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Francesco Baiano, bicampeão da Serie B, fez sucesso na elite

O que é que o Baiano tem? Além de ter nascido bem longe da Bahia, o atacante Francesco Baiano conseguiu destaque no futebol da Itália por causa de seu estilo insinuante: atuando especialmente pelos flancos, o jogador ambidestro, rápido e habilidoso se consolidou como uma máquina de fazer gols, principalmente com as camisas de Fiorentina e Foggia.

Nascido em Nápoles, Baiano entrou nas categorias de base do Napoli no início dos anos 1980 e em 1984-85 foi agregado ao elenco principal do clube partenopeu. A estreia com a camisa azzurra, porém, só aconteceu na temporada seguinte: aos 17 anos, ele foi colocado em campo pelo técnico Ottavio Bianchi em um jogo da Coppa Italia, contra a Salernitana. Naquela temporada, Baiano fez quatro partidas na Serie A.

Muito jovem, o atacante não teria muito espaço no time, já que Andrea Carnevale, Bruno Giordano e Diego Maradona eram os titulares do ataque napolitano. Dessa forma, Baiano foi emprestado ao Empoli e, com algumas assistências e dois gols marcados em 26 partidas, ajudou os toscanos, estreantes na Serie A, a permanecerem na elite.

Em 1987, o atacante retornou ao Napoli, que foi campeão durante sua passagem pelo Empoli, mas não encontrou espaço novamente: apesar de ter atuado na Copa dos Campeões contra o Real Madrid, Baiano só fez um jogo pela Serie A e outras partidas pela Coppa Italia. Pouco aproveitado, o jogador foi emprestado para equipes da Serie B outras três vezes até o final do seu contrato e vestiu as camisas de Parma, Empoli (pela segunda vez) e Avellino. O grande destaque individual aconteceu com os empoleses, em 1988-89, temporada em que anotou 14 gols, mas não evitou a queda dos azzurri para a Serie C1.

As atuações na segundona não foram suficientes para que o Napoli decidisse apostar no prata da casa como substituto de Carnevale, negociado com a Roma. Enquanto Andrea Silenzi e Giuseppe Incocciati aterrissavam no clube de Fuorigrotta, Baiano foi vendido para o Foggia, também da Serie B. No clube apuliano, que tinha acabado de contratar o técnico Zdenek Zeman, o atacante de 22 anos iniciava o período mais frutífero de sua carreira.

Boas apresentações com a camisa do Foggia levaram o napolitano à seleção italiana (Gerardo Parrella)

Sob as ordens de Zeman, Baiano teve um verdadeiro boom em suas atuações. O técnico checo, conhecido por dar treinamentos estafantes e exigir um futebol extremamente ofensivo, formou um tridente de ataque com o jogador napolitano e outros dois atletas sem grande histórico, ainda entre os 21 e 22 anos. Giuseppe Signori e Roberto Rambaudi, que atuavam na Serie C1, estavam no clube desde 1989 e, com a companhia de Baiano, deslancharam. O Foggia conquistou o título da segunda divisão graças aos 48 gols do trio, um número superior ao de 16 times do torneio – os satanelli, claro, tiveram o melhor ataque da Serie B, com 67 tentos. Baiano balançou as redes 22 vezes e se sagrou artilheiro do torneio.

Com a camisa da equipe rossonera da Apúlia, Baiano começou a consolidar sua forma de atuar. Ambidestro e muito veloz, ele jogava pelo lado direito do campo de ataque e não entrava tanto na área, mas Zeman resolveu aproximá-lo do gol, já que ele era bastante dinâmico, se movimentava bem e era um finalizador excepcional. Essa mudança fez do habilidoso atacante uma das figuras fundamentais do Milagre de Foggia e nas ótimas apresentações da Zemanlândia na Serie A.

Na volta à elite, em 1991, o atacante napolitano foi o grande nome da histórica campanha dos satanelli, que ficaram com a 9ª posição na Serie A e por pouco não se classificaram para a Copa Uefa. Baiano foi o terceiro colocado na artilharia do campeonato, com 16 gols, ficando atrás somente de lendas, como Marco van Basten e Roberto Baggio. No mesmo ano, ele recebeu duas convocações para a seleção italiana e enfrentou Noruega e Chipre, em jogos válidos pelas Eliminatórias para a Euro 1992.

O ótimo desempenho na Apúlia fez com que Baiano recebesse uma proposta da Fiorentina, clube pelo qual mais vezes entraria em campo na carreira – 119 jogos. Na primeira temporada, a dupla de ataque com Gabriel Batistuta até teve bons números: 16 gols para o argentino e 10 para o italiano, que ainda liderou a lista de assistências, com 12 passes para os companheiros balançarem as redes. Os dois ajudaram os gigliati a ficarem algum tempo na vice-liderança da Serie A, mas o time florentino, que vivia fase negativa nos aspectos econômico e técnico, caiu de rendimento e foi rebaixado para a Serie B. Isso fez com que o napolitano perdesse a oportunidade de seguir na seleção italiana.

A Fiorentina voltou à elite imediatamente após a queda, mas, por causa de uma séria lesão, Baiano pouco foi utilizado na campanha. Nos anos posteriores, o técnico Claudio Ranieri fez do napolitano coadjuvante e garçom para Batistuta, o que diminuiu sua média de gols. Ainda assim, o ex-jogador do Foggia continuou como titular e, com 14 gols, foi o vice-artilheiro da equipe em 1995-96 – ano em que a viola foi terceira colocada na Serie A e levou a Coppa Italia. De quebra, ainda ganhou a Supercopa Italiana e ajudou a Fiorentina a chegar às semifinais da Recopa em seu último ano em Florença.

O atacante do Derby County foi um dos muitos italianos a atuarem na Inglaterra na década de 1990 (Premier League)

Depois do sucesso na Bota, Baiano se transferiu para a Inglaterra, aos 29 anos. Naqueles anos, a Premier League recebia muitos jogadores italianos, como Gianluca Vialli e Gianfranco Zola, que foram pioneiros e abriram as portas para o atacante da Fiorentina e tantos outros. Baiano, no entanto, acertou com o pequeno Derby County, juntamente com o compatriota Stefano Eranio, do Milan.

Os Rams tinham retornado à elite na temporada anterior e formaram um time interessante, que conseguiu superar as expectativas e alcançou a 9ª posição no Campeonato Inglês 1997-98 e a 8ª no seguinte. Baiano foi eleito pela torcida o melhor jogador do Derby em sua primeira temporada no clube, superando alguns colegas, como Rory Delap, Paulo Wanchope, Deon Burton e Igor Stimac. Pudera, foram 12 gols marcados no bom ano dos alvinegros – no segundo ano em Pride Park, o camisa 27 anotou outros seis.

Em novembro de 1999, perto de completar 32 anos, Baiano retornou à Itália e fechou com o Ternana, da Serie B. Nunca mais voltaria a atuar em alto nível, nem pelos rossoverdi nem pelo time ao qual se transferiu meses depois – a Pistoiese, que defendeu por dois anos e que caiu para a Serie C1 em 2002. O fim da passagem pelos arancioni não tirou Baiano da Toscana: ele assinou com a pequeníssima Sangiovannese, que atuava na quarta divisão. Durante sua presença de seis temporadas, tanto como jogador quanto como auxiliar técnico, a equipe atuou na terceirona, o máximo que atingiu em quase 90 anos de existência.

Baiano aposentou-se apenas aos 41 anos, depois de uma temporada como jogador e técnico do Sansovino, time semi-amador da Toscana. Nos anos seguintes, o ex-jogador foi auxiliar de Giuseppe Sannino em Varese, Siena, Palermo e Chievo, além de comandante do Scandicci, da Serie D, por um curto período de tempo. Hoje, Baiano vive na Toscana, região que adotou após o sucesso que obteve na Fiorentina.

Francesco Baiano
Nascimento: 24 de fevereiro de 1968, em Nápoles, Itália
Posição: atacante
Clubes: Napoli (1984-86 e 1987), Empoli (1986-87 e 1988-89), Parma (1987-88), Avellino (1989-90), Foggia (1990-92), Fiorentina (1992-97), Derby County (1997-99), Ternana (2000), Pistoiese (2000-02), Sangiovannese (2002-08) e Sansovino (2008-09)
Títulos: Serie B (1991 e 1994), Coppa Italia (1996) e Supercopa Italiana (1996)
Seleção italiana: 2 jogos e nenhum gol

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