Berardi (Sassuolo), Llorente (Juventus), Éder (Sampdoria). Técnico: Rafa Benítez (Napoli).

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