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Pierluigi Casiraghi, centroavante típico, ídolo de Lazio e Juve

Atacante de porte robusto, que compensava a falta de técnica com a habilidade no jogo aéreo e na criação de espaços para seus companheiros de equipe: o típico centroavante italiano. Com essas características, Pierluigi Casiraghi teve sucesso na Serie A durante os anos 1990 e chegou a ser vice-campeão mundial pela Itália.

Embora fosse centroavante, Pigi, como era conhecido, não se destacou no futebol por ser um goleador implacável. Casiraghi começou sua carreira em sua cidade natal, com a camisa do modesto Monza, que disputava as divisões inferiores da Itália. Ao longo de quatro temporadas, o atacante ganhou espaço e tornou-se peça fundamental da equipe biancorossa, que subiu da Serie C1 para a Serie B e ainda ganhou uma Coppa Italia da Serie C.

Com disposição impressionante, Pigi era referência no ataque, mas também ajudava seus companheiros na disputa pela bola. Dessa forma, Casiraghi logo ganhou convocações para a seleção sub-21 da Itália e chamou a atenção de grandes clubes, como Milan e Juventus. A Vecchia Signora levou a melhor e contratou o jogador de 20 anos, que chegou credenciado pelos 31 gols em 109 jogos pelo time da Lombardia e pelas comparações a grandes atacantes, como Gigi Riva.

Ainda inexperiente, Casiraghi precisou provar ao técnico Dino Zoff que poderia ter lugar no ataque, que ainda contava com Salvatore Schillaci, Oleksandr Zavarov e Rui Barros. Logo de cara, Pigi conseguiu se tornar uma peças fundamental para as conquistas da Coppa Italia e da Copa Uefa, embora tenha sido mais utilizado na parte final da temporada.

Casiraghi superou concorrentes de peso para obter espaço na Juve (imago)

Os 10 gols marcados nas 42 oportunidades que recebeu lhe deram a vaga de titular na temporada seguinte, ao lado de Roberto Baggio, então recém-chegado à equipe, agora treinada por Luigi Maifredi. A temporada da Juve não foi espetacular, muito por causa da troca de técnico, e o melhor resultado foi a chegada às semifinais da Recopa Uefa, competição em que a Velha Senhora caiu diante do Barcelona. Em 1990-91, Casiraghi acumulou 35 jogos e 14 gols marcados – o seu melhor desempenho com a camisa bianconera –, que lhe renderam a participação no Europeu sub-21, em que a Itália foi terceira colocada, e seu primeiro jogo com a seleção profissional azzurra: estreou em um amistoso, um 0 a 0 contra a Bélgica.

Apesar da boa participação nos jogos da Juventus, o baixo número de bolas nas redes em 1991-92 (somente oito em 41 jogos) não agradou por completo a direção piemontesa, que apostou pesado e trouxe Gianluca Vialli e Fabrizio Ravanelli para reforçar a equipe na temporada seguinte. Com espaço reduzido e sem jogar com frequência ao longo da temporada 1992-93, Pigi trocou a Juve pela Lazio, em busca de minutos em campo.

Muitos apostavam que o atacante lombardo seria o grande nome do futebol italiano, mas ele não correspondia a toda expectativa e, até agora, fora apenas coadjuvante nos títulos da Juve – em 1993, inclusive, levantaria mais uma Copa Uefa. Na capital, Casiraghi tentaria colocar a carreira nos eixos.

A mudança fez bem à Casiraghi. Na Lazio, o centroavante reencontrou Zoff e teve seus melhores momentos da carreira, formando dupla com Giuseppe Signori. Seu desenvolvimento técnico e tático na equipe romana foi fundamental para que Signori anotasse 23 gols na temporada que antecedeu o Mundial; Pigi, atuando mais como garçom, balançou as redes quatro vezes. Ambos foram convocados por Arrigo Sacchi para serem reservas no vice-campeonato da Itália na Copa do Mundo de 1994, devido à sua sintonia. Casiraghi fez três partidas na competição – duas da fase de grupos e a semifinal, contra a Bulgária.

O bom desempenho na Lazio transformou Pigi em um jogador bastante utilizado na seleção (Juha Tamminen)

Após a “promoção” de Zoff a presidente da Lazio, a equipe passou a ter o comando de Zdenek Zeman, na temporada seguinte, a de 1994-95. Sob as ordens do ofensivo treinador checo, o lombardo se aproximou do gol: no 4-3-3 zemaniano, Signori caía por uma ponta e o reforço Alen Boksic caía pela outra. Com a contribuição da dupla, Pigi melhorou seus números (fez 47 jogos e 15 gols) e se tornou ídolo dos torcedores após uma gol espetacular e acrobático diante da Roma. Casiraghi ainda anotou quatro gols em um incrível 8 a 2 contra a Fiorentina. Tentos que ajudaram a Lazio a ser vice-campeã italiana.

Embora tenha ido muito bem em 1994-95, Casiraghi ainda melhorou seu desempenho no ano seguinte, que foi o melhor de sua carreira. Ele marcou 14 gols na Serie A (18 no total), sua melhor marca na sua trajetória como jogador, e ajudou os laziale a alcançar a terceira colocação no campeonato nacional. Após a competição, figurou junto à Nazionale na Eurocopa de 1996, e atuou nas três partidas que a Itália disputou na Inglaterra. Apesar da eliminação na fase de grupos, Pigi marcou dois gols na única vitória azzurra, contra a Rússia.

Ao retornar da Grã-Bretanha, Pigi não manteve a grande sequência: fez uma temporada não mais que regular, com algum brilhareco na Copa Uefa, competição em que uma Lazio irregular chegou até as quartas de final. Aquela seria a última temporada em que Casiraghi seria titular na Cidade Eterna, pois a chegada do técnico Sven-Göran Eriksson e do craque Roberto Mancini, em 1997-98, fez com que o atacante fosse relegado à reserva.

Saindo quase sempre do banco, o lombardo disputou 28 partidas e marcou somente três gols na Serie A, mas um deles foi em uma vitória por 3 a 1 contra a Roma. Casiraghi acabou tendo mais espaço na Coppa Italia, competição da qual a Lazio foi campeã – apesar de ter disputado seis jogos, Pigi passou em branco. Sua última temporada em Roma poderia ter sido coroada com um título importantíssimo, no qual ele tinha colocado sua impressão digital: Casiraghi marcou quatro gols em 10 jogos na Copa Uefa, mas os celestes foram derrotados pela Inter na final.

Casiraghi defendeu a Itália em uma Copa e em uma Euro (Getty)

Em 1998, Pigi deixou a Lazio e voltou para a Inglaterra, onde havia brilhado com a seleção. O atacante acertou com o Chelsea, clube no qual teria a companhia dos conterrâneos Roberto Di Matteo, Gianluca Vialli e Gianfranco Zola. Se todos os seus compatriotas tiveram passagens de sucesso pelos Blues, a aventura de Casiraghi seria totalmente desafortunada, embora tenha iniciado com o título da Supercopa Uefa contra o gigante Real Madrid.

Em novembro de 1998, Pigi era titular da equipe: havia atuado em 11 partidas e, embora tivesse feito somente um gol, continuava sendo escalado. No entanto, um jogo contra o West Ham seria sua despedida do futebol, com apenas 29 anos: Casiraghi sofreu fraturas em diversas partes do joelho esquerdo após uma trombada com o goleiro Shaka Hislop. O atacante foi submetido a mais de 10 cirurgias para tentar restabelecer os ligamentos e ao menos 20 meses de tratamentos e sessões de fisioterapia, até perceber que seria impossível retornar aos gramados. No início de agosto de 2000, quando já tinha 31 anos, anunciou seu desligamento do Chelsea e sua consequente aposentadoria.

No ano seguinte, Casiraghi iniciou sua carreira como treinador, no mesmo clube em que se profissionalizou. Foram duas temporadas nos times de base do Monza até ganhar sua primeira oportunidade numa equipe profissional, o Legnano, em 2003. Pigi ainda treinaria a seleção sub-21 italiana e, após vencer o Torneio de Toulon, comandaria a equipe nas Olimpíadas de 2008, na China.

Casiraghi deixaria os azzurrini em 2010, após quatro anos de trabalho, uma vez que a seleção caiu para a Belarus e não se classificou para o Europeu da categoria. Com isso, Pigi passou um tempo afastado do futebol – até 2014, pouco se ouviu falar dele – e só retornou ao mundo da bola quando se tornou auxiliar de Zola, no Cagliari, e no Al-Arabi, do Catar. Atualmente desempregado, Pigi acompanha a carreira do filho, Andrea, que também é atacante e joga no Pro Patria, na Serie D.

Pierluigi Casiraghi

Nascimento: 4 de março de 1969, em Monza, Itália
Posição: atacante
Clubes como jogador: Monza (1985-89), Juventus (1989-93), Lazio (1993-98) e Chelsea (1998-2000)
Títulos como jogador: Copa Uefa (1990 e 1993), Supercopa Uefa (1998), Coppa Italia (1990 e 1998), Copa da Inglaterra (2000), Coppa Italia da Serie C (1988)
Como treinador: Monza (2001-03), Legnano (2003-04) e Itália Sub-21 (2006-10)
Títulos como treinador: Torneio de Toulon (2008)
Seleção italiana: 44 jogos e 13 gols

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